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Folhear livros pode ser sinal de que a criança está apta para ser alfabetizada

No método do Kumon, as crianças, com orientação do professor, aprendem a ler sozinhas, refazendo os exercícios até acertá-los cem por cento

17 set 2013 - 07h13
(atualizado às 08h59)
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<p>Matriculado no Kumon, curso extra frequentado por adultos e crianças a partir de três anos, Caio, hoje com seis, faz aulas de matemática e português por uma hora</p>
Matriculado no Kumon, curso extra frequentado por adultos e crianças a partir de três anos, Caio, hoje com seis, faz aulas de matemática e português por uma hora
Foto: Arquivo pessoal

Aos quatro anos e meio, Caio Salgado começou a descobrir o mundo de um jeito diferente: aprendendo a ler. O que tradicionalmente as crianças aprendem na primeira série do ensino fundamental, Caio conheceu ainda na primeira infância. Ele faz parte de um grupo de crianças que, estimuladas pelas escolas e pelos pais, começam a ler e a escrever antes mesmo da maioria aprender a amarrar os tênis. Para o neuropediatra Abram Topczewski, do Hospital Albert Einstein, quem dá o sinal de que está na hora de aprender a ler e a escrever são os próprios pequenos. "Não é difícil perceber se está na hora de estimular uma criança a ler. Ela começa a folhear livros e jornais, perguntar sobre as letras, demonstrar vontade própria". É a partir daí, independentemente da idade, é que pais e professores devem incentivar a alfabetização. 

Matriculado no Kumon, um tipo de curso extra frequentado por adultos e crianças a partir de três anos, Caio, hoje com seis, faz aulas de matemática e português por uma hora, as terças e quintas-feiras. Impressionados com o desempenho de um aluno adulto que conheceram e sentindo que o aprendizado do filho estava estagnado na escola, os pais o inscreveram no curso. Caio está na primeira série e já sabe ler bem, enquanto a maioria dos colegas ainda não tem essa habilidade. Apesar da família prezar pelo hábito da leitura, o pai, Angelo Antunes Salgado, atribui ao Kumon o aprendizado antecipado.

No método do Kumon, as crianças, com orientação do professor, aprendem a ler sozinhas, refazendo os exercícios até acertá-los cem por cento. A alfabetização é o primeiro módulo do ensino de português. O material didático é autoinstrutivo, e a evolução no aprendizado acontece conforme o desempenho e o ritmo individual do aluno. "Acreditamos que as crianças só precisam de estímulo e não temos por que limitar seu aprendizado. A decisão sobre o momento certo para a criança ser alfabetizada vem dos pais que a matriculam no curso", explica a educadora Mariana Chaves, chefe do setor de desenvolvimento de materiais didáticos de português do Kumon.

De acordo com o Ministério da Educação, crianças devem ser alfabetizadas até, no máximo, 8 anos, ao final da segunda série do Ensino Fundamental. No entanto, tradicionalmente pedagogos recomendam que crianças saibam ler e escrever plenamente entre seis e sete anos, até o final da primeira série.

Curiosidade

No Colégio Franciscano Pio XII, o processo de alfabetização acontece da maneira tradicional: inicia ainda durante a educação infantil, mas com o objetivo de que os pequenos estejam alfabetizados aos seis anos, até o final da primeira série. Mesmo assim, a aluna Beatriz Caroli, no infantil II, é a única da turma que já sabe ler. A mãe, Juliana Caroli, conta que, mesmo antes de conhecer o significado das letras, o interesse da pequena pela escrita já era grande. "Ela vivia perguntando como escrevia o nome, o meu, o do pai, os nomes das princesas. Hoje ela ajuda quem não sabe ler e até lê histórias para os colegas", conta.

O educador João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beta (IAB), explica que a alfabetização é um processo complexo, durante o qual a criança aprende a ordem alfabética, a reprodução do nome das letras, a caligrafia, o significado das palavras e, por último, a ler e a escrever. A preparação para entender o código alfabético pode iniciar durante a educação infantil, mas exige da criança técnica e concentração. "Não é recomendado que as crianças sejam alfabetizadas de maneira formal antes dos seis anos, pois nem todas estão preparadas para um aprendizado sistemático", afirma o educador.

Maturidade cerebral

O neuropediatra Abram Topczewski, explica que, em geral, crianças atingem maturidade cerebral para a alfabetização aos seis anos, o que não quer dizer que algumas não possam ser alfabetizadas mais cedo. O educador Oliveira concorda: "Se o professor for bom e se a criança estiver aprendendo a ler no momento certo, não sofrerá pressão alguma. Aprender a contar histórias é uma alegria, um prazer".

Estimulado pelos pais, Caio Salgado alfabetizou-se mais cedo
Estimulado pelos pais, Caio Salgado alfabetizou-se mais cedo
Foto: Arquivo pessoal

Tentar bloquear o aprendizado por causa da pouca idade, assim como forçar uma alfabetização precoce, pode prejudicar o desenvolvimento da criança na escola e até mesmo fazer com que ela perca o gosto pela leitura no futuro. Para o neuropediatra, a principal cobrança para que os pequenos sejam alfabetizados mais cedo vem dos pais, que muitas vezes comparam o desenvolvimento de seu filho com o de outras crianças e motivam escolas a iniciar o processo ainda durante a educação infantil.

No Colégio ICJ, em Belo Horizonte, o processo de alfabetização inicia no infantil I, por volta dos quatro anos, e grande parte das crianças já chega na primeira série alfabetizada. A supervisora do primeiro nível do ensino fundamental, Lúcia Gomes de Paula, explica que a antecipação do aprendizado das letras acontece por uma demanda dos próprios pequenos. "Hoje, com tantas propagandas, revistas, outdoors, a interação com o mundo já é a própria escola. O desejo em aprender a ler vem das crianças", diz a pedagoga. Apesar da escola estimular desde cedo a alfabetização, Lúcia ressalta que nenhuma criança é obrigada a ler aos quatro ou cinco anos, e que o processo de evolução depende da maturidade de cada aluno.

Na escola mineira, Bernardo Figueiroa Shiericato da Silva, matriculado no infantil II, já conhecia as letras desde os quatro anos. Aos cinco, aprendeu a ler com perfeição. O irmão, Henrique, quatro anos, segue os passos do mano guru. "Parece que os meninos hoje já nascem com um chip, eles respiram letras 24 horas por dia. Mas a influência do colégio também é muito grande. Naturalmente, a escola estimula essa alfabetização antecipada", conta o pai, Alysson Henrique Shiericato da Silva. Toda semana, Bernardo e Henrique trazem livros da biblioteca da escola para casa. O trio organizou um hábito próprio de leitura: o mais velho lê para si e depois conta a história para o pai e o irmão, e o menor ouve o livro lido pelo pai. Assim, o caçula vai tomando gosto pela leitura mesmo antes de saber ler.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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