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Com orientação profissional, universidades impulsionam carreiras

28 nov 2012 - 13h13
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Percebendo a dificuldade de inserção no mercado de trabalho e as frequentes incertezas dos alunos sobre o rumo a ser tomado profissionalmente, universidades oferecem gratuitamente orientação. Muitas dúvidas se relacionam ao mercado, sobre permanecer ou não na empresa atual, as condições de assumir maiores responsabilidades e as oportunidades em diferentes regiões. Outras estão ligadas à formação, sobre como se qualificar ainda mais.

Aluno do penúltimo semestre do curso de administração com linha de formação em comércio internacional da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Felipe Santos dos Passos buscou ajuda no Escritório de Carreiras da universidade. O jovem era estagiário em um órgão público e preocupava-se por não ter possibilidade de efetivação. Após algumas entrevistas para outras vagas sem sucesso, optou pela orientação profissional.

"Foi bem determinante na questão da autoconfiança. Postura nas entrevistas não era um problema para mim, mas as sessões me deram mais segurança", conta. Hoje, ele trabalha em uma empresa à qual teve contato por meio de eventos feitos pelo escritório.

Segundo André Hartmann Duhá, professor da PUC-RS e coordenador do Escritório de Carreiras, a ideia do projeto, implantado há três anos, surgiu depois de ser identificado que muitos alunos, embora preparados tecnicamente, não sabiam que direcionamento dar às suas carreiras e tinham dificuldades em encontrar oportunidades. "Ele foi montado com o objetivo de integrar um conjunto de atividades para ajudar os alunos na carreira e na colocação no mercado de trabalho. O intuito é ajudar o aluno a planejar seus objetivos, definir estratégias no mercado", afirma.

Quem busca o Escritório de Carreiras recebe orientação de profissionais de recursos humanos, em sessões individuais, além de palestras e workshops. Os alunos e graduados não só aprendem como funcionam os processos de seleção das empresas, mas também são incentivados a buscar competências fora da universidade, inclusive sobre postura.

Para isso, o Escritório de Carreiras convida profissionais para conversar com os alunos sobre suas rotinas, ajudando-os a definir que caminho desejam seguir em suas áreas. Felipe demonstrou interesse em fazer pós-graduação e foi incentivado a não parar de estudar e buscar especialização em uma área que agregasse em seu trabalho. "A perspectiva na empresa em que estou é grande. Mas tenho muito interesse em fazer mestrado", diz.

A decisão por fazer mestrado, assim como o momento certo para isso, depende do planejamento de carreira de cada um. Para Duhá, em alguns casos, fazer mestrado logo após a graduação beneficia principalmente quem pensa em seguir carreira acadêmica ou ir para o ramo de consultoria. Em outros casos, é importante ter vivência prática antes de retornar para a universidade, como profissionais de cursos que não possibilitam essa experiência durante a graduação - para estas pessoas, o mestrado poderá elucidar questões surgidas no dia a dia daquela carreira.

Duhá ressalta que uma das etapas do planejamento é identificar os conhecimentos necessários para alavancar a carreira do estudante. Definido o caminho a seguir, o Escritório de Carreiras ajuda o aluno a selecionar cursos que contribuirão no desenvolvimento dos seus objetivos profissionais, variando desde pós-graduação e intercâmbios até cursos específicos como os de línguas estrangeiras.

Os alunos da pós-graduação em administração dos programas de MBA e de mestrado da Universidade de Taubaté (Unitau) podem participar do Planejamento e Desenvolvimento da Carreira, que surgiu em 2007. Para os alunos e ex-alunos de graduação existe a Central de Oportunidades, ligada à pró-reitoria estudantil da universidade e que pretende preparar o aluno para a busca de estágio ou emprego. A central iniciou em 2011 e funciona atualmente como um projeto experimental. Em 2013, será implantada definitivamente.

Segundo a professora do curso de psicologia e do programa de pós-graduação em administração da Unitau, Marilsa de Sá Rodrigues Tadeucci, o processo de autoconhecimento é fundamental para as escolhas profissionais e para o direcionamento das carreiras. "Realizamos a avaliação psicológica que contribui para este processo além das entrevistas que nos auxiliam no conhecimento de outras variáveis como as econômicas e familiares", explica.

A cada 10 universitários, três trocam de curso

O projeto de extensão da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), com mais de 12 anos, além de auxiliar no desenvolvimento da carreira, orienta sobre a escolha profissional, inclusive os alunos que estão insatisfeitos com a profissão já escolhida. O Programa de Orientação de Carreira (POC) também serve como estágio para os estudantes de psicologia, que, após receberem capacitação, atendem ao público sob coordenação de professores.

No País, a cada 10 estudantes universitários, três trocam de curso, segundo Vanderlei Brasil, professor de psicologia da Unisul e coordenador do POC. Quando um aluno chega ao POC com dúvida em relação ao curso em que está matriculado, o primeiro a ser feito é determinar se a insatisfação é com a qualidade do curso ou com a profissão. A partir de então, é feito um histórico de desejos profissionais: são estudados os critérios que levaram o aluno a optar pelo curso atual e quais as expectativas que não se confirmaram na prática.

Nem sempre a decisão é revertida. O professor Brasil lembra de um caso em que o aluno se deu conta, durante o curso, que a profissão exigia trabalho individual, mas que ele desejava trabalhar em grupo. "Com o aluno, investigamos critérios para a escolha de um novo curso. Independentemente de ter ou não o curso na Unisul", conta Brasil.

O programa também realiza palestras nas escolas da comunidade e desenvolve oficinas. Mas os encontros individuais, com base em técnicas da psicologia, são a principal modalidade, de acordo com Brasil. "Explicamos os campos de atuação. Muitas vezes o aluno está com dificuldades por questões familiares, pela visão distorcida de algumas profissões. Trabalhamos para resolver essa questão", diz.

Para receber orientação na Unisul, não é preciso estar ligado a nenhuma instituição; pessoas da comunidade também podem participar. "Boa parte deles querem ter certeza da escolha. Trabalhamos para aumentar a segurança, porque é uma aposta sem experiência. Na prática, essa certeza que eles querem é como um diagnóstico profissional impossível de afirmar", diz o coordenador.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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