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Melhor do Enem 2009, colégio diz ter orgulho de ser pequeno

19 jul 2010 - 06h18
(atualizado às 09h12)
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Hermano Freitas
Direto de São Paulo

O campeão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009 no País é localizado em uma área menor que uma quadra do bairro Campo Belo, na zona sul de São Paulo, o colégio Vértice II tem orgulho de ser pequeno e de educar de forma quase individualizada seus cerca de 900 alunos. As turmas jamais ultrapassam 50 alunos e não existe a famigerada "turma do fundão". O preço da exclusividade, para um aluno de 3° ano: 13 mensalidades anuais de R$ 2.756.

Os cinco alunos do colégio Vértice II (em São Paulo) ouvidos pela reportagem disseram que o professor é visto como uma pessoa muito próxima, mas não deixa de ser uma autoridade
Os cinco alunos do colégio Vértice II (em São Paulo) ouvidos pela reportagem disseram que o professor é visto como uma pessoa muito próxima, mas não deixa de ser uma autoridade
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra

O ranking do Enem já havia premiado o Vértice II com o 2° lugar em 2006 e o 3° em 2005, mas esta é a primeira vez que a escola recebe o 1° lugar no ensino médio. O resultado empolga o diretor Adilson Garcia, mas não é considerado uma meta. "Sempre fomos primeiros em São Paulo, mas encaramos o ranking nacional como a premiação de um bom trabalho, mas de modo algum como objetivo educacional", disse.

A ênfase do colégio é para a leitura e para o entendimento dos conteúdos. Segundo o diretor, o desafio é que o aluno consiga sair do Vértice com autonomia para buscar seus conteúdos. Para ajudar, aulas extracurriculares que vão da culinária ao xadrez, passando por sapateado e a música. "Esta autonomia é algo que o indivíduo vai levar para a vida toda, não é só para o colégio", disse.

Fundada por uma psicóloga e pedagoga, a escola não se contenta com o índice de 30% a 40% de aprovação em escolas públicas no vestibular. Segundo Garcia, cada professor tem a orientação de procurar distinguir entre seus alunos qualquer variação de comportamento entre seus alunos que indique algum problema emocional e chamá-lo para uma conversa particular, se necessário. "Nós exigimos que conheçam o máximo que podem dos seus alunos", diz o diretor.

Mas como fazer isso sem invadir a privacidade do aluno na adolescência, fase em que este valor é tão precioso? O diretor esclarece: "Só no olhar. Se o aluno está cabisbaixo, isso pode indicar alguma dificuldade em casa como uma separação dos pais, a morte de um avô ou do animal de estimação", exemplifica o educador. As medidas podem incluir uma conversa particular, a sugestão de alguma atividade especial como teatro ou uma reunião entre professores e pais.

O trabalho de participação da família no aprendizado é levado a sério e a negligência dos pais é considerada grave e passível da expulsão do aluno. "Nossa relação com os familiares precisa ser de confiança, se percebemos que os pais não são nossos parceiros sugerimos que procurem outra escola para o próprio bem de seus filhos", diz o diretor.

A proximidade na relação é aprovada pelos cinco alunos ouvidos pela reportagem. Todos foram unânimes em afirmar que a alta mensalidade deve ser encarada como um estímulo para o bom desempenho escolar e que o grupo é compacto e unido em torno do desafio de ingressar em uma universidade. Mesmo em férias escolares, estiveram durante a manhã e a tarde da última sexta-feira. "Nosso professor é nosso amigo", diz Daniel Tong, 17 anos. Para André Bianco, 17 anos, mesmo sendo uma pessoa próxima, não deixa de ser uma autoridade a ser respeitada e considerada.

Renan Rodrigues, 17 anos, disse que vê o educador como seu próprio pai. Fernando Vilela discordou, afirmando que o professor é uma entidade distinta, mesmo com a intimidade presente na relação. Felipe Freiria, também 17 anos, elogiou o fato de que a escola não "inchar" as salas de aula como outros colégios particulares maiores.

Fonte: Redação Terra
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