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Guerras: Ocidente versus Oriente

11 jul 2014 - 18h21
(atualizado em 14/7/2014 às 14h38)
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<p>O rapto de Helena (1530 - 39), por Francesco Primaticcio</p>
O rapto de Helena (1530 - 39), por Francesco Primaticcio
Foto: Wikimedia / Reprodução

Os gregos recorriam a uma lenda para explicar as guerras travadas entre eles e os povos orientais. Tudo começara com o Mito do Rapto de Europa, a história do sequestro de uma princesa grega cometido pelos navegadores-comerciantes fenícios , seguido de uma  desforra, o seqüestro de Europa, uma princesa fenícia que estava a banhar-se no litoral da cidade de Tiro, o Líbano de hoje.

Desde então, por 3 mil anos seguidos, Ocidente e Oriente, se bem que com longos intervalos, não pararam de travar guerras entre si. O Oriente deixou de ser uma ameaça por volta do século 17, quando o Império Otomano começou sua lenta decadência, cabendo então ao Ocidente a maioria das ações militares agressivas que o levaram a subjugar e a colonizar o Oriente.

Tempos Mitológicos

A princesa argiva Io, que deu seu nome aos gregos jônicos, fora raptada por mercadores fenícios. Em represália, logo a seguir, é o próprio Zeus na forma de um belo touro branco, quem sequestra a princesa fenícia chamada Europa. Começaram assim os desentendimento entre os dois hemisférios.

Guerra de Troia (século XII a.C.)

O rapto de Helena por Páris, príncipe de Tróia, obriga os guerreiros gregos liderados por Agamenon a ir a guerra para resgatá-la. Durante dez anos os gregos cercam a grande cidade até que a conquistam por meio de um estratagema (o cavalo de madeira engendrado por Ulisses).

Guerras Persas e a campanha de Alexandre (490 - 330 a.C.)

Os reis persas, depois de submeterem a Grécia Jônia, marcham para o continente europeu para dominar as cidades-Estado gregas. Atenas , aliada a Esparta, resiste. Vencem os persas em terra e no mar (Salamina e Platéias). Alexandre, o Grande, lança-se na conquista do Império Acmênida, atingindo até a Índia, helenizando a Ásia Menor e o Egito.

Guerras Púnicas (264 - 46 a.C.)

Confronto titânico entre as duas grandes potências do Mediterrâneo da Antiguidade, Roma e Cartago, uma ex-colônia da Fenícia. A guerra se estendeu por século e meio, da Sicília, Norte da África, até a Ibéria, dominada pelos cartagineses. A vitória de Cipião sobre Aníbal Barca em Zama, faz com que os romanos destruam Cartago e denominem o Mediterrâneo como Mare Nostrum.

Invasão Moura da Ibéria (711 - 1221)

Explorando as divisões do reino Visigodo, instalado na Espanha,   os mouros tomam de assalto as costas da Ibéria,   expandindo-se depois até a França, onde as tropas do emir el-Rahman são derrotadas pelos francos de Carlos Martel em Poitiers, na batalha de Tours ( 732). A ocupação dos mouros da Espanha estende-se por 700 anos,  até a rendição e expulsão deles após a tomada de Granada, em 1492, obtida pelos reis católicos Fernando e Isabel. 

As Cruzadas (1099 - 1291)

Atendendo ao chamado do papa Urbano II, feito em 1095, a favor de uma cruzada contra os infiéis, milhares de cavaleiros europeus e gente do povo marcharam em direção à Terra Santa para recuperá-la das mãos ímpias. Jerusalém, que havia caído no controle dos turcos seljúcidas, convertidos ao islamismo, foi tomada de assalto em 1099. Os cruzados, após fundarem o Reino de Jerusalém, ficam na região por quase dois séculos, até serem expulsos em 1291, quando perdem definitivamente o controle da cidade do Acre.

Invasão Mongol (1239 - 1480)

Vindas das estepes orientais, as hordas mongóis lideradas por Batu Cã, neto de Gengis Cã, tomam Kiev e dirigem-se para a Galícia, a Polônia e a Hungria. Os príncipes russos assumem posição subalterna na Zolotoy Orde, o Canado da Horda de Ouro (subdividido em 1480), situação que se prolonga até 1555, Quando o Canado de Kazan é derrotado pelo czar Ivan IV, o Terrível.

