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Carioca de 77 anos está no Mais Médicos: se é contra, vai lá trabalhar

Nilton Martins dos Santos diz que a falta de médicos é o maior problema da saúde no Brasil. Ele é um dos selecionados para atuar pelo Mais Médicos

27 ago 2013 - 09h15
(atualizado em 30/8/2013 às 15h09)
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Nilton Martins dos Santos
Nilton Martins dos Santos
Foto: Arquivo pessoal / Divulgação

O médico Nilton Martins dos Santos não para. Formado em pediatria, decidiu há 25 anos deixar o Rio de Janeiro para trabalhar como clínico geral na saúde pública em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Mesmo aposentado, continuou a atuar no setor particular, em uma clínica em Guarulhos, onde reside atualmente. Aos 77 anos, com o anúncio do programa Mais Médicos, que busca profissionais de saúde para atuar em regiões com carência de atendimento, decidiu largar a clínica particular e embarcar em mais uma empreitada.

Selecionado no programa federal, ele vai atuar como médico em Arujá, na região metropolitana de São Paulo. "Eu já trabalhei no programa Saúde da Família também. Agora eu vim para esse programa Mais Médicos. (...) É um programa novo e quero ver se ele vai funcionar ", conta. "Foi muito bom, porque ele gosta de estar na ativa", diz a mulher de Martins, Josimar Batista, 43 anos.

Recheado de polêmicas, o programa é alvo de reclamações de diversas entidades médicas, que reclamam de alguns pontos da iniciativa. A começar pela bolsa de R$ 10 mil mensais oferecida pelo governo por um contrato de três anos, ao invés de uma carreira pública, como a de promotor ou juiz. 

"Enquanto não tiver médicos no Brasil para preencher as vagas, não tem outro jeito. O povo precisa de atendimento. Eu não sou contra não. Tem muita gente que é contra. Não tem nada que ser contra. Se ele não quer, for contra, vai lá trabalhar", diz Santos, que acha que os críticos não têm interesse em trabalhar em programas públicos.

As entidades reclamam também que o problema de falta de médicos em muitos locais é causado pela falta de estrutura, e não pelos salários oferecidos pelos municípios. Santos discorda.

"Falta médico. Estrutura, no caso, nos postos de saúde, não precisa muita coisa. Você precisa de estrutura dentro do hospital. Dentro do hospital você tem que ter tudo. No ambulatório, a gente atende. Com as coisas que tem lá dá para resolver até encaminhar para um hospital. Um infarto, uma hipertensão, um médico comum não resolve ali", diz o médico.

Para Santos, o ponto mais polêmico é a revalidação do diploma. Ele acredita que deve se atestar, de alguma forma, se o médico realmente está em condições de trabalhar no Brasil, mas não necessariamente com uma prova. O médico sugere um curso de adaptação. "Há uns 10 anos, tiveram muitos médicos (estrangeiros) que trabalharam, e alguns muito bons. Os que não se adaptaram, foram embora." 

Os médicos formados no exterior trazidos pelo Mais Médicos não passarão pelo teste de revalidação de diploma, o Revalida. Ao invés disso, eles passam por um curso de três semanas e terão sua atuação restrita a locais indicados pelo governo.

ENTENDA O 'MAIS MÉDICOS'
- Profissionais receberão bolsa de R$ 10 mil, mais ajuda de custo, e farão especialização em atenção básica durante os três anos do programa.
- As vagas foram oferecidas prioritariamente a médicos brasileiros, interessados em atuar nas regiões onde faltam profissionais.
- Com o não preenchimento de todas as vagas, o Brasil aceitou a candidaturas de estrangeiros - incluindo convênio com Cuba para a vinda de 4 mil médicos. Eles não precisam passar pela prova de revalidação do diploma
- O médico estrangeiro vai atuar na região indicada previamente pelo governo federal, seguindo a demanda dos municípios.
- O programa também prevê a criação de 11,5 mil novas vagas de medicina em universidades federais e 12 mil de residência em todo o País, além da inclusão de um ciclo na residência em que os profissionais atuarão no Sistema Único de Saúde (SUS).
Revalidação do diploma médico

Conheça a história de médicos brasileiros que se graduaram fora do País e por que é necessário revalidar o diploma para poder trabalhar no Brasil

Fonte: Terra
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