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Com 5 nos piores do Enem, MA teve 5 secretários no atual governo

23 nov 2012 - 17h34
(atualizado às 18h38)
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Aline Louise
Daniel Favero

Com cinco escolas na lista das 10 piores colocadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano, o Estado do Maranhão já teve cinco secretários diferentes de Educação, desde o início da gestão de Roseana Sarney (PMDB), que chegou ao governo em abril de 2009. Segundo professores e parlamentares, o Estado é um dos únicos do País que não possuem plano de educação, além das greves anuais - a última durou 78 dias - por mudanças no estatuto dos educadores.

O Colégio Militar de Porto Alegre alcançou o primeiro lugar no Enem 2011 entre as escolas do RS
O Colégio Militar de Porto Alegre alcançou o primeiro lugar no Enem 2011 entre as escolas do RS
Foto: Divulgação

"O Maranhão é um dos poucos Estados que não tem plano estadual de educação. É um Estado que faz educação, organiza um sistema, mas sem ter plano estadual, não tem metas nem diretrizes, então você imagina como é", diz o secretario de políticas educacionais do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Maranhão, Adair José Neves. "Sem plano de educação e com a mudança periódica de secretários, dá para ter uma ideia de como é essa rede, é um sistema sem plano", completa.

Já o deputado estadual comunista Rubens Pereira Júnior direciona para o governo as críticas, após os resultados apontados pelo Enem. "A responsabilidade é exclusivamente do poder Executivo, no Maranhão é a marca da atual gestão (...) o governo no ano passado fechou inúmeras escolas, justificando que várias estavam ociosas e há um rodízio de secretários. O atual é o quinto desde que Roseana assumiu em 2009".

Neves diz que além de tudo, o estatuto do educador está defasado, o que cria diversos problemas para remuneração dos professores, que possuem salário base de pouco mais de R$ 700, mas que com gratificações, que podem chegar a 130%, recebem salário próximo do piso nacional. Outro problema são os professores contratados, que recebem apenas o salário base. "Como um professor coma mesma formação do concursado consegue trabalhar pela metade do salário?", pergunta.

Além dos professores selecionados sem concurso, o deputado diz que outro problema são educadores formados em um disciplina, mas que dão aula de outra. "O Maranhão tem um enorme contingente de professores contratados sem concurso. Além disso tem muito professor que é formado em português, mas dá aula de química. Esse resultado do Enem mede diretamente o resultado da educação publica estadual", finaliza Pereira.

Piores do Enem

Das 10 escolas com piores índices no Enem, cinco são instituições públicas do Maranhão. Em último lugar de todo o Brasil, aparece o Centro de Ensino Aquiles Lisboa, no município de São Domingos do Azeitão, que fica na região sul do Maranhão. A escola com pior desempenho do obteve 383,71 pontos no exame.

Na lista das piores também aparece o colégio José Maria de Araújo, do município de Olinda Nova do Maranhão, que obteve 393,52 pontos; o colégio Maria do Socorro Almeida Ribeiro Anexo III-Limão, de Centro Novo do Maranhão, com 394,55 pontos; a escola Professora Leda Tajra - Anexo Juçara, localizada em Buriti Bravo, com 396,54 pontos; e Lucas Coelho, da cidade de Benedito Leite, que chegou a 397,20 pontos.

Mais de 250 pontos separam o melhor desempenho do Maranhão, que ficou com o Centro Educacional Montessoriano Reino Infantil, escola particular de São Luís, do pior desempenho obtido no Estado. A escola com melhor colocação no Maranhão obteve nota 643,62. O segundo lugar ficou com a Escola Crescimento (619,80 pontos). Em seguida ficaram o Colégio Educator (616,16), o Centro de Ensino Upaon-Açu (596,64), o Colégio Dom Bosco (596,01) e o Ifma (587,26), todos em São Luís.

Enem 2011

O desempenho das escolas na edição de 2011 do Enem foi divulgado na quinta-feira e pode ser consultado no site do MEC. Segundo o levantamento, das pouco mais de 10 mil escolas analisadas, 47,62% eram privadas. A maior dos estudantes que prestaram o exame (83,86%) tem renda familiar per capita entre um e cinco salários mínimos (de R$ 622,00 a R$ 3,1 mil).

De acordo com o MEC, a média das escolas privadas ficou em 596,2 pontos. Já as escolas da rede pública alcançaram 474,2 pontos. Entre as 100 primeiras colocadas no levantamento, apenas dez são públicas.

Ranking:
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Fonte: Terra
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