Invasão e Ocupação Turca (1453 - 1913)

Turcos Otomanos conquistam Constantinopla, após terem avançado sobre os reinos balcânicos, subtendo a Albânia, a Bósnia e parte da Sérvia. Alcançam Viena, posta a sitio em 1683, mas são derrotados e refluem para os Balcãs, de onde somente recuam nas vésperas de 1914, quando são expulsos por uma coligação dos reinos balcânicos (Sérvia e Bulgária).

A conquista da Ásia (1498 - 1857)

Desde a viagem de Vasco da Gama a Calicute na Índia (1498), mercadores e navegantes europeus (portugueses, espanhóis, holandeses e ingleses) lançam-se em direção ao Oriente ocupando feitorias na Índia (Calicute e Calcutá), na Indonésia (Java e Timor), China (Hong Kong) e Japão. Em grande parte tal expansão foi uma reação à queda de Constantinopla, ocorrida em 1453, estimulando um novo tipo de cruzada contra o Islã: uma cruzada comercial.

A conquista do Magreb e do Egito (1830 - 1882)

No século 19, as potências colonialistas europeias (franceses, espanhóis, italianos e ingleses), ocupam o Norte da África, desde o Marrocos até o Egito, estendendo-se até o Sudão. Retiram-se somente depois da Segunda Guerra Mundial.

Guerra do Ópio (1839 - 1842)

Guerra movida pelos traficantes de ópio ingleses contra o Império da China, levando-o, graças à superioridade tecnológica, à capitulação. Foi o início de uma série de tratados lesivos que fez da China “a colônia de todas as colônias”, situação da qual ela somente se livrou com a Revolução Maoista de 1949.

Guerra contra os Turcos Otomanos (1914 - 1918)

As potências coloniais europeias, a Grã-Bretanha e a França derrotam a Sublime Porta Otomana em 1918. Em seguida, pelo tratado secreto de Sykes-Picot, de 1916, dividem entre si as antigas províncias árabes do império otomano. Os ingleses ficam com a Mesopotâmia, a Arábia Saudita, o Adem, a Palestina e a Jordânia, enquanto os franceses fazem da Síria e do Líbano um protetorado.

A revolta contra o Ocidente (1945 - 1975)

Rebeliões armadas ou manifestações de massa na maioria das colônias africanas e asiáticas opõem-se ao domínio das potências europeias. Movimentos de Libertação Nacional, alternando luta de guerrilhas com atentados, eclodem por todos os lados obrigando as metrópoles ocidentais a concederem a independência (da Índia, da Birmânia, da Malásia, da Indonésia, da Indochina, da Argélia, da Líbia, do Iraque, da Guiné, da Nigéria, do Congo, de Angola e Moçambique, etc...).

As Guerra de Israel (1948-82)

Fundado em 1948, o Estado de Israel, apoiado pelo Ocidente, particularmente pelos Estados Unidos, travou diversas guerras contra os países vizinhos ( 1948, 1956, 1967, 1973, 1982) e contra os levantes palestinos ( Intifadas). Os Estados Unidos mantém a 7ª frota na região e, circunstancialmente,  desembarcaram tropas no Líbano ( 1982)

A Primeira Guerra do Golfo (1991)

Apoiados no mais amplo consenso internacional, os Estados Unidos, comandando a Operação Tempestade no Deserto, autorizada pela ONU,  além de bombardearem Bagdá, derrotaram as tropas iraquianas que haviam ocupado o Emirado do Kuwait. Desde então, o pais foi obrigado a aceitar as Zonas de Exclusão Aérea, sobre as quais os aviões de Saddam Hussein, ditador do Iraque, estão proibidos de voar.

As torres gêmeas de NY e a invasão do Afeganistão (11/2001)

Dezenove sahids (mártires da causa muçulmana) praticam um surpreendente atentado aéreo destruindo as torres gêmeas (World Trade Center) e atacando o Pentágono (Washington DC). Em represália, os EUA e seus aliados da Otan ocupam o Afeganistão e quase que em seguida atacam o Iraque, depondo seu dirigente Saddam Hussein e o executando na forca.

A grande revolta árabe

Começando na Tunísia, enormes concentrações humanas começaram a depor seus dirigentes autoritários quase que em série (Egito, Líbia, Iêmen e Bahrein). França e Grã-Bretanha atuaram na derrubada do regime de Kadafi. O levante teve seguimento na Síria com milhares de mortos provocados pela guerra civil ainda não concluída.

Fonte: Terra
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