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Pronta para o Enem, Coimbra diz que brasileiros surpreendem

Uma das mais antigas universidades do mundo, a instituição portuguesa começa a aceitar o Enem para ingresso em seus cursos

20 mai 2014 - 16h27
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No ano passado, a universidade foi incluída na lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Segundo site da instituição de ensino, a universidade foi fundada, "com certeza", entre 1288 e 1290
No ano passado, a universidade foi incluída na lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Segundo site da instituição de ensino, a universidade foi fundada, "com certeza", entre 1288 e 1290
Foto: Delfim Ferreira/Universidade de Coimbra / Divulgação

A tradicional Universidade de Coimbra, fundada no ano de 1290 e a mais antiga de Portugal, aceita até o dia 13 de junho inscrições de estudantes brasileiros com base nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para se inscrever em um dos 36 cursos oferecidos para o próximo ano letivo, que começa em setembro de 2014, é necessário ter o certificado de conclusão do ensino médio e apresentar as notas do Enem dos anos de 2011, 2012 ou 2013.

Com relação às diferenças culturais, o vice-reitor para a área de relações internacionais da Universidade de Coimbra, Joaquim Ramos de Carvalho, diz que o comportamento menos formal dos estudantes brasileiros em ambiente acadêmico “por vezes surpreende professores e colegas portugueses”. Mas as diferenças têm servido para que portugueses e brasileiros se adaptem mutuamente de forma benéfica para ambos.

A Universidade de Coimbra é uma das mais antigas do mundo, onde já estudaram personalidades como Eça de Queirós e Gonçalves Dias. De acordo com Carvalho, a universidade está entre as 200 melhores do mundo e possui cursos que dispõem da mobilidade Erasmus, que permite que o aluno estude em instituições de toda a Europa por períodos de um mês ou de um ano. É uma das cinco universidades do mundo reconhecidas pela Unesco como patrimônio da humanidade e concentra estudantes de 90 países diferentes.

 Vista aérea de um dos pólos da Universidade de Coimbra. É a primeira vez que uma instituição estrangeira utiliza o Enem como critério de seleção
Vista aérea de um dos pólos da Universidade de Coimbra. É a primeira vez que uma instituição estrangeira utiliza o Enem como critério de seleção
Foto: Delfim Ferreira/Universidade de Coimbra / Divulgação

De acordo com Carvalho, os brasileiros que já estudaram em Coimbra procuraram mais as áreas das ciências da saúde, engenharias e direito, ciências sociais e humanas, letras e ciências da educação. Cada curso tem um número máximo de vagas definido para estudantes de fora da União Europeia, como o caso dos brasileiros. A lista com a quantidade de vagas por curso pode ser consultada em http://www.uc.pt/brasil/graduacao/enem/curso.

Os brasileiros estão preparados para o ensino oferecido em Coimbra, segundo o vice-reitor, já que alguns deles receberam prêmios de excelência acadêmica que são oferecidos a 3% dos alunos da universidade com o melhor desempenho na graduação. De acordo com Carvalho, o ensino europeu é semelhante ao da América Latina, pois têm uma raiz comum, e programas como o Ciência sem Fronteiras ajudaram a universidade a ter uma compreensão mais clara das diferenças que existem. 

Em Portugal não há tradição de vestibular: os alunos vão para o ensino superior de acordo com as suas notas em provas aplicadas em nível nacional. Por sua semelhança com esse sistema, as notas do Enem serão aceitas em Coimbra. É um sistema de seleção nacional, que abrange todas as áreas do conhecimento e tem resultados amplamente divulgados, discutidos e aceitos pelas grandes universidades brasileiras, o que torna desnecessário submeter os estudantes brasileiros a provas específicas adicionais, segundo Carvalho. 

O aluno que faz o Enem e se candidata a vagas em instituições brasileiras pode concorrer a bolsas de estudo integrais ou parciais para universidades particulares ou em universidades federais, onde o ensino é gratuito. Em Portugal, os alunos que se candidatarem para a Universidade de Coimbra terão que pagar pelo curso, e não terão acesso aos programas de bolsas oferecidos para os estudantes portugueses. De acordo com Carvalho, os cursos são pagos em 10 mensalidades de 700 euros (cerca de R$ 2.125,00 de acordo com a cotação de 19 de maio de 2014) a cada ano letivo e, se somados ao custo de vida na cidade de Coimbra, que de acordo com o vice-reitor fica em torno de 600 euros (em torno de R$ 1.820,00) mensais, o estudante vai gastar em média 1,2 mil euros por mês (cerca de R$ 3.650,00) para fazer a graduação. Os estudantes estrangeiros só poderão ter direito a apoio social indireto, que é o uso das cantinas e residências universitárias que têm preços subsidiados pelo estado. Segundo Carvalho, essas regras estão na nova lei portuguesa, de março de 2014, para estudantes que não são originários da União Europeia. 

Universidade de Covilhã, no interior de Portugal, também aceita o Enem

A Universidade da Beira Interior (UBI), da cidade de Covilhã, também divulgou que o processo de ingresso de estudantes brasileiros será através da nota do Enem dos anos de 2012 e 2013. As inscrições podem ser feitas pela internet até o dia 1° de julho de 2014, para ingresso em setembro desse ano.  A Universidade adotou o Enem porque, assim como os exames portugueses, ele coloca todos os candidatos em igualdade de circunstâncias, além de compreender as áreas de conhecimento necessárias para avaliação de ingresso nas universidades de Portugal, segundo o vice-reitor para o ensino, internacionalização e saídas profissionais da UBI, João Canavilhas. 

Os estudantes estrangeiros que se candidatarem a uma vaga na Universidade de Beira Interior terão que pagar pelo curso o valor de 5 mil euros por ano (cerca de R$ 15.160,00). “A formação dos estudantes brasileiros é sólida e equivalente à dos portugueses” diz Canavilhas. Os brasileiros vão encontrar cursos de duração mais curta em Portugal, mas que exigem mais trabalho do aluno nos três anos de graduação, segundo o vice-reitor da UBI. Quanto à cultura, ele destaca que a língua é uma dificuldade inicial principalmente pela oralidade, porque os brasileiros não estão habituados à sonoridade do português de Portugal. Mas a “adaptação é rápida e os alunos se integram na comunidade e aproveitam também para viajar dentro do país e pela Europa e África”, diz. 

Na Universidade da Beira Interior, o maior número de candidatos até o momento é para o curso de Comunicação Política e Relações Internacionais, segundo Canavilhas. A proposta é que a universidade ofereça 300 vagas para estudantes internacionais de todos os países, mas esse número ainda aguarda aprovação da direção geral do ensino superior.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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