Gibiteca de Campo Grande inspira mundo melhor com leitura
Não seria exagero dizer que a Gibiteca Mais Cultura, ponto de cultura em Mato Grosso do Sul, nasceu de uma paixão. Ronilço Guerreiro, psicólogo e fundador da Gibiteca, sempre foi apaixonado por quadrinhos e fez da Gibiteca a sua grande missão: “Eu lia 30 gibis por semana, desde criança. Por meio dos quadrinhos, ganhei autoestima, comecei a sonhar mais e, hoje, devo minha vida a eles. Aprendi a me relacionar melhor”.
Em 1995, inspirado pela 1ª Gibiteca do Brasil, criada em Curitiba, Guerreiro enviou 180 correspondências para várias embaixadas situadas no Brasil, pedindo ajuda para criar a sua. Somente dez responderam: “Oito me parabenizaram e duas ajudaram com os móveis e equipamentos: as embaixadas da França e da Austrália. Comecei a Gibiteca com 150 gibis”. Hoje são 25.000 exemplares no acervo, todos doados por leitores, e armazenados em uma casa pintada em azul, vermelho e amarelo (para lembrar o personagem Chico Bento, da Turma da Mônica, de Maurício de Souza).
“O espaço é pequeno, mas é como coração de mãe: sempre cabe mais um. A Gibiteca é simplesmente um lugar para se conhecer e virar fã”, garante Guerreiro. Por dia, 70 jovens e adultos frequentam o projeto. Semanalmente, são realizadas Cirandas de Leituras e Oficinas de Redação.
Há, ainda, 15 computadores conectados à internet em uma sala de inclusão digital. As crianças podem participar de oficinas literárias. “Através da cultura, nós mudamos o mundo. E o desejo de participar de uma sociedade melhor é um ato de carinho”, diz o fundador da Gibiteca Mais Cultura, que não possui funcionários, apenas Guerreiro e outra voluntária, mas tem o apoio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Ministério da Cultura e Prefeitura de Campo Grande.
“Acho fantástica a ideia da Gibiteca e incrível o que o Guerreiro faz. Na minha vila, por exemplo, não há nenhuma opção de lazer. Na Gibiteca, a criança pode evoluir cultural e socialmente e não há custo nenhum. Eu já li mais de 100 livros e até hoje assino revistas em quadrinhos”, diz Elyas Oliveira, técnico em eletrônica, 27 anos, frequentador.
Ainda neste ano, Guerreiro pretende realizar na Gibiteca oficinas de desenho, poesia, histórias em quadrinho e trazer contadores de histórias. “Nós queremos fazer mini bibliotecas nos terminais de ônibus, que estão sendo reformados e, em breve, andar de bicicleta pelos bairros com a chamada Gibicicleta, incentivando a leitura.”