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GO: médicos goianos protestam contra “importação” de estrangeiros

3 jul 2013 - 19h33
(atualizado às 20h20)
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Manifestantes mostram cartazes durante protesto em Goiânia
Manifestantes mostram cartazes durante protesto em Goiânia
Foto: Mirelle Irene / Especial para Terra

Médicos e estudantes fizeram hoje uma manifestação pelas ruas de Goiânia, dentro do movimento nacional da categoria, em protesto contra a proposta do Governo Federal de contratar médicos estrangeiros para trabalhar em regiões com falta de profissionais da saúde no Brasil. Cerca de 400 pessoas estiveram na concentração do ato, na porta do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), mas a passeata foi ganhando adesões por onde passava.

Para os manifestantes, o projeto trata-se de “importação” irregular de médicos formados no exterior. Mas, segundo o presidente do Cremego, Salomão Rodrigues Filho, a manifestação também defende melhorias na saúde pública e a criação de uma carreira de Estado. “As medidas do governo são equivocadas, porque a presidente da República tem hoje um diagnóstico errado da situação no Brasil: não faltam médicos no Brasil, eles estão apenas mal distribuídos”, disse, acrescentando que a importação de médicos estrangeiros é uma “agressão à classe médica e à população brasileira”.Rafael Cardoso Martinez, presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Goiás, diz que a manifestação não é um “modismo”, nem protecionista. Segundo ele, o objetivo é proteger a população de um mau atendimento. Ele critica a presidente Dilma Rousseff (PT) por não estabelecer um diálogo com as entidades representativas da classe médica no Brasil e que o momento é de retrocesso. “Ela (Dilma) não consultou nenhuma entidade, mesmo porque o que ela quer, no momento, é ilegal. Hoje para o médico de outro país para trabalhar no Brasil, ele tem que fazer uma prova, um exame de revalidação do seu diploma”, lembra. “Não somos contra nenhum médico estrangeiro, de nenhum país. O que a gente quer é que se respeite esta lei, para proteger a população. Porque, sem esta prova, qual é a qualidade que este médico tem?” Segundo o sindicalista, hoje, o médico concursado que trabalha no serviço público recebe em Goiás, principalmente no interior, salário de R$ 1 mil a R$ 2 mil por 20 horas de trabalho. “A gente acredita que é muito pouco. Porém, o nosso piso nacional é pouco mais do que isso”, lamenta.

Rui Gilberto Ferreira, que preside a Associação Médica de Goiás, diz que o protesto não se trata de proteção de mercado para os profissionais brasileiros. “Não estamos preocupados com  reserva de mercado. O quer a gente quer é o bom atendimento da população. Os médicos estrangeiros, ou brasileiros que se formam no exterior, que queiram trabalhar no Brasil – e que se submeterem à qualificação oficial do governo  - são bem vindos”, garante. 

Mas a preocupação em relação ao mercado preocupa, sim, a maioria os estudantes de medicina que acompanharam o protesto e que estão prestes a começar a carreira. Daniela de Godóí, 33 anos, que está no sexto ano do curso da UFG, é uma destas pessoas. “Nós estamos procurando as nossas oportunidades de trabalho. É um curso difícil, que requer muito sacrifício. Acho um desaforo mesmo”, disse. Alexandre Magno Reis, 23 anos, estudante do último  ano do curso da UFG, também está preocupado. “A carga de um estudante aqui no Brasil é pesada. Nosso curso é de quase 10 mil horas, com dedicação total, integral”, pontua. 

Médicos fazem paralisação
Todos os Estados têm manifestações de médicos marcadas para esta quarta-feira. As entidades deixaram claro que os atendimentos de urgência e emergência funcionarão normalmente. Para os médicos, o País tem número suficiente de profissionais para suprir a demanda, e se houvesse uma estruturação das unidades de saúde e a criação de uma carreira, os vazios assistenciais seriam preenchidos.

Médicos e estudantes protestam na avenida Paulista, em São Paulo, contra a proposta do governo de trazer profissionais da saúde do exterior Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Médicos e estudantes protestam na avenida Paulista, em São Paulo, contra a proposta do governo de trazer profissionais da saúde do exterior
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

O Ministério da Saúde anunciou, no dia 25 de junho, que criará 35 mil vagas para médicos no Sistema Único de Saúde (SUS) até 2015. De acordo com a pasta, serão contratados profissionais que se formaram no exterior para ocupar os postos que não forem preenchidos por médicos com diplomas brasileiros.

O plano do governo é criar programas de autorização especial para que os profissionais que se formaram fora do País só possam atuar na atenção básica, nos municípios do interior e nas periferias das grandes cidades. Caso sejam aprovados no Revalida, esses médicos terão liberdade de trabalhar em qualquer lugar do País.

Fonte: Especial para Terra
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