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MG: no 100º dia de greve, professores decidem manter paralisação

15 set 2011 - 18h16
(atualizado às 19h40)
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Ney Rubens
Direto de Belo Horizonte

Os professores da rede estadual de educação em Minas Gerais decidiram, em assembleia geral da categoria, pela continuidade da greve no Estado. A paralisação atinge cerca de 50% das escolas, segundo o Sindicato Geral dos Professores (Sind-Ute), dado contestado pelo governo estadual, que informou serem apenas 20% das escolas. A greve completou nesta quinta-feira 100 dias.

Professores estaduais de Minas Gerais ocuparam a Praça da Assembleia no 100º dia de greve
Professores estaduais de Minas Gerais ocuparam a Praça da Assembleia no 100º dia de greve
Foto: Ney Rubens / Especial para Terra

Os professores exigem o pagamento do piso salarial nacional de R$ 1.187,70 determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Desacreditada de uma solução a curto prazo, a coordenadora geral do Sind-Ute, Beatriz Cerqueira, disse que se reuniu, em Brasília, com o ministro da Educação Fernando Haddad. Segundo Beatriz, o sindicato conseguiu do ministro a garantia de que ele iria intermediar o processo de negociação em Minas Gerais. "Também descobrimos que o governo jamais foi a Brasília para pedir recursos para pagar o piso salarial como foi divulgado aqui", disse.

O governo de Minas Gerais anunciou a contratação de 12 mil professores substitutos para substituir parte dos grevistas e minimizar o impacto do movimento. As novas vagas começarão a ser abertas na próxima semana e cada superintendência ficará responsável por selecionar os profissionais. Segundo os dados do governo, são 44 escolas completamente paralisadas e mais de 700 parcialmente paradas.

A coordenadora do Sind-Ute contestou a decisão do governo Estadual: "12 mil é um número fictício para dizer para a sociedade que tem pouca gente em greve. Nós sabemos que a adesão é bem superior a isso", afirmou.

Ana Lúcia Moreira, coordenadora da sub-sede do Padre Eustáquio do Sind-Ute, também disse acreditar que os números não refletem a realidade. "Se nós temos 3.960 escolas, será que só 46 escolas mexeriam com o governo?", questionou.

Conceição Lima Lopes, professora na cidade de Pedro Leopoldo, uma das que votaram pela manutenção da paralisação, afirmou que a greve não é uma ação unicamente do sindicato, mas sim de toda uma categoria.

A professora Rosane Alves de Oliveira lamentou a situação dos alunos e disse que esse ano não dá mais para repor as aulas. "A gente tem olhar o seguinte: até para a gente repor, o governador tem que negociar, porque a gente não deve. A gente não recebeu. É um crime contra os educadores e um crime contra os educandos e seus familiares. A dificuldade é para nós e para a sociedade", concluiu.

Os funcionários dos Correios, que estão em greve desde a última quarta-feira, também participaram da manifestação com cartazes e apitos.

Em nota, o governo lamentou a continuidade da paralisação dos professores e afirmou que a decisão demonstra a "intransigência" do movimento, "que fica ainda mais evidente diante das derrotas que o Sind-Ute vem sofrendo no âmbito da Justiça". Segundo o governo, o Tribunal de Justiça do Estado indeferiu, por duas vezes, representações do Sindicato que tentavam impedir a contratação de professores substitutos e a Advocacia Geral da União (AGU) já reconheceu que o salário pago aos professores estaduais atende o que está previsto na lei do piso nacional, confirmando que o modelo de remuneração por subsídio em vigor desde janeiro desse ano é constitucional, ao contrário do que alega o sindicato.

Também informou que a Secretaria de Educação está providenciando a designação de professores para todas as séries dos ensinos médio e fundamental, a exemplo que já ocorreu com nas turmas de 3º ano.

Fonte: Especial para Terra
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