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Enem: utilização de ranking divide opiniões

12 set 2011 - 03h43
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As escolas devem ou não usar o "ranking do Enem" para marketing próprio? Desde 2006, quando o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) começou a divulgar a lista com as melhores notas no Exame Nacional do Ensino Médio, colégios bem colocados têm se utilizado dessa informação para, por exemplo, atrair mais alunos. Outros, contudo, descartam seguir esse caminho por entenderem que não contribui para o sistema educacional do País.

"Quando da primeira divulgação dos dados pelo Inep, estávamos com mais ou menos 600 alunos. Iniciamos 2011 com 2.014. Mas é bom lembrar que já vínhamos aumentando esse número antes do ranking", destaca Adilson Garcia, um dos diretores da escola Vértice.

Apesar de ser o responsável pela divulgação dos números, o Inep tem criticado a utilização dos dados da forma como está sendo feita. Para tentar minimizar isso, neste ano a entidade promoveu alterações nos critérios de elaboração da lista - que estava prevista para sair em julho, mas só foi divulgada nesta segunda.

Agora, a relação passa a considerar o número de alunos inscritos por instituição, pondo fim à simples fórmula de elencar melhores e piores desempenhos. Assim, as escolas foram divididas em quatro grupos: no primeiro, ficaram aquelas com mais de 75% de participação dos alunos inscritos; no segundo, os colégios com média de participação entre 50% e 75%; no terceiro, os que tiveram média entre 25% e 50%; e no quarto, as entidades com menos de 25% de taxa de participação.

O problema do ranqueamento
As críticas ao ranking são pontuais. A principal reclamação contra escolas que usam esses resultados para fazer marketing é que elas estariam desvirtuando a real função do Enem, que é servir como instrumento de avaliação.

Para Helena Sporleder, professora da Faculdade de Educação da PUC-RS, "todo o processo precisa ser relativizado para evitar que dados quantitativos sejam distorcidos". Segundo ela, diversas escolas apresentam uma leitura da prova do Enem que é favorável apenas para a própria instituição, e muitas informações relevantes, como o número de alunos que prestaram a prova, acabavam omitidas, distorção corrigida nesta divulgação feita hoje.

Adilson Garcia, um dos diretores da escola Vértice, melhor nota no Enem 2009, reforça essa opinião: "não seria ético, sob nenhum aspecto, utilizar esse tipo de exame para mascarar resultados como algumas escolas fazem, enviando somente os melhores alunos para fazer a prova", declara.

O lado positivo da lista
Mas nem todos enxergam essa lista como algo negativo. Afinal, os resultados no Enem trazem bons frutos para as escolas, algo que também precisa ser considerado. Por isso, colégios como o London, de Rio Preto, e o Aplicação, de Pernambuco, exaltam as boas notas obtidas por seus estudantes colocando, por exemplo, banners em seus sites.

Para a diretora da London, Lilian Helena Vidotto, os resultados não são prejudiciais na medida em que "escolas sérias se preocupam com o processo educacional como um todo". Para ela, o ranqueamento leva em conta apenas um aspecto, o que pode gerar distorções na análise das informações. "Acreditamos que educação de qualidade não está relacionada apenas a uma avaliação quantitativa", afirma.

Na escola Presidente Kennedy, melhor nota do Enem 2010 entre os colégios de Campo Largo, Paraná, o pensamento é semelhante. "Não possuímos nenhum programa especial preparatório para o exame, apesar do bom desempenho de nossos alunos. Esses resultados aparecem naturalmente, consequência da nossa proposta educacional. Mesmo não sendo obrigatória, a participação dos alunos é em torno de 90%. Nós incentivamos todos os alunos a participar", diz Lucimara Cecon, diretora da instituição.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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