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Após reintegração, alunos seguem para outras ocupações em SP

6 mai 2016 - 15h41
(atualizado às 15h58)
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Após a reintegração de posse da sede do Centro Paula Souza (CPS), na manhã de hoje (6), os estudantes que acampavam no local seguiram para outras ocupações. Um dos alvos é a Diretoria de Ensino da Região Centro-Oeste, em Perdizes, zona oeste paulistana. O local foi tomado pelos jovens ontem (5). Além dele, estão sob controle dos alunos da rede pública de ensino pelo menos 11 escolas técnicas, duas escolas estaduais e outra diretoria na região sul da cidade. A mobilização é contra a falta de merenda e pela apuração de denúncias de corrupção envolvendo contratos da alimentação escolar.

Mobilização é contra a falta de merenda e pela apuração de denúncias de corrupção envolvendo contratos da alimentação escolar.
Mobilização é contra a falta de merenda e pela apuração de denúncias de corrupção envolvendo contratos da alimentação escolar.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil/Fotos Públicas

A Polícia Militar cumpriu, às 6h40 de hoje, a ordem de despejo concedida pela Justiça de São Paulo no domingo (1º). Na noite de ontem (5), o juiz desembargador Rubens Rihil derrubou a série de condicionantes para a reintegração que havia sido estabelecida durante audiência de conciliação. O juiz Luis Manuel Fonseca Pires, da Central de Mandados havia proibido o uso armas, letais ou não, inclusive cassetetes e balas de borracha ou gás de pimenta; e exigiu que o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, estivesse presente na ação.

Com isso, os policiais isolaram o prédio do CPS, que fica na Luz, região central da capital, e retiraram os estudantes à força. “Eles fizeram dois cordões e foram afastando os apoiadores [pessoas que estavam em volta do edifício]. Enquanto eles afastavam os apoiadores, a Tropa de Choque entrou no prédio, com quatro policiais para cada ocupante, arrastando para a rua”, conta Otávio, de 16 anos, um dos estudantes do ensino técnico que participou da ocupação.

Alunos seguiram em passeata pela Avenida Tiradentes com a intenção de fortalecer a ocupação da Escola Técnica Estadual de São Paulo (Etesp). A manobra foi impedida pela polícia, que cercou o complexo
Alunos seguiram em passeata pela Avenida Tiradentes com a intenção de fortalecer a ocupação da Escola Técnica Estadual de São Paulo (Etesp). A manobra foi impedida pela polícia, que cercou o complexo
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil/Fotos Públicas

Os alunos seguiram, então, em passeata pela Avenida Tiradentes com a intenção de fortalecer a ocupação da Escola Técnica Estadual de São Paulo (Etesp). A manobra foi impedida pela polícia, que cercou o complexo que abrange também a Faculdade de Tecnologia de São Paulo (Fatec).

“Quando a gente chegou aqui já tinha a polícia de frente tentando empurrar os que estavam chegando”, conta Otávio. Segundo ele, alguns dos participantes do protesto ficaram levemente feridos. “Alguns levaram cassetadas nos braços e na cabeça e escudadas na cara”.

Uma parte dos jovens ficou do lado de fora da Etesp, mas alguns afirmavam que iam ajudar na mobilização de outros locais sob ocupação.

O CPS, autarquia que administra a rede de ensino técnico, foi ocupado no último dia 28, após uma passeata contra a falta de merenda nas escolas técnicas estaduais. Apesar de muitos terem aulas durante todo o dia, recebem apenas lanches e reivindicam que seja fornecido almoço.

O movimento também quer chamar atenção para as denúncias de corrupção nos contratos da alimentação escolar destinada principalmente aos alunos do ensino básico regular.

Uma parte dos jovens ficou do lado de fora da Etesp, mas alguns afirmavam que iam ajudar na mobilização de outros locais sob ocupação.
Uma parte dos jovens ficou do lado de fora da Etesp, mas alguns afirmavam que iam ajudar na mobilização de outros locais sob ocupação.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil/Fotos Públicas

Uma força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público investiga, na Operação Alba Branca, deflagrada no dia 19 de janeiro, um esquema de fraudes na compra de merenda escolar de prefeituras e do governo paulista. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), de Ribeirão Preto, as fraudes na contratação da merenda, entre 2013 e 2015, envolvem 20 municípios. Os contratos sob suspeita chegam a R$ 7 milhões, dos quais R$ 700 mil foram, segundo os promotores, destinados ao pagamento de propina e comissões ilícitas.

“Quando a gente chegou aqui já tinha a polícia de frente tentando empurrar os que estavam chegando”, contou um estudante de 16 anos. Segundo ele, alguns dos participantes do protesto ficaram levemente feridos.
“Quando a gente chegou aqui já tinha a polícia de frente tentando empurrar os que estavam chegando”, contou um estudante de 16 anos. Segundo ele, alguns dos participantes do protesto ficaram levemente feridos.
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil/Fotos Públicas

A mesma situação levou um outro grupo de estudantes a ocupar o plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O presidente da Casa, Fernando Capez (PSDB) teve o nome citado nas investigações da PF, mas nega qualquer envolvimento. Os estudantes estão no plenário da Alesp desde terça-feira e ontem (5) foram notificados para deixar o local em 24 horas.

Agência Brasil Agência Brasil
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