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Escolas usam o audiovisual para trabalhar direitos humanos

Os filmes produzidos poderão ser vistos na 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul que rodará as capitais do país em novembro

16 jun 2014 - 17h06
(atualizado às 17h08)
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Tripé e câmera posicionados. Quem opera os equipamentos são alunos do ensino fundamental. A atividade já faz parte da rotina dos alunos do sétimo ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Luiz Mallet, localizada em Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, que têm o desafio de usar o audiovisual para tratar questões relacionadas aos direitos humanos. Segundo a professora de português, Ana Paula Mesck, é importante dispor de outras ferramentas para abordar um tema delicado como esse e afirma que as atividades já apresentaram bons resultados. “Percebi mudanças positivas no comportamento das crianças, nós tivemos caso de bullying na turma e o problema foi resolvido com diálogo entre os alunos.”

O trabalho realizado pelos estudantes gaúchos é comum a mais de 200 escolas públicas que fazem parte do projeto Inventar com a Diferença, iniciativa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF). O órgão queria um projeto que relacionasse a sétima arte e os direitos humanos para que os estudantes pudessem se aproximar do outro e seus problemas, por isso, procurou a mais antiga escola de cinema do País para colocar o plano em prática. “A produção desses vídeos funciona como uma medicina social. Por exemplo, eles abordam a questão da homofobia e depois refletem e discutem sobre isso”, diz Isaac Pipano, um dos idealizadores do projeto.

Antes de dar início ao fazer cinematográfico, os professores participam de uma oficina, na qual se inteiram mais sobre o universo audiovisual e direitos humanos. Pipano lembra algumas surpresas ao longo da atividade. “Tivemos casos de educadores que nunca tinham ido ao cinema e isso é interessante, porque faz com que eles lidem com o desconhecido, que saiam da zona de conforto. Além disso, deixa o processo mais democrático, menos vertical. Professores e alunos constroem o saber coletivamente”, afirma. Experimentação e observação são estimuladas a todo tempo, no primeiro exercício proposto, o Minuto Lumière, a câmera é colocada em uma rua ou em algum lugar dentro da própria escola para que os estudantes possam enxergar com outros olhos o espaço ocupado por eles.

Segundo a coordenadora da Mostra Cinema de Direitos Humanos no Hemisfério Sul, Patrícia Barcelos, atividades como essa e as outras propostas aproximam as crianças do território ao qual elas pertencem. “Eles filmam, assistem e percebem o espaço ocupado sob outra perspectiva e podem ver e pensar, por meio da câmera, o bairro e a cidade. Podem enxergar situações que ferem direitos e o que está errado naquele lugar. É importante também que esses dispositivos sirvam para que eles reflitam sobre a própria atitude, porque há muito preconceito dentro da escola.”

Os estudantes da EMEF Luiz Mallet estão produzindo também um filme-carta - última atividade do ciclo que se encerra em agosto - que será endereçado a uma escola de outro Estado. Assim, eles mostrarão o sotaque e costumes do município onde vivem e, por outro lado, poderão acessar outras realidades pelo olhar do habitante local.

“Alunos de um colégio da região Sudeste decidiram enviar um filme-carta para uma instituição de Manaus. Primeiramente, eles supuseram ideias sobre o local, quando procuraram ver imagens, perceberam que não se tratava de um colégio dentro de uma comunidade indígena, mas de uma escola como a deles. Ou seja, esse exercício ajuda a desmistificar, a quebrar estereótipos”, diz Barcelos. A SDH/PR, que disponibiliza os equipamentos necessários à produção dos curtas, deseja que o projeto faça parte do plano de ensino das escolas. “A intenção é que os professores que fizeram a capacitação ajam como multiplicadores do conhecimento adquirido para dar continuidade à ação”, afirma Barcelos.

Os vídeos produzidos pelos estudantes podem ser acessados neste link

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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