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Mais de 700 jovens internados em SP têm aula no hospital

As classes hospitalares permitem que jovens mantenham-se estudando

9 dez 2014 - 09h00
(atualizado às 09h00)
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<p>Em São Paulo, o governo do Estado abriu 63 classes hospitalares, que atendem cerca de 700 crianças e adolescentes</p>
Em São Paulo, o governo do Estado abriu 63 classes hospitalares, que atendem cerca de 700 crianças e adolescentes
Foto: Clarisse Barreto / Divulgação

Fernando está empolgado, vai deixar o hospital. Por quase dois meses, o adolescente ficou internado - agora poderá retornar à rotina normal. Logo ele poderá voltar para a escolinha de futebol, acompanhar os jogos do São Paulo e reencontrar os amigos. Também voltará à escola, mas a readaptação ao estudo será mais fácil. Nos últimos dois meses, Fernando seguiu os estudos do 9° ano em uma classe hospitalar.

As aulas em hospitais já ocorrem em diversos estados pelo país. Em São Paulo, um programa do governo do estado abriu 63 classes hospitalares, que atendem cerca de 700 crianças e adolescentes em idade escolar, como Fernando (nome fictício).

As classes são formadas por meio de parcerias entre um hospital e uma escola próxima. Professores vinculados ao colégio lecionam na instituição de saúde. Fernando teve que tratar uma mielodisplasia, um transtorno na produção das células sanguíneas, e fazer um transplante de medula óssea, no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, interior de São Paulo. Na ala pediátrica do hospital, existe uma sala onde as professoras Ana Cláudia Volpato e Adriana Cristina Inácio Polveri dão aula para as crianças e adolescentes da 1ª série do ensino fundamental ao 3° ano do ensino médio.

Para dar conta de um conteúdo tão vasto, as professoras recorrem ao auxílio dos colegas da Escola Estadual Prof. Dr. Benedicto Montenegro, a qual estão vinculadas. Quando o paciente em idade escolar fica mais de 15 dias internado ele tem direito a receber as aulas. Então, as professoras e a direção da classe hospitalar entram em contato com a escola de origem do aluno para verificar o conteúdo que ele estava estudando e dar sequência ao aprendizado. Quando a internação é muito longa, o estudante é transferido para a escola vinculada ao hospital. 

A carga horária e as atividades são adaptadas às condições de saúde de cada um. Fernando, por exemplo, recebia as aulas de Adriana no quarto, durante a tarde. Quando ele voltar para sua casa, em Santa Bárbara, a professora entrará em contato com a sua escola para preparar a recepção ao adolescente. O retorno passa por diversos fatores, os professores precisam saber o que ele estudou, como foi nas provas. O colégio também prepara os colegas para receberem e festejarem a volta do estudante. Adriana comemora os resultados. “Eles conseguem se readaptar com mais facilidade.”

<p>Quando o paciente em idade escolar fica mais de 15 dias internado, ele tem direito a receber as aulas</p>
Quando o paciente em idade escolar fica mais de 15 dias internado, ele tem direito a receber as aulas
Foto: Clarisse Barreto / Divulgação

Mas as aulas no hospital não têm apenas o objetivo de passar o conteúdo estudado. Também funcionam como um motivador, é o que garante a diretora do Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado da Secretaria de Educação, Luciana da Silva Almeida. “As aulas ajudam a 'esquecer' da rotina no hospital, a passar o tempo mais rápido e a aumentar a motivação para o tratamento.”

A internação muda drasticamente a rotina do paciente: além da doença, a pessoa precisa enfrentar a interrupção de suas atividades e o contato com os amigos também é reduzido. No caso dos mais jovens, o período de aula no hospital é um momento feliz. Adriana comenta que a participação dos estudantes é muito grande. “Eles nos procuram, querem aprender. É muito gratificante.” 

Mas as diferenças da escola regular para o ambiente escolar também impõe dificuldades para o professor. Adriana explica que em alguns casos a aula precisa ser interrompida para que o paciente receba algum atendimento. As dificuldades físicas dos alunos também precisam ser dribladas. Mas, para a professora, o momento mais difícil é quando um aluno morre. Ainda assim, ela acredita acha importante dar lecionar também para aqueles que estão considerados em estágio terminal. “É difícil, mas é bom saber que estivemos ajudando até o último momento, que estávamos ali até a véspera.”

Também existem os momentos de alegria, além dos pacientes que, como Fernando, têm uma boa resposta ao tratamento, Adriana comemora que dois estudantes realizaram o Enem deste ano, mesmo internados.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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