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Segunda Guerra Mundial: Alemanha invade a União Soviética

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Voltaire Schilling

Julho de 1941: tanques de guerra alemães passam por aldeia soviética em chamas, incendiada pelo povo antes da evacuação, durante a invasão nazista na Segunda Guerra Mundial
Julho de 1941: tanques de guerra alemães passam por aldeia soviética em chamas, incendiada pelo povo antes da evacuação, durante a invasão nazista na Segunda Guerra Mundial
Foto: Getty Images

Vários fatores contribuíram para que Hitler se decidisse por invadir a União Soviética (URSS). Era-lhe difícil precisar quanto tempo os soviéticos se manteriam fora do conflito, mas ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, eles se envolveriam. Assim, decidiu tomar a iniciativa, atacando antes.

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Mas Hitler subestimou o potencial soviético e, de certa forma, sua opinião sobre a capacidade de resistência do Exército Vermelho era compartilhada pelos observadores ocidentais. Em 1937, Stalin havia expurgado todo alto-comando das Forças Armadas, 65% dos oficiais desapareceram nos campos de concentração ou pelos fuzilamentos.

A fragilidade do potencial soviético foi testada na guerra conta a pequena Finlândia, em que os russos padeceram severas perdas para submeter os finêses. Inegavelmente, o peso maior devia-se ao antagonismo de ambos os sistemas políticos. Hitler, afinal, era o campeão do anticomunismo e esperava apoio mundial para a cruzada contra bolchevismo. O pacto germano-soviético fora apenas um interlúdio tático para consolidar seu domínio no Ocidente e desta forma poder jogar todo o peso do poderio alemão contra URSS.

Stalin recebeu vários avisos da iminente invasão. Tanto o serviço secreto britânico como o departamento de estado norte-americano alertaram-no com suficiente antecipação. Sorge , o espião soviético que atuava na Embaixada Alemã em Tóquio, enviou mensagem indicando a data exata em que os exércitos alemães atacariam. Nada disso convenceu Stalin. Ele acreditava que não passavam de manobras para envolvê-los numa guerra contra a poderosa Alemanha. Ordenou, inclusive, que os exércitos soviéticos se afastassem da fronteira alemã para evitar qualquer tipo de provocação. Assim, não é de espantar que fossem pegos de surpresa quando a invasão se iniciou.

A segunda fase da ofensiva nazi-fascista

Os alemães dividiram suas forças em três grandes grupos de assalto. Os Exércitos do Norte, sob comando do General Von Leeb, possuíam 57 divisões e tinham a missão de ocupar os Estados Bálticos e unir-se a finlandeses em Leningrado. Os Exércitos do Centro, sob comando do General Von Bock, compostos por 45 divisões, tinham como missão dirigirem-se a Moscou. E os Exércitos do Sul, sob chefia de Von Rundstedt, com 38 divisões, deslocar-se-iam para as férteis regiões da Ucrânia e, posteriormente, para o Cáucaso, rico em minérios e petróleo.

Era a mais vasta operação de guerra até então ensejada pelos alemães, implicando numa força de 150 divisões mais tropas auxiliares de outras nacionalidades (romenos, húngaros, espanhóis, italianos, e pequenos grupamentos fascistas), perfazendo 3,2 milhões de soldados - uma força 10 vezes superior a de Napoleão quando este invadiu a Rússia 130 anos antes, e o maior exército invasor de todos os tempos.

Países aliados da Alemanha:
1) Itália
2) Finlândia
3) Hungria
4) Bulgária
5) Romênia

O ímpeto do ataque alemão desbaratou as forças fronteiriças e destruiu quase toda a força aérea soviética, que foi abatida no solo. A penetração alemã teve poucos obstáculos. Suas divisões blindadas avançavam celeremente, envolvendo os exércitos russos em enormes bolsões. Nos primeiros meses do conflito, mais de 650 mil prisioneiros foram feitos. O otimismo e a certeza de uma vitória fácil inundaram o Alto-Comando alemão.

Pelos cálculos alemães, pouco restava do poderio militar soviético, visto que, em apenas cinco meses, amplas regiões da Rússia caíram sob seu controle. Leningrado estava cercada, a estrada para Moscou, desguarnecida, e a Ucrânia, desamparada. Mas, lentamente, a determinação e resistência dos soviéticos se fizeram sentir. Uma guerra ainda mais cruel se perfilava no horizonte.

A locução de Stalin, feita em 4 de julho de 1941, dez dias depois da invasão alemã:
"Camaradas, cidadãos, irmãos e irmãs, combatentes do nosso Exército e da nossa Marinha! É a vos que me dirijo, meus amigos! Grave ameaça paira sobre o nosso país (...). Esta guerra nos foi imposta, achando-se o nosso país empenhado agora numa luta de vida ou morte contra o mais pérfido e maligno dos seus inimigos, o Fascismo Alemão. Nossas tropas se batem heroicamente em situação desvantajosa, contra um adversário fortemente armado de tanques e aviões... O grosso das tropas soviéticas, equipado com milhares de tanques e aviões, somente agora começa a participar dos combates... Unido ao Exército Vermelho, todo o nosso povo se levanta para defender a Pátria. O inimigo é cruel e impiedoso. Quer nossa terra, o nosso trigo e o nosso petróleo. Visa à restauração do Czarismo e à destruição da cultura nacional dos povos da União Soviética... quer nos fazer escravos de príncipes e barões germânicos.

Nas nossas fileiras não haverá lugar para os fracos e os covardes, para os desertores e causadores de pânico. Nosso povo será destemido na luta e combaterá com abnegação na guerra patriótica de libertação contra os escravizadores fascistas.

(...) Sempre que unidades do Exército Vermelho sejam obrigadas a recuar, todo o material rodante ferroviário há de ser também retirado. Ao inimigo não se deixará uma única máquina, um simples tanque, uma libra de pão ou uma latinha de óleo. Os kolkhozniki sairão com todos os seus animais, entregarão ao Estado suas reservas de cereais para o envio a retaguarda... Tudo o que não puder ser carregado será destruído, seja cereal ou ferro, combustível ou metais não ferrosos ou qualquer propriedade de valor.

(...) Camaradas, nossas forças são incomensuravelmente grandes. O inimigo insolente logo o perceberá. Unidos ao Exército Vermelho, milhares de trabalhadores, de kolkhozniki e de intelectuais irão à guerra. Surgirão muitos milhões mais. Os trabalhadores de Moscou e de Leningrado já começam a organizar um opolcheniye (corpo auxiliar de voluntários) de milhares de militantes para auxiliar o Exército Vermelho... O imenso poder popular será empregado para esmagar o inimigo.

Avante! À vitória!"

Fonte: Especial para Terra
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