Entre as piores, escola pública do PI não tem aula de geografia
- Yala Sena
- Direto de Teresina
O mesmo Estado que abriga duas das dez melhores escolas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010, também possuiu um dos piores desempenhos no exame. Enquanto os alunos do Instituto Dom Barreto, no Piauí, comemoram uma média de 754,13 pontos no exame - a segunda mais alta do País - a Unidade Escolar Pires de Castro amarga uma nota abaixo da média nacional, com 489,46 pontos.
Veja onde estão as 50 melhores e piores colocadas no Enem
Localizada na capital Teresina, a escola pública está sem professor de geografia para as turmas do ensino médio. Os alunos reclamam da rotatividade de educadores em sala de aula e da desmotivação dos docentes. O diretor da Pires de Castro, Luiz Brito, admite que a constante mudança dos professores atrapalha o nível de aprendizagem dos alunos. "Durante o ano, tem rotatividade de 40% dos professores e isso prejudica", afirma ao explicar que a alternância se deve a pedidos de licenças, aposentadorias e vagas temporárias.
Mais de 1 mil alunos estudam no colégio, que fica localizado no bairro Dirceu Arcoverde, região carente da cidade. A estudante Valéria Marques, 16 anos, que estuda o 2º ano do ensino médio, afirma que gosta da escola, mas critica a falta de professores. De acordo com ela, desde o início do ano os alunos aguardam um professor para ministrar as aulas de geografia.
Os estudantes José Brendo Ferreira dos Santos, 16 anos, e Abmael de Sousa Rodrigues, 18 anos, também reclamam que o pré-vestibular, espécie de cursinho popular que deveria ser realizado na instituição, está atrasado há uma semana. Por falta de agendar o calendário dos professores, as aulas foram adiadas. O curso deveria preparar o aluno para o Enem deste ano.
Segundo a secretaria estadual de Educação, o colégio não conta atualmente com falta de professores. "Temos um professor lotado para dar aula de geografia. Vamos contatar a escola para saber o que está acontecendo, por que ele não está indo na escola e também por que não fomos informados sobre o problema", disse a diretora de gestão da secretaria estadual de Educação, Eudina Rocha.
Comparação injusta
A gerente do ensino médio da secretaria, Marcoelis Pessoa de Carvalho, afirmou que o governo vai priorizar ações nas 43 escolas públicas que tiveram baixo desempenho no Enem. Segundo ela, é injusto comparar o resultado das escolas particulares do Estado com as públicas.
"A bagagem cultural dos alunos é diferente. Nas escolas particulares, os alunos têm jornais em casa, bibliotecas particulares e computadores, já para os de escolas públicas a leitura só acontece no colégio", disse a gerente.
Para melhorar o desempenho no Enem, Marcoelis Pessoa disse que o governo investe em escolas em tempo integral. Ela afirmou também que foi aumentada a carga horária para alunos do ensino médio e investimento em livros didáticos. O Estado tem 148 mil alunos no ensino médio em 489 escolas públicas.
