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Alunos aprendem em aulas práticas e exatas deixam de ser vilãs

Professores transformam teoria em prática e tiram medo das exatas

4 mar 2012 - 08h53
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As disciplinas da área de ciências exatas já foram consideradas as grandes vilãs da trajetória escolar. Hoje, os alunos não têm tantos motivos para morrer de medo de física e matemática. Com o objetivo de conquistar os jovens - e evitar calafrios cada vez que for necessário fazer um cálculo -, professores têm buscado maneiras diferentes de trabalhar o conteúdo. O segredo, dizem, está na abordagem: nada de decorar fórmulas. É preciso compreender aquilo que está na lousa. Melhor ainda se, depois da tradicional explicação, for possível transformar a teoria em prática.

Incentivar a participação em eventos e competições ligados à matemática e à física vem sendo uma estratégia dos professores para conquistar os alunos. A Oficina do Estudante, de Campinas (SP), promove aulas de preparação para competições nas duas disciplinas. "O conteúdo abordado é o mesmo do ensino médio, mas as olimpíadas exigem que o aluno pense soluções diferentes para o mesmo problema", diz a professora de física Mônica Nunes.

Ela explica que os inscritos recebem acompanhamento de professores uma vez por semana, em turno contrário às aulas. "Aprofundamos a matéria e depois é treino, treino e treino", diz. Para Mônica, a base da aprendizagem está em compreender o fundamento da questão. "Assim, eles conseguem resolver problemas mesmo sem ter decorado a fórmula. Isso só acontece porque entenderam o motivo de essa fórmula existir e de onde ela vem", destaca.

Medalha de bronze na Olimpíada de Matemática do Sistema Etapa em 2011, Mathias Epstein Later, 16 anos, foi influenciado ainda em casa a gostar de números. Cursando o ensino médio na Oficina do Estudante, ele é filho de um engenheiro e estuda para seguir a mesma profissão. Gosta de todas as matérias, mas garante preferir aquelas ligadas a exatas. "Fazem mais sentido", afirma. Mathias aponta a postura dos professores como um fator decisivo para gostar ainda mais da área. "Eles explicam a matéria e dão um ou dois exemplos de cada exercício. Depois de entender como se faz, treino algumas vezes. Assim, consigo fixar", conta.

Para especialista, professores devem estar abertos a diversos métodos

Mesclar diferentes técnicas de ensino é uma boa opção para professores que querem tornar as aulas mais atrativas. Para o doutorando em Educação Matemática na PUC-SP Adriano Vargas Freitas, é importante considerar aspectos sociais e culturais do aluno, o que pode ajudar na hora de planejar os encontros. "Essas novas gerações estão atentas à internet e outras novas tecnologias, e o professor deve estar aberto a trabalhar outras modalidades de ensino", diz. "É interessante trabalhar com um currículo atualizado, bons livros didáticos e práticas que sejam enriquecedoras e proporcionem um ambiente de descoberta", acrescenta.

No caso do ensino da matemática e da física, Freitas defende a resolução de problemas. "Isso ajuda o aluno a despertar para aquilo que o professor está falando, porque ele percebe que pode utilizar aquilo na vida dele, e não apenas no ambiente escolar", afirma. Para o especialista, eventos como olimpíadas são capazes de estimular ainda mais o estudo. "É uma forma de dar oportunidade a mais um ambiente de estudo, de propagar ideias e questões interessantes. Também é importante que os professores utilizem as provas desses eventos não apenas no dia, mas também depois, para debater as questões, encontrar novas formas de resolução e incentivar o pensamento", avalia.

Laboratório de física permite aliar teoria à prática

No caso da disciplina de física, o laboratório da Oficina do Estudante recebe os alunos na hora de fazer experimentos que ilustram o conteúdo ensinado. "Ultimamente, uma turma estava estudando calorimetria. Fomos para o laboratório fazer experimentos de medição de temperatura. Usamos termômetros, falamos sobre transformação de escalas termométricas. Depois, eles criaram suas próprias escalas e, a partir delas, mediram a temperatura de seus corpos", conta a professora da Oficina.

Mônica explica que esse tipo de prática nem sempre é possível, já que alguns experimentos são muito complexos para o ambiente escolar. Ainda assim, a professora garante que os diferentes métodos resultaram na melhora do desempenho das turmas. "Eles ficaram mais interessados. As perguntas ficaram melhores, o que mostra que eles estão entendendo a matéria", completa.

Mathias Epstein Later, 16 anos, participa das olimpíadas de matemática e diz que adora os números
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Foto: Oficina do Estudante / Divulgação
Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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