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DCE da USP promete reação pacífica à polícia em desocupação da reitoria

5 nov 2013 - 09h40
(atualizado às 10h37)
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Os estudantes da Universidade de São Paulo (USP) que ocupam a reitoria há mais de um mês devem desocupar pacificamente o prédio caso a polícia seja acionada para retirá-los, após decisão judicial que determinou a reintegração de posse imediata do local. De acordo com a diretora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), a saída dos alunos deve acontecer até a noite desta quarta-feira sem incidentes, porém com mobilizações e protestos. Em greve por eleições diretas para reitor da universidade, o DCE declarou "repúdio" à resolução judicial e promete resistir à "truculência e autoritarismo" da reitoria e do governo do Estado.

"A tendência é que o movimento seja pacífico. Se tivermos que responder, vamos responder à altura do que diz o fato, mas com mobilizações dos cursos, com protesto, não com violência", afirmou a estudante de Letras Luisa D'Avola, diretora do DCE. "A gente foi pego de surpresa e rechaça qualquer decisão da reitoria de resolver a negociação com conflitos e a presença da PM (Polícia Militar)", garantiu ela.

Em nota, o DCE considerou que a decisão da Justiça não deverá ser concretizada e ressaltou o andamento das negociações entre estudantes e a administração da universidade. "Os advogados do DCE irão comunicar a Justiça da atual situação de negociação, solicitando nova audiência de conciliação entre reitoria e estudantes, negando a reintegração de posse", disseram os estudantes em nota publicada no site do grupo.

Ainda que a força policial não seja acionada - ação que pode ser tomada pela reitoria para cumprir a ordem judicial -, os estudantes planejam aceitar um eventual termo de acordo e negociar a saída do prédio. Ainda assim, o DCE garante que "os estudantes não titubearão em resistir ao que será mais uma demonstração de truculência e autoritarismo por parte da reitoria e do governo do Estado". Uma assembleia geral será realizada na quarta-feira para decidir se haverá consenso quanto ao fim da ocupação e da greve.

O diretor do DCE Pedro Serrano afirmou que um acordo foi firmado com a reitoria da universidade no último dia 31 e que neste termo há algumas "vitórias" dos estudantes, entre eles o compromisso da convocação de um processo de estatuinte democrático pela universidade, com a realização de um congresso para pautar esse processo com liberação das aulas e atividade de trabalho.

"Conseguimos uma série de conquistas que vão mudar a vida de muitos estudantes. Blocos que vão ser transformados em moradia estudantil, bolsas reajustadas anualmente, espaço de vivência do DCE devolvido à entidade, etc. Mesmo com o fim da greve vai haver uma mesa permanente de discussão entre USP e estudantes, além do comprimisso de que não haja cancelamento de semestre letivo, mas a reposição das aulas. São várias conquistas e tivemos uma vitória politica sólida", afirmou Pedro.

O diretor do DCE não acredita em violência policial, já que as negociações estão sendo feitas de maneira pacífica. "Se for usada força policial vai ser o maior escândalo da história da USP, um golpe da parte da reitoria e do governo do Estado. Acreditamos que isso não será levado a cabo", disse.

Ocupação na reitoria

A ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo foi feita no dia 1º de outubro como forma de protesto pelo modelo de escolha do reitor da universidade. Um dos pontos mais criticados por alunos e funcionários é a lista tríplice, sistema pelo qual os nomes dos três candidatos mais votados são enviados ao governador do Estado, que decide quem será o reitor. Os alunos também cobram paridade entre eleitores na escolha do reitor. Atualmente, o pleito ocorre por meio de colégios eleitorais - representados majoritariamente por professores titulares.

Eles ainda criticam a presença da Polícia Militar dentro do campus da universidade e exigem que a segurança dos alunos seja feita por uma guarda comunitária.

Após a USP entrar com um pedido de reintegração de posse do prédio, a Justiça determinou a realização de uma audiência de conciliação entre alunos, funcionários, professores e representantes da universidade na semana passada. Como não houve acordo, foi estabelecido em 15 de outubro um prazo de 60 dias para que a reitoria e os manifestantes estabelecessem diálogo. A USP solicitou a antecipação desse prazo, e no dia 4 de novembro o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu pela reintegração de posse imediata da reitoria.

Fonte: Terra
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