PUBLICIDADE

Estudo: quanto melhor a média da turma, maior a desigualdade dos alunos

12 nov 2013 - 16h22
(atualizado às 16h31)
Compartilhar
Exibir comentários

Uma pesquisa realizada pela Fundação Victor Civita (FVC) , sob coordenação do professor Romualdo Portela de Oliveira da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP) e, em parceria com a Fundação Itaú Social e o Itaú BBA, mostrou que as escolas da periferia apresentaram resultados mais homogêneos, apesar de baixos, enquanto as das regiões centrais melhores notas, porém com maior desigualdade no perfil dos alunos. O estudo analisou as notas de Matemática da Prova Brasil de 2009 de escolas públicas e aplicou um questionário em 252 escolas, sendo 108 do município de SP, 53 do Rio de Janeiro e 91 de outros municípios.

“Sempre haverá estudantes que se distanciarão da média para mais ou menos, mas o problema é que essas diferenças se mostram mais evidentes nas escolas brasileiras e, pior, se devem predominantemente ainda a questões históricas como gênero, raça e nível socioeconômico”, afirma Angela Dannemann, diretora-executiva da Fundação Victor Civita (FVC). “Isso fica claro ao confrontarmos os desempenhos de alunos das áreas mais e menos privilegiadas, onde, quanto melhor a média da turma, maior é a desigualdade dos estudantes.”

Segundo o estudo, isso acontece porque longe do centro se atende a um público de perfil semelhante, enquanto nas unidades das áreas mais privilegiadas há uma maior mistura do status social. Intitulada "Análise das Desigualdades Intraescolares no Brasil”, a pesquisa teve como objetivo identificar os fatores responsáveis pelas diferenças nos resultados dos desempenhos dos alunos de instituições de ensino públicas, a fim de apontar caminhos para que o país alcance um sistema educacional mais equitativo.

De acordo com as estatísticas, no Brasil, estudantes brancos do sexo feminino e de família com mais renda e anos de estudo têm melhor aproveitamento do que negros do sexo masculino e filhos de pessoas com menor poder aquisitivo e menor escolaridade. Para começar a entender estas desigualdades,  é preciso lembrar que crianças e jovens de nível socioeconômico baixo já apresentam mais dificuldade de acesso à educação. Além disso, quando a matrícula é garantida, o aproveitamento do ensino ainda é influenciado por fatores externos, como viver em ambiente de alta vulnerabilidade, ter pouco contato com a cultura escrita e manifestações artísticas, entre outros.

A pesquisa também mostrou que a proporção dos alunos que atingem ou superam os níveis adequados de aprendizado é maior nas instituições em que: as condições de ensino (acesso a materiais, infraestrutura) são boas; as famílias se envolvem na rotina escolar; os alunos têm bom relacionamento entre si e com os professores e nas quais há critérios para alocar professores nas turmas com mais dificuldades, configurando mais um reforço para evidências levantadas em pesquisas anteriores.

Porém, de acordo com a avaliação da FVC, para alcançar uma educação equitativa com maior nível de aprendizagem, ainda é preciso um esforço das Secretarias de Educação, além do engajamento de diretores e coordenadores pedagógicos. Pensando nisso, a Fundação, em conjunto com especialistas, sugere ações que podem melhorar a qualidade e reduzir as desigualdades de desempenho dos alunos dentro das escolas:

  •  
Fonte: Terra
Compartilhar
Publicidade
Publicidade