Com estrutura de universidade, colégio do PR lidera no Enem
Com estrutura de universidade, colégio do PR lidera no Enem
12 set2011 - 14h00
(atualizado às 20h33)
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Roger Pereira
Direto do Paraná
Ensino médio com cara de universidade, utilizando a mesma estrutura (salas de aula e laboratórios) e o mesmo corpo docente (na maioria mestres ou doutores) dos cursos de graduação e pós-graduação. Esse é o "segredo" da unidade de Curitiba da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) para ter a melhor nota de 2010 no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) entre as escolas que tiveram de 25% e 50% de participação na prova. A instituição é a única pública que liderou um dos quatro grupos divididos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) no ranking deste ano. Para conhecer a classificação por escola no Enem 2010 acesse a página do Inep (www.inep.gov.br).
Notabilizado por décadas de destaque nos cursos técnicos, o antigo Cefet dedica, hoje, menos de 20% de sua estrutura ao ensino médio. São 1,5 mil alunos nos cinco cursos técnicos oferecidos, em um universo de quase 10 mil alunos no campus Curitiba. Mas, propiciando essa convivência entre universitários e estudantes de ensino médio e ao manter os mesmos docentes da graduação, a instituição consegue se manter entre os ensinos médios com melhor avaliação no País.
"Melhoramos o que já estava bom. Em 2009, erámos a 23ª escola do Brasil, entre 27 mil. Agora, somos a 18ª. Entre as públicas, subimos de terceiro para segundo lugar", comemorou o diretor-geral da UTFPR em Curitiba, Marcos Schiefler Filho.
Aliado ao "ensino puxado" e à formação técnica, outro fator para o bom resultado da UTFPR é o nível dos alunos antes mesmo de ingressar na instituição. Sendo reconhecida como a melhor escola de ensino médio pública da cidade, a UTFPR tem um concorrido processo de seleção com média de 20 candidatos por vaga. "Claro que isso seleciona. Os alunos que ingressam aqui já tem um nível muito bom. Já mostraram ser melhores que vários outros concorrentes", reconheceu o diretor, que contou que o curso técnico de Gestão de Pequenas e Médias Empresas, lançado no ano passado, teve uma concorrência de 45 candidatos por vaga.
A seleção rigorosa também foi a explicação encontrada pelo professor Schiefler para o fato de apenas as escolas federais terem boas notas entre as instituições públicas. "Mas o sistema federal tem tradição de boa educação, de disciplina. As diretrizes nacionais para a educação são rigorosas e o corpo docente é mais qualificado", avaliou. Schiefler lembrou ainda que as instituições públicas federais fazem boa educação a um baixo custo. "Enquanto as escolas particulares cobram mensalidades de mais de R$ 2 mil, esse (R$ 2 mil) é o custo por ano de um aluno nosso", destacou.
Enem por escola
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divulgou nesta segunda as médias das escolas no Enem 2010, de acordo com o número de participantes. No grupo 1, ficaram as escolas (17,8% do total) que tiveram taxa de presença a partir de 75% dos alunos. No 2, aquelas (20,9%) que tiveram média de alunos participantes entre 50% e 74%. No grupo 3, entraram as instituições (33% das escolas) que tiveram participação de 25% a 49% dos estudantes. E no grupo 4, foram listados os colégios (27,4%) com participação de 2% a 24% dos inscritos.
Nesse novo quadro, o colégio privado São Bento, do Rio de Janeiro, foi o que obteve a melhor média entre as escolas do grupo 1. Entre as instituições públicas, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa, o Coluni, foi o único a aparecer entre as 10 primeiras. No grupo 2, o colégio Santo Inácio, privado e também do Rio de Janeiro, ficou com a melhor colocação. As escolas particulares, aliás, ocupam todas as primeiras 15 posições. Nesse grupo, o pior desempenho ficou com o Centro de Ensino Ardalião Américo Pires, do povoado de Três Lagoas do Manduca, zona rural do Maranhão.
O grupo 3 foi o único em que a primeira colocação foi ocupada por uma escola pública. A melhor colocação, neste caso, foi da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Já o último lugar, da escola indígena Dom Pedro I, do Amazonas. Entre as escolas com menos de 25% de participação, a líder vem do Estado de São Paulo. O COC, unidade Álvares Cabral, obteve a melhor colocação. Em último lugar ficou o Colégio Estadual Agrovila 08, da Bahia. Novamente, as escolas particulares foram a maioria entre as primeiras colocadas. No top 10, somente uma escola é pública: o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Goiás - campus Goiânia.
