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Grupo lança rede de reforço escolar para classes populares

4 jul 2012 - 10h11
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Foi durante as aulas de idiomas e dos cursos profissionalizantes que os professores do Grupo Prepara, com cerca de mil unidades no País, perceberam a deficiência dos alunos em conteúdos básicos das disciplinas de português e matemática. Focado nas classes C, D e E, o grupo decidiu lançar mais um produto para esse público: aulas de reforço escolar.

Recém-lançada, a rede Ensina Mais já vendeu 44 franquias e pretende abrir outras100 unidades até o final de 2012, distribuídas, principalmente, nas regiões sul e sudeste. Com uma mensalidade de R$ 80 em média (variando de uma região para a outra), os alunos têm acesso a duas horas semanais de complemento escolar, em português ou matemática - em algumas escolas, este é o valor cobrado por hora. As aulas são individualizadas e utilizam métodos de ensino envolvendo tecnologia e games, como uma forma de manter os estudantes interessados. "O jovem de hoje já nasce plugado, se comunicando de forma diferente, estudando de forma diferente", diz o presidente do grupo Rogério Gabriel.

Segundo ele, apenas 30% dos estudantes são oriundos de instituições de ensino particulares, e a maioria dos alunos nunca tinha frequentado aulas de reforço devido ao alto custo. Além disso, de acordo com o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, José Augusto Lourenço, o reforço escolar é prática mais comum em escolas privadas. Na capital paulista, por exemplo, segundo informações da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, a rede estadual não oferece aulas de reforço. Já de acordo com a Secretaria Municipal de Educação, as escolas municipais disponibilizam o serviço.

A rede foi criada com base em pesquisas realizadas pela instituição, buscando saber que valor poderia ser cobrado e quais as melhores regiões para instalar as franquias. Durante a pesquisa, foram entrevistados pais de possíveis alunos, pertencentes à classe C.

Para especialistas, reforço é responsabilidade da escola

Embora especialistas afirmem que o reforço para alunos com dificuldades deveria ser responsabilidade das próprias escolas, a ausência ou as falhas nesse tipo de serviço acabam levando estudantes a procurar ajuda fora delas. José Augusto Lourenço afirma que mesmo alunos de instituições que oferecem reforço procuram auxílio em aulas particulares.

Professora de psicologia da educação da Faculdade de Educação da USP, Silvia Colello ressalta que o processo de aprendizagem é bastante complexo e, independentemente de estarem em uma mesma sala de aula, cada aluno terá a sua maneira e o seu tempo de compreender um determinado conteúdo. Por isso, diz, a escola deve auxiliar aqueles estudantes que encontram mais dificuldades para que possam acompanhar o restante da turma. "Problemas de aprendizagem têm que ser resolvidos na escola", afirma a educadora.

A educadora diz que as instituições de ensino deveriam utilizar as avaliações realizadas durante o ano não só para dar notas aos alunos, mas também para permitir ao professor ajustar o projeto pedagógico, determinar quando o reforço deve ser feito de maneira paralela e quando o conteúdo deve ser revisto em sala de aula. Para ela, a busca por reforço fora da escola pode criar no aluno a falsa ideia de que não é preciso estudar, basta recorrer a aulas particulares para melhorar as notas. "As pessoas se aproveitam desse mau funcionamento, muitas vezes bem intencionadas, mas é pegar carona em algo que não esta funcionando bem", observa.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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