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Dicionário Espanhol cria polêmica por referências a Franco

30 mai 2011 - 16h55
(atualizado às 17h40)
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O governo espanhol reivindicou nesta segunda-feira a revisão das entradas do novo Dicionário Biográfico que causaram polêmica ao afirmar, por exemplo, que o general Francisco Franco "montou um regime autoritário, mas não totalitário".

O dicionário, apresentado na quinta-feira passada com a entrega dos 25 primeiros volumes de um total de 50, contém a biografia de 43 mil personagens relevantes da história hispânica. Durante o fim de semana, um jornal reproduziu parte das entradas correspondentes a Franco e a Manuel Azaña, presidente da Segunda República, na qual é mencionado Juan Negrín, chefe de governo daquela época, já em plena Guerra Civil.

A biografia sobre Franco, escrita por Luis Suárez, indica que o general "montou um regime autoritário, mas não totalitário". Já o texto sobre Azaña, de Carlos Seco, sustenta que o governo do socialista Negrín foi "praticamente ditatorial", afirmações que despertaram polêmica. O governo reivindicou à Real Academia da História a revisão das entradas do dicionário que "não se ajustam à realidade". A ministra espanhola de Cultura, Ángeles González Sinde considerou que, caso estas biografias não sejam revisadas, o dicionário "deixará de ser atrativo" para os leitores.

A polêmica chegou até o Congresso dos Deputados, onde uma coalizão parlamentar formada por grupos de esquerda, nacionalistas e ecologistas catalães, interpelou o Executivo para cobrar a retificação do dicionário.

Diante das críticas, o diretor da Real Academia da História, Gonzalo Anes, declarou que os responsáveis pelas biografias são seus autores e afirmou que "é muito difícil conseguir a objetividade absoluta" nos personagens mais recentes.

Anes minimizou a polêmica sobre as referências a Franco. "Para as pessoas jovens o termo autoritário diz mais que ditatorial, porque talvez elas não saibam bem o que é uma ditadura. Mas todo mundo sabe o que é uma pessoa autoritária", acrescentou. O Dicionário Biográfico Espanhol, que terá também uma edição online, foi produzido por 5,5 mil especialistas da Espanha e de outros países, e custou US$ 8 milhões, fornecidos pelo Ministério da Educação.

EFE   
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