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Isadora Faber vai lançar ONG em junho para ajudar escolas

A menina que ficou conhecida em todo o País com o Diário de Classe quer ajudar a melhorar a estrutura das escolas com o trabalho de uma ONG

27 mai 2013 - 07h23
(atualizado às 10h05)
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Isadora Faber conversou com o Terra antes de participar de debate sobre tecnologia e educação em Porto Alegre
Isadora Faber conversou com o Terra antes de participar de debate sobre tecnologia e educação em Porto Alegre
Foto: Angela Chagas / Terra

Quando chegou à Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre (RS), para participar de um debate sobre educação e tecnologia no último fim de semana, Isadora Faber não escondia o cansaço. Na sexta-feira ela estava em São Paulo, onde palestrou em uma feira internacional sobre educação, e no sábado teve de acordar cedo para embarcar rumo à capital gaúcha. Mas a menina que aos 13 anos se tornou conhecida em todo o País ao criar uma página no Facebook para denunciar os problemas na escola onde estuda, em Florianópolis (SC), está sabendo aproveitar o sucesso que o Diário de Classe lhe rendeu.

Isadora Faber conversou com o Terra em um café da Casa de Cultura na companhia da mãe, Mel, que não desgruda da caçula em todos os eventos que a nova rotina da família demanda. As duas contaram sobre os planos para o futuro - como o livro que Isadora está escrevendo e deve ser lançado até o fim deste ano - e a ideia de transformar o sucesso do Diário de Classe na internet em algo "real", que represente uma mudança na vida de estudantes. "Vamos criar uma ONG, né mãe?", disse a menina. Tímida, ela prefere deixar para Mel a tarefa de explicar os desafios que vêm pela frente.

"Tudo o que a Isadora fez até agora foi de forma virtual. Agora está na hora de ampliar, de dar uma ajuda real a todos os estudantes que enviam mensagens contando os problemas das escolas onde estudam", disse a mãe ao afirmar que a filha recebe milhares de mensagens por mês com denúncias de problemas em instituições de ensino País afora. Ela contou que a ideia é conferir todos os casos, tirar fotos, fazer vídeos e publicar tudo na internet com o objetivo de captar recursos junto a empresas para resolver os problemas.

"Nós queremos deixar o leque bem aberto. Pode ser desde a reforma de um prédio, até a compra de computadores e a capacitação para os professores sobre como usar a tecnologia", afirmou Mel. O plano é que o Diário de Classe seja usado para divulgar esse trabalho. Um site da ONG também deve ser criado.

Isadora com a mãe, Mel Faber
Isadora com a mãe, Mel Faber
Foto: Angela Chagas / Terra

Mel disse que já providenciou toda a documentação para o registro e que a meta é lançar a ONG no próximo mês. Segundo ela, a família recebeu o apoio de diversos especialistas para a criação da instituição. "Vimos que era preciso fazer algo mais. Quando eu e a Isadora estávamos num evento de educação no Nordeste, um palestrante mostrou a foto de um menino que vive numa área alagada de Manaus e disse que o garoto conhecia o Diário de Classe e queria que a Isadora fizesse algo pela escola dele. Vi ali o tamanho que a página da Isadora ganhou e que isso precisava dar um resultado concreto", disse a mãe.

Represálias na escola diminuíram

Após ter sofrido ameaças de alunos da escola municipal onde estuda por manter as publicações no Diário de Classe e de reclamar de represálias dos professores no ano passado, Isadora disse que a situação melhorou este ano, mas que ainda está longe de ser tranquila. "Tem uma tentativa de me censurar, mas bem menos que no ano passado", afirmou a menina. Segundo ela, mesmo participando de diversos eventos fora de Santa Catarina, está sendo "tranquilo" acompanhar os conteúdos da oitava série.

A menina que afirma gostar de todas as matérias, mas ter uma preferência por química, não sabe ainda se vai para uma escola privada ou se continua na rede pública quando terminar o ano. O colégio municipal onde estuda oferece somente o ensino fundamental e é preciso procurar uma nova instituição para o ensino médio. Embora não saiba o seu destino para o ano que vem, ela está certa quanto ao futuro profissional: quer ser jornalista.

Questionada se não teria nenhuma paixão pelo magistério, a garota é enfática: "Não, nunca pensei". Por enquanto, ela já está treinando para a futura profissão nos seminários sobre educação que participa em todo o País. "A mensagem que eu quero deixar é que acreditem nos sonhos. Se acreditar, é possível mudar", disse a menina ao concluir sua participação no Conexões Globais, o debate de que participou em Porto Alegre.

Ela não se intimidou em sentar ao lado do secretário de Educação do Rio Grande do Sul, José Clóvis Azevedo, e de outros especialistas em educação. Respondeu a perguntas sobre a preparação dos professores para lidar com as tecnologias e sobre a importância dos diários de classes criados a partir do seu. A timidez que ela abandona quando está em frente ao computador também parece ficar de lado quando sobe ao palco.

Fonte: Terra
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