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Haddad: novo kit anti-homofobia pode tratar sobre outros temas

31 mai 2011 - 14h45
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Luciana Cobucci
Direto de Brasília

O ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que o material anti-homofobia que será distribuído nas escolas públicas - ainda sem data definida - poderá ser ampliado e tratar de outros tipos de preconceito, como o racial e o de gênero. Segundo Haddad, o pedido foi feito por parlamentares da chamada Frente da Família. A produção e distribuição do material foi suspensa na semana passada pela presidente Dilma Rousseff.

Para evitar novas polêmicas, Dilma criou uma comissão dentro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República que vai dar a palavra final sobre assuntos que tratarem de temas "delicados", como é o caso do material para combater a homofobia nas escolas.

"Há um pleito de que esse material contra a homofobia não fique circunscrito a essa forma de discriminação, isso está sendo avaliado, me parece um debate legítimo, e estou em contato direto com a Helena (Chagas, secretária de Comunicação da presidência) para que possamos reelaborar o material seguindo a diretrizes da presidente", disse o ministro.

Haddad participou, nesta terça, de uma audiência pública na Comissão de Educação do Senado, onde respondeu, por cerca de quatro horas, a perguntas dos parlamentares.

Kit anti-homofobia

A produção e distribuição do kit de combate à homofobia nas escolas públicas foram suspensas no dia 25 de maio por determinação da presidente Dilma Rousseff. Ela afirmou que assistiu um dos vídeos veiculados pela mídia e considerou o material "inadequado".

De acordo com o MEC, antes da decisão de suspender o kit, uma comissão da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade trabalhava na análise dos conteúdos, compostos de três vídeos e um guia de orientação a professores.

Ainda segundo o MEC, os vídeos, com duração média de 5 minutos, seriam trabalhados em sala de aula (não seriam entregues aos alunos). Eles tratam dos temas transexualidade, bissexualidade e a relação entre duas meninas lésbicas. O kit foi elaborado pela Global Alliance for LGBT Education (Gale), a ONG Pathfinder do Brasil, a Comunicação em Sexualidade (Ecos); a Soluções Inovadoras em Saúde Sexual e Reprodutiva (Reprolatina) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).

No dia 18 de junho, o ministro da Educação Fernando Haddad realizou uma reunião com as bancadas católica e evangélica e prometeu que elas seriam ouvidas na elaboração do material. Ele negou que alguns conteúdos divulgados na internet constituíssem o kit e afirmou que os três vídeos ainda não eram oficiais, pois precisavam ser aprovados pelo Comitê de Publicação do MEC.

No dia 25 de maio, quando foi anunciada a decisão do governo de suspender o kit, parlamentares da bancada religiosa disseram que Haddad havia descumprido o acordo de ouvir os deputados sobre o material, o que foi negado pelo ministro. Anthony Garotinho (PR-RJ) disse ainda que as bancadas usariam as denúncias contra o ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, como "moeda de troca" caso a presidente não suspendesse o material. Dilma negou que cedeu às pressões e que desistiu do kit porque o governo "não aceita propaganda de opções sexuais".

O ministro da Educação, Fernando Haddad, participou de audiência pública na Comissão de Educação do Senado
O ministro da Educação, Fernando Haddad, participou de audiência pública na Comissão de Educação do Senado
Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil
Fonte: Terra
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