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MEC não pode obrigar universidades a usarem o Enem, diz Haddad

16 set 2011 - 12h07
(atualizado às 12h09)
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O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que o governo não pode obrigar as instituições de ensino superior a adotarem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como critério de seleção. Em entrevista exclusiva ao Terra, a pró-reitora de graduação da Universidade de São Paulo (USP), Telma Zorn, afirmou que a universidade só vai adotar o exame quando for seguro e estiver consolidado.

Veja como será o processo de seleção nas principais universidades públicas do País

Questionado sobre quando as universidades públicas paulistas vão começar a usar o exame, Haddad disse que são as instituições que decidem sobre isso. "Nós temos que respeitar a autonomia universitária. Não podemos obrigar uma instituição a adotar o Enem em substituição ao vestibular", disse.

Ele ressaltou que a participação dos estudantes no Enem em cada Estado tende a aumentar quando as universidades públicas locais passarem a adotar a prova. "A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) já esboçou uma primeira reação e reservou algumas vagas para os alunos das melhores escolas públicas da cidade no Enem. São grandes instituições que estão entre as melhores do Brasil e nós temos que manter o diálogo para verificar uma boa forma de utilização do Enem", disse Haddad durante entrevista ao programa de rádio Bom Dia Ministro.

Haddad afirmou que a tendência é que a utilização do Enem pelas universidades aumente a cada ano, o que faria crescer também o número de participantes da prova. Atualmente o exame é voluntário. Em 2010, 56% dos alunos concluintes do ensino médio participaram da avaliação.

O candidato pode utilizar a nota do Enem para disputar as vagas de universidades públicas que são disponibilizadas por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). No primeiro semestre de 2011, foram oferecidas 83 mil vagas em instituições públicas de ensino superior. A prova também é pré-requisito para conseguir uma bolsa de estudos do Programa Universidade para Todos (ProUni).Sobre o Enem de 2011, cujas provas serão aplicadas nos dias 22 e 23 de outubro, o ministro disse que o MEC está "agregando inteligência ao processo" para que não se repitam os erros ocorridos nas edições passadas. Em 2009, um caderno de provas foi roubado da gráfica que imprimia o material às vésperas da aplicação do exame, levando ao adiamento da prova. No ano passado, erros de impressão em alguns cadernos de prova levou o ministério a reaplicar as provas a um grupo de cerca de 4 mil alunos.

"Estamos exigindo mais profissionalismo das pessoas envolvidas e agregando inteligência ao processo. Neste ano temos uma empresa de gerência de riscos no processo e o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) está participando da certificação das etapas no que diz respeito à segurança. É um projeto em escala monumental. Em número de inscritos só perdemos para o Enem da China (prova de ingresso nas universidades daquele país)", comparou.

USP

A USP já utilizou o Enem para compor a nota da primeira fase do vestibular, mas desisitiu no ano passado por uma questão de calendário. Em 2010, o exame estava previsto para ser realizado em outubro, mas posteriormente foi adiado para novembro. Segundo a pró-reitora da universidade, Telma Zorn, os problemas nas últimas edições - como o vazamento da prova e os erros nos cadernos de questões - prejudicaram a credibilidade do exame.

"Nós estamos acompanhando como o Enem está sendo organizado, a logística. Sabemos que tem havido um empenho muito grande do MEC em fazer os ajustes necessários, mas neste momento é mais prudente esperar que esses acertos se concretizem. Aí sim não haveria mais empecilhos para impedir a nossa adesão", afirmou.

Para a pró-reitora da USP, a abrangência em todas as instituições só será atingida quando o exame se consolidar. "A universidade adota a nota do Enem para calcular a bonificação do candidato. Aí o aluno entra com um processo por causa dos problemas no exame. Como fica a bonificação? Isso prejudica todo o processo", disse em entrevista.

O ministro da Educação, Fernando Haddad, falou sobre os resultados do Enem no programa Bom dia Ministro
O ministro da Educação, Fernando Haddad, falou sobre os resultados do Enem no programa Bom dia Ministro
Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil
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