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Mercadante defende tablets no ensino: 'aluno é digital, nós somos analógicos'

Ministro também defendeu que educação deve ser focada em aulas, não em esporte, cultura e lazer. Mercadante mostrou ainda que ensino médio tem o pior resultado em qualidade no Brasil e defendeu um Enem universal

6 ago 2013 - 13h37
(atualizado às 14h00)
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<p>Mercadante defendeu a política de cotas e disse ensino médio é o grande desafio do Ministério da Educação</p>
Mercadante defendeu a política de cotas e disse ensino médio é o grande desafio do Ministério da Educação
Foto: Roger Pereira / Especial para Terra

O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, salientou nesta terça-feira a necessidade de investimento no professor e defendeu a distribuição de tablets aos profissionais da rede pública. “Precisamos dar acesso a tecnologias novas. O aluno já é digital, nós somos analógicos e o Estado brasileiro é cartorial”, brincou. O ministro apresentou o cenário da educação no Brasil na abertura do Encontro Internacional de Educação Salamundo 2013, evento realizado em Curitiba.

“Temos que melhorar os cursos de licenciatura. Por isso, estamos oferecendo 75 mil bolsas de iniciação à docência. Mas temos que construir um programa de cursos com mais vivência em sala de aula”, explicou, detalhando a realidade e as perspectivas do ensino no País.

Mercadante elegeu o ensino médio como o grande desafio do Ministério da Educação (MEC). Analisando os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), Mercadante mostrou que é no ensino médio o pior resultado do Brasil, atingindo apenas a meta do ministério de 3,7 pontos. “Mas parte disso se deve ao grande incremento que tivemos no ensino médio nos últimos 20 anos. Colocamos mais 5 milhões de crianças no ensino médio, o que sobrecarregou as secretarias estaduais de educação, que são responsáveis por 80% dessa demanda.”

Dividindo a palestra entre os cenários e perspectivas no ensino fundamental, médio e superior, o ministro citou as ações da pasta em cada setor. “No fundamental, o 'carro-chefe' é o projeto Mais Educação. Estamos com 49 mil escolas já com jornada de sete horas diárias. Mas, sem diminuir a importância das outras atividades, o foco do Mais Educação tem que ser português, matemática e ciências. Não conseguiremos melhorar o nível de nossos alunos se nas horas a mais de escola oferecermos só esporte, cultura e lazer”, declarou.

Mercadante reafirmou ainda que a educação é a grande responsável pelo salto no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos municípios brasileiros nos últimos 20 anos. “O Brasil saltou de 85% de municípios com IDH muito baixo em 1991 para 74% com o IDH ao menos regular em 2011 e, ao contrário do que muitos dizem - que a educação trava o IDH -, foi a educação que alavancou essa mudança”, disse o ministro.

Ele apresentou dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontando que, enquanto a longevidade teve importância de cerca de 18% para o crescimento do IDH e a renda, 12%, a educação foi responsável por 71% dessa melhora. “Mas isso porque a educação partiu de um patamar muito abaixo dos outros dois quesitos, então ainda estamos longe do ideal”, disse.

"Não há vestibular com a transparência do Enem"

Sobre o ensino superior, o ministro destacou que, de 2000 para 2011, o número de vagas em universidade cresceu 150% e comparou esses dados com a quantidade de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “Temos, hoje, 1,5 milhão de vagas por ano, enquanto temos 7,5 milhões de inscritos no Enem. Então temos 6 milhões de brasileiros sem vagas e eu ainda tenho que convencer grupos conservadores elitistas de que é preciso abrir mais vagas.”

Mercadante ainda falou sobre o Enem e defendeu a política de cotas. “Temos o segundo maior exame do mundo e será ainda mais transparente e rigoroso. Aumentamos os critérios de correção, dobramos o número de corretores (serão 8,4 mil). Devolveremos a prova e a redação para fins pedagógicos. Não há vestibular com a transparência que o Enem tem hoje”, disse o ministro, que defendeu a reforma curricular do ensino médio a partir do Enem. “O Enem universal está chegando”, vislumbrou.

Sobre as cotas, o ministro reforçou o discurso de que “a educação serve para reduzir desigualdades” e salientou que as cotas não diminuíram o nível dos estudantes universitários. “A discrepância de notas não passa de 3% em nenhuma escola”, disse Mercadante.

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Fonte: Especial para Terra
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