Especialistas: professores não sabem lidar com sexualidade
Apesar de avanços sensíveis na formação dos profissionais de educação, os professores, em geral, não estão preparados para orientar os alunos quanto à sexualidade e, principalmente, à diversidade de gênero. Isso é consequência de uma defasagem entre a capacitação dos professores e a realidade vivida por crianças e adolescentes em sala de aula.
A avaliação foi feita por especialistas na manhã desta sexta-feira, em Brasília, durante a mesa Educação Integração em Sexualidade dos Jovens, da Oficina de Trabalho Compromissos do Governo Brasileiro com a Plataforma da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento: Rumos para Cairo + 20, promovida pela Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM), da Presidência da República.
Para a pesquisadora do Centro Latino Americano de Sexualidade e DireitosHumanos (Clam), vinculado à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Cristiane Cabral, é necessária uma mudança na perspectiva do tratamento dado em sala de aula, de temas como aborto, planejamento reprodutivo e contracepção. "Estereótipos de gênero, classe, étnico-racial e diversidade sexual existentes na sociedade brasileira ainda são pouco questionados", acredita.
Essa mudança, segundo defendeu a coordenadora-geral de Direitos Humanos, da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), do Ministério da Educação, Rosiléa Roldi Wille, depende fundamentalmente da abordagem utilizada em sala de aula.
Segundo ela, é urgente a reformulação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento desse tipo de trabalho. Isso será possível, acredita a coordenadora, com a colaboração dos professores, na condição de agentes em contato direto com crianças e adolescentes, e a partir do aperfeiçoamento dos profissionais de educação "já na formação superior".
O evento se encerra nesta tarde, com a conclusão dos seminários e os encaminhamentos de análises das políticas adotadas pelo governo para o cumprimento das metas estabelecidas pela chamada Plataforma do Cairo, documento que estabelece objetivos a serem cumpridos pelos países até 2014, visando a promover a equidade de gênero. Também devem ser apresentadas sugestões e conclusões para o aprimoramento das ações executadas pela SPM e outros ministérios.