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Campeões do Enem dão receitas para um bom desempenho

20 jul 2010 - 10h00
(atualizado às 10h03)
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Muitas horas de estudo, diversão moderada e uma boa dose de disciplina. Essa é a receita dos alunos que mais pontuaram no Rio de Janeiro no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), para quem também deseja estar no ranking dos melhores. Se o empenho pessoal ajuda, o mesmo pode-se dizer da qualidade das escolas. A maioria dos campeões de acertos veio de colégios que também aparecem em destaque na lista do Ministério da Educação (MEC).

Primeira colocada na rede pública do Rio de Janeiro, quarta na lista que considera as unidades de ensino privadas e públicas, Ana Carolina Linhares Lima, 18 anos, ainda não conseguiu entender a dimensão do é que estar entre as melhores cabeças do Enem. "Ainda está caindo a ficha. Estou meio boba. Sabia que eu tinha ido bem, mas não tanto como mostrou o resultado oficial", contou, ainda eufórica, a estudante, que conseguiu 851,28 pontos e ficou em 30º lugar no ranking geral do País.

Ana Carolina conseguiu aprovação para Engenharia Civil, na UFF, onde atualmente estuda, e na UFRJ e Uerj, para Geologia. Detalhe: em todos os três vestibulares ela passou em segundo lugar. "Não tem fórmula: é dedicação e estudo mesmo. Tem que deixar de ver o filme que gostaria, de curtir a noitada. Sem exageros em nenhum sentido: nem para mais nem para menos", contou ela, que estudou no Cefet, que ficou em 45º lugar entre as escolas do estado, e em 37º no município.

Foi também com muito suor, raras horas de lazer e com um programa de estudo que cumpriu à risca que Dan Zylberglejd, 18, conseguiu o 2º lugar no estado, com 853 pontos. Ele enfileira sucessos na sua vida escolar. Desde o 6º ano, ele participa das Olimpíadas de Matemática e de Física. E exibe com orgulho o resultado na parede de seu quarto: uma medalha de ouro, três de prata, quatro de bronze e três menções honrosas.

"Quando saiu a nota, eu vi que tinha ido muito bem. Minha redação foi muito boa. Acho que esse foi um dos segredos. O outro é dedicação, estudo mesmo. Passei horas em cima dos livros. Se tem dúvida, esclareça. E nunca deixa de se divertir um pouco", contou ele, que estou no Colégio A. Liessin, que ficou em 2 º lugar no estado e na cidade do Rio.

Participação em massa não freou queda no desempenho
Mais de 90% dos estudantes de 11 escolas de elite compareceram ao Enem. A presença em massa, no entanto, não foi suficiente para frear a queda no ranking.

Para educadores, a pontuação na redação pode ter feito a diferença. "Para que se esforçar em fazer redação se não vão cobrá-la na universidade?", questiona Edgar Flexa Ribeiro, vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Rio, referindo-se à UFRJ que não usou a redação do Enem, só as notas da prova objetiva. O Colégio de São Bento desceu da primeira colocação para a terceira no âmbito nacional. Segundo o coordenador do Ensino Médio, Pedro Fernandes de Araújo, alunos que tiraram menos de 5 na redação do Enem obtiveram 10 na da UFRJ.

Outro que perdeu posição foi o Colégio de Aplicação da UFRJ, que desceu da 5ª posição, em 2008, para o 28º lugar. "Muita coisa interferiu no desempenho, como o vazamento e o adiamento da primeira prova, que era mais fácil e com linguagem menos rebuscada", defende a diretora Celina Costa. Para o educador da UFF, Nicholas Davies, o Enem não é modelo seguro de avaliação: "É apenas um método. O que é qualidade para uns não é para outros", justifica.

Nas piores públicas, menos de 15% prestaram o exame
Em mais da metade das 20 escolas da rede pública do Rio que tiveram o pior desempenho no Enem, menos de 15% dos alunos matriculados fizeram, de fato, o exame, que não é obrigatório. O resultado revela, segundo especialistas, um cenário de poucas expectativas para o jovem de baixa renda.

"Quando se tem uma realidade de condições precárias de ensino, em que falta uma disciplina, o quadro de docentes não está completo, o aluno desanima. Ele percebe que está numa situação de concorrência tão larga que o desmotiva. O Ensino Médio é fictício, serve para rechear os números. Isso pode ser traduzido no Enem. Por que ele faria o exame? Para evidenciar mais um fracasso?", explicou a professora da Uerj-Caxias, e mestre em Educação, Alzira Batalha.

Para a professora da UFRJ Ana Canen, os dados do Enem podem não traduzir um diagnóstico correto do ensino no País porque não levam em consideração as peculiaridades de cada escola. "Pode ser que nas unidades que não apresentaram bom desempenho o aluno não seja motivado a fazer o exame".

A Secretaria Estadual de Educação informou que média das escolas foi 530 (escala de 0 a 1000), acima da nacional de 500 (dado não divulgado pelo MEC). Com o objetivo de valorizar as unidades de melhor desempenho no Enem, o estado distribuirá R$ 350 mil entre essas unidades. Será realizado, de novo, programa de reforço para o exame nacional.

Ana Carolina teve a melhor colocação como aluna da pública do Rio de Janeiro
Ana Carolina teve a melhor colocação como aluna da pública do Rio de Janeiro
Foto: João Laet / O Dia
Fonte: O Dia
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