Federais cobram R$ 1,4 bilhão a mais para assistência estudantil
De acordo com a Andifes, o aumento das matrículas na rede federal não acompanhou o investimento na permanência desses alunos
Um estudo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) aponta que as universidades federais precisam de um investimento extra de R$ 1,4 bilhão anuais para garantir a assistência a estudantil a alunos de baixa renda. O levantamento levou em conta o número de matrículas e o perfil dos alunos da rede. Hoje, apenas 24% dos estudantes em situação de vulnerabilidade social – com renda de até um salário mínimo e meio – são atendidos pela assistência estudantil.
"Precisamos garantir que os alunos de baixa renda que finalmente estão conseguindo acessar a universidade possam permanecer lá. É preocupante para nós, e para o governo também, quando se abre vagas, cria-se estrutura, mas não consegue manter o aluno na universidade", disse nesta sexta-feira o pró-reitor de assistência estudantil da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), Ronaldo Barros. Segundo ele, a Andifes já está negociando com o Ministério da Educação (MEC) a criação de um novo plano de assistência estudantil.
Para o orçamento deste ano, estão previstos R$ 604 milhões para a assistência estundatil, o que inclui moradia, alimentação (restaurantes universitários), transporte, auxílio pedagógico e cultural. Ronaldo Barros, que coordena o Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis, diz que em 10 anos houve aumento de mais de 100% nos investimentos para assistência estudantil. O problema, segundo ele, é que o recurso disponível é insuficiente quando levado em conta o aumento do número de matrículas de estudantes em situação de vulnerabilidade.
O governo criou várias políticas de inclusão dessas pessoas no ensino superior, com a interiorização das universidades e também por meio das políticas afirmativas. Para garantir a permanência desse novo perfil de universitário precisamos de mais verba", afirma. Segundo a pesquisa da Andifes, hoje 44% dos estudantes universitários têm renda de até um salário mínimo e meio.
Bolsas para cotistas
O governo federal anunciou, no final do ano passado, a liberação de bolsas de R$ 400 para alunos que ingressaram nas universidades federais por meio do sistema de cotas e que tenham renda per capita de 1,5 salário. No entanto, a iniciativa vai atender apenas os estudantes de cursos integrais, com carga horária diária superior a cinco horas.
Segundo a Andifes, a proposta não atende a maior parte dos estudantes em situação de vulnerabilidade. "Os alunos de baixa renda, em sua maioria, estudam nos cursos noturno e de licenciatura, que não são integrais", afirma Ronaldo Barros. Por isso, a entidade defende a ampliação das bolsas para todos os alunos com renda inferior a 1,5 salários.
Negociações nesse sentido já estão encaminhadas junto ao governo federal.