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Com ranking de faculdades, OAB quer estimular escolha das melhores

Com ranking de faculdades, OAB quer estimular escolha das melhores

30 set 2011 - 19h31
(atualizado às 19h39)
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Angela Chagas

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou nesta sexta-feira uma classificação de todas as instituições de ensino que tiveram bacharéis e estudantes inscritos no último Exame de Ordem. Segundo o coordenador nacional da prova e secretário-geral da OAB, Marcus Vinicius Côelho, o objetivo do "ranking de universidades" é apresentar um parâmetro para que os estudantes possam escolher as melhores faculdades de Direito onde estudar.

Confira como foram as instituições de ensino no 4º Exame de Ordem

"O que nós queremos é oferecer para as pessoas a oportunidade de saber como as instituições preparam seus alunos. O ranking serve como uma orientação para quem quiser cursar Direito", afirma o secretário-geral. Segundo ele, a propaganda dos dados vai permitir que a qualidade do ensino melhore. "Com essa divulgação, as faculdades também vão se sentir estimuladas a melhorar".

De acordo com Côelho, até o final do ano a OAB vai divulgar uma nova edição do selo "OAB Recomenda" com uma lista de faculdades que têm condições de preparar os estudantes de Direito para atuar na profissão. Ele afirma que, além do desempenho no Exame de Ordem, o selo leva em conta os dados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), elaborado pelo Ministério da Educação. "A Ordem entende que o Exame de Ordem e o Enade são complementares, e não excludentes", afirma.

O coordenador da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Roberto Baptista Dias da Silva, defende a realização do Exame de Ordem, mas critica a divulgação de rankings com as melhores instituições pela OAB. "Eu entendo que o exame seja algo que deve ser levado em conta, mas o ranking tem equívocos, porque analisa o resultado de uma prova que estudantes e bacharéis participam". Segundo Silva, é preciso tomar cuidado para que o resultado da OAB não se torne o único indicador de qualidade de uma instituição.

"Existe muitos outros fatores que apontam a qualidade de uma faculdade, como a qualificação do corpo docente, a grade curricular, as atividades práticas, a quantidade de alunos que se formam e são bem aceitos pelo mercado", enumera o coordenador da PUC-SP, que ficou na 53º posição na lista preliminar divulgada pela OAB. Ele ainda aponta outro problema dos rankings: estimular as faculdades a se tornarem uma espécie de "cursinho para a OAB".

"O foco das universidades não é formar alunos para passar no Exame de Ordem. Temos que primar por uma formação ampla, humanista e sólida, que terá como uma das consequência dar condições para o estudante ser advogado. Nossa intenção jamais deve ser de se tornar um cursinho preparatório", afirma.

Propaganda dos resultados

A Universidade Salvador (Unifacs), na Bahia, comemora os resultados do último Exame de Ordem - onde conquistou a primeira posição entre as instituições privadas. Notícias foram publicadas no site e no jornal da universidade e uma campanha de divulgação dos resultados deve ser lançada. "Precisamos parabenizar os estudantes e professores pelo esforço e também dividir isso com a comunidade. Vamos construir peças publicitárias sobre o assunto porque até saiu nos jornais, mas muita gente acaba não sabendo", diz a pró-reitora de graduação, Fátima Ferreira.

Segundo ela, o resultado é fruto da competência dos professores e da dedicação dos estudantes. "Não realizamos um trabalho focado no Exame de Ordem. O desempenho conquistado é reflexo do trabalho realizado pelo corpo docente e de um projeto pedagógico que tem como prioridade dar uma boa formação na área, mas que também forma pessoas, cidadãos", afirma a pró-reitora. Criada em 1996, a Faculdade de Direito recebe a matrícula de 200 estudantes por ano e possui conceito quatro - em uma escala que vai até cinco - no Enade.

'É preciso ter cuidado com rankings', diz especialista

Para a doutora em educação e professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Helena Sporleder Côrtes,o ranking de faculdades deve ser relativizado. "O exame da OAB não é definidor da qualificação de uma instituição. É uma prova elaborada por uma instituição corporativa e não pode servir como um parâmetro único", afirma. Segundo ela, a qualidade do ensino superior é determinada primordialmente pela qualificação do corpo docente, que deve servir como critério na escolha do curso.

Sobre a divulgação do selo com as instituições de ensino recomendadas pela OAB, a especialista diz que a entidade tem direito de apontar quem cumpre ou não com o ensino superior de qualidade, mas pondera que esse é um compromisso do Ministério da Educação (MEC). "A OAB é um órgão externo, a chancela desse ranking deve ser relativizada", afirma ao ressaltar que a baixa aprovação reflete um problema do ensino como um todo, tanto da educação básica como do ensino superior.

A professora afirma ainda que, além de apontar o despreparo dos candidatos, a OAB precisa avaliar o modo como as provas são realizadas. "Em que medida a OAB se expõe para ser avaliada pela comunidade acadêmica? Quando eu faço um instrumento de avaliação, é preciso analisar se ele é bem feito, se cumpre com todas as propostas. A OAB tem todo o direito de afirmar que as faculdades estão falhando, mas também precisa estar aberta a discutir a sua prova. Um exame onde até nas grandes universidades públicas boa parte reprova, precisa ser avaliado", completa.

Candidatos atrasados aproveitaram a falha na porta
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Foto: Léo Pinheiro / Terra
Fonte: Terra
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