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Língua espanhola perde espaço nas escolas do Rio de Janeiro

20 abr 2013 - 06h04
(atualizado às 06h36)
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O espanhol, com seus múltiplos matizes e sotaques, é ouvido diariamente nas ruas e praias do Rio de Janeiro, cidade turística e lar de milhares de imigrantes ibero-americanos, mas a língua de Cervantes perderá espaço em suas escolas a partir de 2014 por decisão da Prefeitura.

O novo plano educacional do município, que deixou os professores em polvorosa, prevê que o castelhano deixe de fazer parte de forma obrigatória nas escolas primárias e se transforme em uma disciplina opcional, fora do horário normal de aulas.

Esta medida não afetará os colégios particulares nem as escolas de Ensino Médio que, da mesma forma que no resto do Brasil, têm a obrigação de oferecer o espanhol por uma lei de 2005, sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um seu esforço por estreitar laços com os vizinhos latino-americanos.

O retrocesso do espanhol nas escolas primárias cariocas começou há três anos de forma gradual: primeiro foi eliminado da grade curricular do sexto ano, depois do sétimo e este ano deixou de ser oferecido dos alunos do oitavo.

Os estudantes do nono, na faixa de 14 anos, são os únicos que ainda têm aulas de castelhano, mas no ano que vem este cederá lugar para o inglês, e será excluído do horário letivo.

A Associação de Professores de Espanhol do Estado do Rio de Janeiro (APEERJ) se manifestou, ao entender que esta é uma "política linguística equivocada que desvaloriza" o castelhano e "ignora" uma lei municipal de 1999 que obriga a oferecê-lo em todos os anos do Ensino Fundamental.

"Dizem que não há espaço para duas línguas estrangeiras, mas na grade curricular sempre houve duas. Por que privar os alunos do espanhol da noite para o dia, justamente neste momento que o Brasil vive com a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos? É contraditório", disse à Agência Efe o presidente da APEERJ, Renato Pazos Vázquez.

A Secretaria Municipal de Educação (SME) considera que a legislação só impõe que haja uma língua estrangeira obrigatória na grade.

"Optamos pelo inglês por motivos claros", disse à Efe um porta-voz da SME, Daniel Gonçalves, assegurando que a demanda pelo castelhano "não diminuirá" já que, pela primeira vez, as aulas estarão disponíveis para os nove anos do Ensino Fundamental.

Os professores discordam e acham que o interesse pelo espanhol cairá quando os alunos se verem forçados a estudar fora do horário letivo.

"O espanhol será tirado do horário letivo normal, os alunos que queiram estudá-lo serão obrigados a ir à tarde para o colégio e nem todas as escolas vão ter a oferta. O que vai acontecer então? Muitos alunos deixarão de ir", considerou Vázquez.

A APEERJ lamenta que as mudanças tenham sido aplicadas "sem consultar" a comunidade educacional e, além disso, se queixa que as condições de trabalho dos professores deste idioma sejam cada vez mais precárias.

Vázquez explicou que a diminuição de aulas de espanhol levou muitos professores a optar por ensinar outras disciplinas, especialmente, língua portuguesa.

Uma circular enviada pela SME às escolas em fevereiro passado sugere várias alternativas para os professores de espanhol que se considerem como "excedentes", entre elas os laboratórios de informática e aulas de leitura.

Em uma tentativa de impedir as mudanças, a APEERJ redigiu um pedido público em defesa das aulas de espanhol que, em suas primeiras semanas, recolheu pouco mais de 3.400 assinaturas.

EFE   
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