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Greves adiam retorno às aulas nas universidades federais

19 ago 2011 - 18h21
(atualizado às 18h39)
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As greves de técnicos administrativos e de professores das universidades federais brasileiras prejudicam o começo do segundo semestre letivo e já ameaçam o calendário escolar desses estabelecimentos. A paralisação dos servidores, que teve início há 74 dias, contabilizava, até o começo da tarde desta sexta-feira, a adesão de funcionários de 38 das 53 instituições existentes.

Em algumas universidades, a greve é geral. Na Universidade Federal do Paraná (FPR), por exemplo, além da paralisação dos servidores, os professores se decidiram pela greve nesta sexta. O Conselho Universitário da instituição adiou por tempo indeterminado o retorno às aulas, o que deveria ter ocorrido no dia 1º de agosto e já foi remarcado três vezes - a última, para a próxima segunda-feira, dia 22. Os professores pedem um limite máximo de horas-aula, além de melhorias na progressão da carreira da categoria e a restrição da quantidade de alunos por sala de aula. Reivindicam ainda um limite para a abertura de novas vagas para estudantes e a contratação de mais professores.

No Tocantins, os docentes da Universidade Federal (UFT) já estão com as atividades paralisadas desde 27 de junho. Hoje, de acordo com o presidente sindical dos docentes da instituição, Vinícius Pinheiro, a maioria os professores dos sete campi, que estão localizados nas cidades de Araguaína, Porto Nacional, Palmas, Tocantinópolis, Miracema, Gurupi e Arraias, já aderiram ao movimento grevista. Alguns cursos não tiveram as aulas do primeiro semestre concluídas, devendo haver, após a greve, um período de recuperação.

A greve, contudo, perdeu força no Estado. Nesta sexta-feira, 50% dos técnicos administrativos retornaram em função de uma liminar. Estes deverão garantir a pré-matrícula dos calouros que passaram nos processos seletivos do segundo semestre, embora não haja previsão de retorno às aulas. Entre as principais reivindicações dos professores da UFT, estão reestruturação da carreira, recomposição das perdas salariais e melhorias nas condições de trabalho.

Além dessas duas instituições, outras seções sindicais também já votaram pelo início da greve para os próximos dias. Os docentes da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) têm uma nova assembleia na segunda, e devem parar a partir de quarta, 24 de agosto. Já os professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) indicaram o dia 1º de setembro como data para deflagração da greve, e decidiram por paralisar as atividades nos dias 23 e 24 deste mês.

Greve dos servidores técnico-administrativos
Apesar de não terem ligação direta com o trabalho desenvolvido em sala de aula, os servidores são responsáveis por atividades administrativas importantes, como o processamento das matrículas. Por isso, a paralisação afeta diretamente a rotina dos alunos dessas instituições.

Na UFPR, por exemplo, os alunos estão há dois meses sem as refeições do Restaurante Universitário (RU). Os estudantes, que apoiam a mobilização, exigem que a reitoria possibilite a alimentação, uma vez que o contrato assinado pelos bolsistas garante que o benefício deverá ocorrer mesmo sem RU. Durante assembléia na quinta-feira, diversos alunos expuseram essa necessidade, uma vez que, devido à falta de recursos, estão se alimentando, em média, apenas uma vez por dia. Nesta sexta-feira, eles invadiram a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis para reivindicar alimentação.

Na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), alunos acampados no hall da reitoria se reuniram ontem com o reitor Alvaro Prata para discutir a situação. O Diretório Central dos Estudantes esclareceu que não se trata de ocupação, mas vigília, e demonstrou preocupação com as dificuldades enfrentadas pelos alunos com a greve, destacando o fechamento do restaurante e da biblioteca, além do atraso da obra da nova moradia estudantil.

Segundo o DCE, o acampamento será desmontado logo que o reitor responder aos pleitos apresentados. A expectativa, de acordo com Prata, é que a greve se resolva logo. "A possibilidade de uma solução expira no final do mês, quando termina o prazo para o envio de propostas ao Congresso. A universidade não pode entrar em greve. Quem entra em greve são as categorias. Além disso, os professores e estudantes não estão paralisados. É preciso entender que não temos RU e biblioteca por causa da greve", finalizou Prata.

Entre as reivindicações dos servidores está o reajuste do piso salarial em pelo menos três salários mínimos. Segundo o sindicato da categoria, o vencimento desses servidores hoje é R$ 1.034.

Justiça determina expediente mínimo
O ministro Arnaldo Esteves Lima, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou no dia 5 de agosto que sejam mantidos em atividade pelo menos 50% dos servidores técnico-administrativos das universidades federais, sob pena de multa diária de R$ 50 mil contra a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas Brasileiras (Fasubra) e as entidades filiadas que comandam a greve nacional da categoria. A decisão foi dada em liminar na ação de dissídio de greve e atende, parcialmente, ao pedido formulado pelas universidades.

Na ação, as instituições de ensino pleiteavam que a greve fosse declarada ilegal e abusiva e que a multa aplicada fosse de R$ 100 mil para cada entidade sindical.

As universidades que não aderiram

Segundo a Fasubra apenas 5 universidades não aderiram à greve. Contudo, de acordo, com um dos coordenadores do Sindicato do Pessoal Técnico-Administrativo da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), Rudnei Gregue da Silva, a conjuntura está fazendo com que a greve mobilize outras universidades.

"A Federação Nacional indicou que todas universidades aderissem à greve para fortalecer o movimento, aumentar a representatividade do setor, já que não estamos tendo êxito com as negociações", explicou. Rudinei afirmou que em Rio Grande (RS) haverá assembleia na próxima terça-feira para votar o indicativo de greve.

No Mato Grosso do Sul, o coordenador do sindicato Juarez Mendes de Souza diz que os funcionários fazem uma "greve branca", apenas no papel. Juarez explica que apenas poucos funcionários e a presidência do sindicato estão mobilizados com a greve e que a UFMS está funcionando normalmente.

"Na nossa visão, faltou consideração com o governo, que tinha agendado dia 7 de junho uma reunião para negociar nossas reivindicações. Um dia antes, uma universidade entrou em greve e tudo foi cancelado", afirma Juarez.

Os técnicos administrativos da Federal de Sergipe, de Pelotas (RS) e de Alfenas (MG) podem vir a aderir à greve nas próximas assembleias.

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Fonte: Terra
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