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De robô a fralda: projetos de estudantes buscam investidores

Cerca de 50 projetos desenvolvidos por alunos do Senai serão apresentados para investidores da indústria nacional e internacional em uma exposição em Belo Horizonte

2 ago 2014 - 08h32
(atualizado às 09h48)
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Jovem testa simulador no evento em SP
Jovem testa simulador no evento em SP
Foto: Zé Paulo Lacerda / Divulgação

Pernas robóticas para dar mais mobilidade a pessoas tetraplégicas, um dispositivo para gastar menos energia na hora do banho, fraldas adaptadas ao tamanho real de bebês prematuros extremos. Estes são alguns dos 50 projetos inovadores que alunos e professores do Serviço Nacional de Aprendizagem industrial (Senai) vão apresentar e tentar vender a investidores da indústria nacional e internacional em uma exposição, chamada Inova Senai. A exposição ocorrerá de 3 a 6 de setembro em Belo Horizonte (MG), que, nesse mesmo período, irá sediar a oitava edição da Olimpíada do Conhecimento, também do Senai. Este torneio coloca em disputa 800 jovens de todo o Brasil, selecionados, pela capacidade intelectual, em escolas técnicas do Sistema. 

O protótipo das pernas robóticas estará exposto na Inova Senai junto com mais 900 toneladas de equipamentos de última geração. As falsas pernas são motorizadas e controladas por computador. “O usuário que vestir o equipamento poderá fazer uma experiência similar ao caminhar humano, com equilíbrio e conforto”, diz a proposta do projeto.

Já a fralda hospitalar para prematuros extremos é bem pequena e, embora isso pareça ser uma ideia muito simples, até hoje nas UTIs neonatais a equipe de enfermagem costuma cortar fraldas convencionais para que caibam nos recém nascidos, que pesam até menos de 1 quilo. “O que gera desperdício do material industrializado”, destaca trecho do projeto. Além do desperdício, o projeto pensa no bem-estar desses bebês em luta pela vida.

Outra proposta, que deve interessar a todos que querem pagar menos para tomar banho quente, é um adaptador de temperatura da água, chamado de sistema inteligente para chuveiros. O projeto considera que o chuveiro “é um dos principais vilões da conta de luz nas residências”.

O Brasil não está entre os países de ponta em inovação e sofisticação industrial. Nesse quesito, ocupa a 46ª posição no ranking Global Competitiveness Report 2013 e 2014, que avalia 114 itens. Daí a importância de incentivar uma nova geração que chegue mais apta a mudar esses dados. É o que diz o gerente executivo de Educação Profissional do Senai, Felipe Morgado. Ele assegura que boa parte desses inventos expostos na Inova Senai serão abraçados pela iniciativa privada:  “Alguns viram produto de linha de produção; outros não”. Segundo ele, esses alunos se preparam para trabalhar com eficiência na indústria nacional.

As escolas técnicas do Senai buscam avançar no quesito aulas atrativas. A lógica é atrair o aluno dialogando com ele, usando linguagens atuais e assim capturando a atenção deles. O gestor de tecnologia educacional, Bruno Duarte, acredita que games e aplicativos são adequados para o uso pedagógico, ao contrário do que muitas escolas preconizam. Para ele, há novos meios midiáticos que devem ser associados ao repasse de conhecimento. “Queremos trazer o aluno para a sala de aula, mas para isso precisamos também ir ao ambiente dele”, avalia.  

A formação técnica oferecida, quase a custo zero, pelo Senai é bancada pela própria indústria, que tem interesse em novos quadros. Conforme o diretor geral do Senai, Rafael Lucchesi, os empresários têm um grande problema. “A produtividade de um trabalhador brasileiro é baixa, representa um quinto do norte-americano, um quarto do alemão e um terço do coreano. Vários fatores interferem nisso, mas seguramente entre eles educação básica e tecnológica.”

Lucchesi destaca que é preciso derrubar o preconceito com o ensino técnico porque cerca de 80% desses alunos já se formam com emprego garantido a um salário inicial de R$ 2 mil, podendo chegar a R$ 15 mil, em algumas áreas, em 10 anos de carreira.

Hoje são 3,5 milhões alunos nesse caminho profissional, muitos deles oriundos de escolas públicas e de família de baixa ou média renda. Letícia Bane, 17 anos, é filha de um eletricista e uma cabeleireira. Ela faz Ensino Médio no período da manhã e à tarde curso técnico de Telecomunicações, na escola Senai Roberto Simonsen, no bairro do Brás, em São Paulo. “Um professor me incentivou a fazer o curso técnico e, sei lá, me encontrei nisso. Depois que terminar, vou fazer faculdade de Engenharia Elétrica, porque acabei percebendo que gosto de mexer com eletricidade.”

Dos 3,5 milhões de 16 a 18 anos, 800 alunos de todos os Estados brasileiros foram selecionados pela capacidade intelectual e estão concorrendo na olimpíada nacional, cujo lançamento foi feito na manhã dessa quinta-feira, em São Paulo. Um deles é Matheus Prudente, 17 anos, que faz o curso Redes de Computadores, na escola Senai Suíço, no bairro Santo Amaro, em São Paulo. O desejo dele é pesquisar softwares e é nesse segmento que entra na disputa. “Minhas notas sempre foram acima de nove, sempre fui estudioso, mas, nos últimos seis meses, estou estudando ainda mais”, comentou o adolescente, que espera se sair bem no torneio. 

O Embaixador da Olimpíada do Conhecimento é o apresentador Luciano Huck. No lançamento do torneio, ele disse que “acredita na educação para transformar o Brasil em um País mais bacana”. 

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, alertou que os olheiros vão observar as inovações e os competidores. “É como uma Copa do Mundo, um campeonato nacional, que está cheio de olheiros, atrás de jovens que façam a diferença”. Ele destacou que “há alguns anos, os empresários achavam que era só ter máquinas modernas, processos estruturados e uma gestão competente. Hoje a gente tem certeza absoluta que se não tivermos profissionais preparados e comprometimento com o desenvolvimento de uma nação não vamos dar o salto de qualidade e competitividade”.

É pequeno o número de alunos que seguem a formação profissional técnica no Brasil. Apenas 7%. Na Alemanha essa porcentagem sobre para 53% e na Coréia do Sul para 50%. Conforme pesquisas da CNI, 90% das pessoas, no Brasil, já reconhecem que o ensino técnico cria oportunidade para o trabalho e 82% delas acreditam que o ensino técnico melhora a remuneração das pessoas.

Fonte: Especial para Terra
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