Kathleen Rosa chorou quando soube que não poderia mais entrar para fazer a prova do Enem, na PUC-BH, durante a primeira aplicação do Enem, nos dias 6 e 7 de novembro
Foto: Alisson Gontijo / Futura Press
No dia 15 de dezembro, também houve choro. Devido a erros de impressão na prova amarela, candidatos do Enem prejudicados refizeram o Enem em dezembro
Foto: Joyce Carvalho / Especial para Terra
Vendedores se acumulam próximo a local de prova, em novembro
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Após o medo de que novos erros acontecessem, a coordenação do exame no Piauí decidiu isolar um andar inteiro do prédio na Faculdade Piauiense, único local de aplicação das provas em Teresina. Segundo os organizadores, o objetivo era evitar fraudes
Foto: Yala Sena / Especial para Terra
Vendedores oferecem produtos para candidatos no dia 7 de novembro
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Muitos estudantes ficaram de fora da prova por se atrasarem, tanto nas primeiras provas (foto) como na reaplicação aos prejudicados
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Candidatos chegam ao segundo dia de prova em escola de Brasília
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Candidata corre para não perder o Enem, durante a primeira aplicação da prova
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Os erros de impressão não foram os únicos relatados. Vazamento da redação e até propaganda de cursinho por parte dos organizadores - como na imagem, em Pedreira (AP) - estão entre as denúncias
Foto: Julio Americo Selingardi / vc repórter
A sujeira também foi um problema na capital federal nas provas de novembro
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Candidatos recebem propagandas durante a primeira aplicação do Enem
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Em Brasília, muitos estudantes correram para chegar a tempo
Foto: José Cruz / Agência Brasil
Movimentação dos candidatos na PUC Coração Eucarístico em Belo Horizonte, Minas Gerais, durante a primeira aplicação do Enem, em novembro
Foto: Alisson Gontijo / Futura Press
Movimentação dos candidatos do Enem na PUC Coração Eucarístico em Belo Horizonte, Minas Gerais
Foto: Alisson Gontijo / Futura Press
Movimentação dos estudantes no campus da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em novembro
Foto: Guto Maia / Futura Press
Menina faz prova do Enem no Colégio Uldorico Tavares, em Salvador, Bahia, em novembro
Foto: Margarida Neide / Futura Press
Prova sendo realizada no Colégio Uldorico Tavares, no bairo da Vitória em Salvador na Bahia.
Foto: Margarida Neide / Futura Press
O ministro da Educação, Fernando Haddad, deu explicações ao Senado e à Câmara dos Deputados sobre os erros do Enem. Haddad defendeu o exame e disse que os prejudicados representam menos de 0,1% do total de candidatos. "Se não entendermos que o Enem é para democratizar o ensino, então vamos perder a essência do projeto"
Foto: Fabrio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Estudantes do Rio de Janeiro também protestaram contra as falhas do Enem. Muitos protestos ocorreram pelo País após as falhas no exame
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
No Rio, a manifestação também aconteceu na região central
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
Estudantes exibiram cartazes com mensagens de protesto
Foto: José Carlos Pereira de Carvalho / vc repórter
Os estudantes gaúchos exibiram faixas com frases contra os erros no exame
Foto: Juliana Rolim / vc repórter
A manifestação percorreu diversas vias da região central de Porto Alegre
Foto: Juliana Rolim / vc repórter
A UFPR usará a nota do Enem como 10% da nota total do vestibulando para preencher 5016 vagas
Foto: Roger Pereira / Especial para Terra
Alguns manifestantes vestiam amarelo por conta da cor da prova que apresentou erros de impressão no exame
Foto: Matheus Tesser / vc repórter
Cerca de 200 estudantes participaram da manifestação em SP
Foto: Rahel Patrasso / Futura Press
Em Curitiba cerca de 400 protestaram contra os erros do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)
Foto: Joyce Carvalho / Especial para Terra
A manifestação foi organizada pelos estudantes através da internet
Foto: Joyce Carvalho / Especial para Terra
Cartaz exibido pelos estudantes durante o protesto em Uberaba
Foto: Flavia Cipriano / vc repórter
Caixão simboliza o fiasco do Enem deste ano
Foto: Flavia Cipriano / vc repórter
Os estudantes também foram às ruas em Uberaba, interior de Minas Gerais
Foto: Flavia Cipriano / vc repórter
A manifestação de Uberaba contou com encenação teatral
Foto: Flavia Cipriano / vc repórter
No Piauí, o candidato José Antônio Teixeira Neto, 21 anos, foi impedido de fazer as provas
Foto: Yala Sena / Especial para Terra
A reaplicação da prova do Enem atraiu poucos alunos em uma das escolas de Florianópolis, no dia 15 de dezembro
Foto: Fabricio Escandiuzzi / Especial para Terra
A jardineira Neusa Marli Laucksen, 51 anos, chegou atrasada a uma escola de Florianópolis e perdeu a prova do Enem por apenas 3 minutos
Foto: Fabricio Escandiuzzi / Especial para Terra
No Piauí, cerca de 350 alunos em Teresina e União, que foram prejudicados por erros na prova amarela, fazem as provas do Enem