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Brasileira ganha prêmio de Estudante Internacional do Ano na Austrália

Aos 16 anos, Letícia já demonstrava habilidades intelectuais ao ser aprovada no teste para ingressar no Colégio de Aplicação, vinculado à UFV

11 out 2013 - 11h22
(atualizado às 11h55)
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Natural da cidade de Oliveira, no interior de Minas Gerais, Letícia Cabral nunca imaginou que ganharia o mundo através do conhecimento. A menina de família humilde sempre estudou em escola pública, morava na residência estudantil e comia de graça no restaurante universitário porque não tinha dinheiro para pagar os custos de viver longe de casa. Nada foi obstáculo para a brasileira de 22 anos que cruzou o planeta para ganhar o Prêmio de Estudante Internacional do Ano no estado de New South Wales (NSW International Student of the Year Awards), na Austrália.

Aos 16 anos, Letícia já demonstrava suas habilidades intelectuais. Aprovada no teste para ingressar no Colégio de Aplicação, vinculado à Universidade Federal de Viçosa, ela começou uma nova vida em outra cidade. Colégio público com uma das melhores classificações no Enem, o Aplicação mudou o destino da estudante. “O Coluni fez uma diferença fundamental na minha vida. Comecei a estudar por causa daquele colégio.  Eu não estaria fazendo engenharia mecânica, não teria ido para a Unicamp, não teria vindo pra Austrália, se não fosse pelo Aplicação”, enfatiza.

As dificuldades foram superadas com dedicação. No Coluni, ela vivia na casa do estudante e fazia as refeições gratuitamente no restaurante universitário (RU). Na Unicamp, era a mesma coisa. “Ganhei Bolsa Assistência Social da Unicamp. Eu tinha o RU de graça e morava de graça, mas tinha que trabalhar na universidade 15 horas por semana para receber uma ajuda de custo no final do mês”, conta.

Assim, Letícia começou a trabalhar em um projeto de pesquisa no Departamento de Engenharia Mecânica. “O trabalho acabou sendo útil porque ganhei experiência prática em pesquisa, mas foi difícil porque tinha que estudar carga horária completa, trabalhar 15 horas por semana e tirar nota boa. Agora, eu estou entre os 10% melhores estudantes da Unicamp em engenharia mecânica”, comemora.

A opção pela engenharia mecânica aconteceu ainda no ensino médio. “Foi uma associação de duas coisas: eu percebi que sou apaixonada por matemática e física - tanto que participava de olimpíadas nos finais de semana - e acho muito da hora essas coisas incríveis que os seres humanos podem fazer, tipo carro, avião, robô, foguete. Eu queria conseguir fazer isso também”, relata.

Por causa das dificuldades financeiras, estudar fora do Brasil seria apenas um sonho inatingível para a estudante brasileira. “Isso sempre foi uma coisa fora da minha realidade. Não fazia parte do meu mundo, entende. Mas quando comecei a estudar na Unicamp e fiquei sabendo de todos esses programas de intercâmbio que existem, daí comecei a cogitar. Então, estudei pra caramba porque decidi que não sairia da Unicamp sem um intercâmbio”, lembra.

O Programa Ciência sem Fronteiras foi o incentivo que faltava à determinação da jovem. “Quando fiquei sabendo dessa oportunidade, eu disse pra mim mesma: ‘eu tenho que conseguir isso’. Esse programa é tudo. Eu nunca estaria aqui se não fosse pela bolsa”, elogiou. A escolha da Austrália foi baseada em dois fatores principais: o idioma e a universidade. “Eu queria aprender inglês e as universidades australianas estavam muito bem colocadas no ranking das cinquenta melhores universidades do mundo”, explica.

Letícia chegou a Sydney em julho de 2012, mas o idioma foi o principal desafio. Ela havia passado com a nota mínima no Toefl, mas ainda precisou estudar 25 semanas de inglês na Austrália antes de ingressar no curso universitário.  “Eu nem sabia o que era aquela prova. Então, comecei a faltar aula na Unicamp, a fazer todo o possível, a usar os últimos segundos que eu tinha antes do teste para estudar inglês. É muito importante conhecer o formato da prova”, afirma.

As diferenças na estrutura dos cursos no Brasil e na Austrália chamaram a atenção da jovem. “Na Austrália, a avaliação é baseada em provas e trabalhos. Na Unicamp, eu só tenho prova. Mas considero que os trabalhos são muito mais próximos do que a gente vai fazer na nossa vida profissional do que a prova. Por exemplo, no último trabalho que eu fiz, eu tinha que fazer um design de parafuso pra resistir a uma certa pressão no cilindro de uma máquina de um carro. Isso é um tipo de projeto que você vai fazer em uma empresa. Numa empresa, eles não vão te dar um papel com questões pra você resolver em meia hora”, analisa. Ela ressalta, no entanto, que as provas ainda valem de 50% a 65% da nota na Universidade de Sydney, onde estuda.

Letícia foi indicada para o Prêmio de Estudante Internacional do Ano pelo empenho e por sua capacidade de liderança. Entre outras iniciativas, que incluíram o gerenciamento de projetos, ela colaborou na organização de um evento para incentivar estudantes aborígenes a escolherem a faculdade de engenharia mecânica. “A Austrália está acrescentando muito à minha vida acadêmica. Eu nunca aprendi tanto em um período tão curto de tempo”, diz.

A outros estudantes brasileiros, Letícia dá um recado: “Não espere que sua família seja diferente, ou que a política do país mude, pra você conseguir o que você quer. Seja responsável por sua própria vida e lute para resolver seus problemas”.

Quanto à premiação, ela fala emocionada: “É inacreditável! Se paro para pensar como tudo começou, é algo que eu não poderia imaginar. De repente, eu estou aqui em outro país, falando inglês, na Ópera House, recebendo um prêmio. É difícil descrever. Só digo que vale a pena lutar. Vale a pena lutar demais porque, quando você vence, é a melhor sensação do mundo”, conclui.

O estudante brasileiro Enrico Avona, aluno de Diploma of Laboratory Technology na escola técnica Tafe, ficou entre os finalistas na categoria Vocational Education and Training.

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Fonte: Especial para Terra
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