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Segunda Guerra Mundial: a crise dos sudetos e o acordo de Munique

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Voltaire Schilling

Mussolini (Itália) cumprimenta Edouard Daladier (França) na ocasião da assinatura do Acordo de Munique. Ao fundo, Adolf Hitler (Alemanha) e Neville Chamberlain (Inglaterra)
Mussolini (Itália) cumprimenta Edouard Daladier (França) na ocasião da assinatura do Acordo de Munique. Ao fundo, Adolf Hitler (Alemanha) e Neville Chamberlain (Inglaterra)
Foto: Getty Images

A ascensão de Hitler ao poder e seu nacionalismo exacerbado fizeram com que os alemães que habitavam países vizinhos entrassem em ebulição, desejando integrar-se à Grande Alemanha. Já em março de 1938, Hitler havia anexado a Áustria (Anschluss), tornando-a província do Reich. Com isso, a integridade territorial da Tchecoslováquia ficou ameaçada. A Sudetolândia, região fronteiriça com a Alemanha, possuía uma população de origem germânica que perfazia 65% dos habitantes, apesar de legalmente pertencer à Tchecoslováquia desde 1919.

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Era justamente nesta região que os tchecos tinham seu sistema defensivo, nos moldes franceses. Hitler, então, começa a exercer pressão junto ao governo tcheco para anexar o país. O perigo de guerra torna-se iminente. Neste exato momento, Chamberlain, primeiro-ministro conservador da Inglaterra, e Daladier, presidente da França, propõem encontrar-se com Hitler em Munique. O Acordo de Munique terminou com uma estrondosa vitória dos nazistas, pois receberam o acordum para poder ocupar a Sudetolândia em troca de uma simples promessa de paz - que não seria cumprida.

Esse acontecimento convenceu Hitler ainda mais da debilidade dos aliados ocidentais, estimulando-o a reivindicar a plena integração do "corredor polonês" ao Reich. Em março de 1939, a Tchecoslováquia deixa de ser independente, transformando-se no "Protetorado da Boemia e Morávia".

O pacto Germano-Soviético
Para poder invadir a Polônia, havia a necessidade da neutralização de uma das potências vizinhas da Alemanha. A Inglaterra e a França já haviam cedido a Tchecoslováquia e, provavelmente, iriam à guerra se a Polônia fosse invadida.

Qual a reação da URSS? Hitler, veterano da Primeira Guerra Mundial, sabia que a Alemanha não poderia repeli-la se fosse obrigada a lutar, simultaneamente, no Ocidente e no Oriente. Assim, pensou em fazer um acordo com Stalin que, temeroso que uma invasão (os exércitos russos haviam sido desbaratados pelos alemães entre 1914/1916) pusesse abaixo as conquistas industriais da Rússia Soviética, não hesitou.

A recente demonstração de fraqueza de Inglaterra e França fez com que a União Soviética estendesse sua mão calorosamente ao maior adversário do comunismo. Em agosto de 1939, é assinado o Pacto de não agressão germano-soviético, cujas cláusulas secretas implicam na partilha da Polônia, reconhecendo a hegemonia soviética sobre os Estados Bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia). A estrada da guerra estava aberta.

A primeira fase da ofensiva nazi-fascista
Em setembro de 1939, as tropas alemãs cruzam a fronteira polonesa e marcham em direção a Varsóvia, que será a primeira capital européia a conhecer as agruras do bombardeio aéreo. Apesar dos esforços, os poloneses não têm condições de deter a poderosa máquina militar germânica. Pela primeira vez, é utilizada em larga escala a estratégia da blitzkrieg - a "guerra relâmpago" -, maciças operações com divisões blindadas que atuam como pinças, encurralando o inimigo, isolando-o em bolsões, para posteriormente levá-los ao esmagamento ou à rendição.

Inglaterra e França enviam ultimatos, exigindo a retirada das forças alemãs do território polonês em 24 horas, findo os quais automaticamente se declarariam em guerra com a Alemanha. A 3 de setembro, chegam à chancelaria alemã as declarações de guerra. A Polônia resistiu por pouco mais de um mês, terminando por render-se incondicionalmente.

Qual a razão da Inglaterra e, principalmente, a França não terem aproveitado o momento em que o grosso das forças alemãs atuavam na Polônia para iniciarem uma ofensiva pelas desguardadas fronteiras ocidentais? De certa forma, a Primeira Guerra Mundial condicionou os aliados ocidentais a acreditarem que a Segunda seria semelhante. Isto é, os alemães atacavam, os franceses se defendiam e, finalmente, levariam o inimigo ao esgotamento.

Nem a França nem a Inglaterra estavam preparadas para a nova dinâmica da guerra que, ao contrário da Primeira, se caracterizava pela extraordinária mobilidade, propiciada pelo desenvolvimento dos blindados e da aviação de bombardeio. Durante nove meses as tropas anglo-francesas esperaram o ataque alemão, dando um tempo precioso para que Hitler não só liquidasse com a Polônia como ocupasse mais 500 mil km2 antes de voltar suas forças contra eles.

Em abril de 1940, as divisões alemãs ocupam a Dinamarca (praticamente sem resistência) e a Noruega, onde conseguiram expulsar um corpo expedicionário anglo-francês em Narvik. A ocupação do Frente Norte deveu-se a necessidade de evitar uma ofensiva inglesa pelo Báltico, como também preservar o abastecimento de matérias-primas estratégicas vindas da Suécia. Em maio de 1940, os Países Baixos são atacados. A Holanda é invadida no dia 15 e a Bélgica, treze dias depois.

Fonte: Especial para Terra
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