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Coreia do Sul muda rotina de todo país para realizar o vestibular

11 nov 2011 - 06h00
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Mais de 690 mil estudantes sul-coreanos se submeteram na quinta-feira ao exame de ingresso à universidade, cuja importância faz com que o país mude por um dia seus horários, agilize o transporte público e desdobre as forças da ordem.

A sociedade da Coreia do Sul, que confia o progresso nacional ao desenvolvimento de recursos humanos capacitados, considera o dia do vestibular ou "Suneung" como o dia mais importante da vida de seus cidadãos, já que desta prova depende seu sucesso profissional e social.

Nada pode distrair os estudantes em um dia tão crucial, e por isso o Governo, como faz todo ano, ordenou o atraso de voos durante os exames de compreensão oral para que o barulho dos aviões não incomodasse os candidatos.

Além disso, a maioria dos trabalhadores em Seul e nas principais cidades entrou ontem uma hora mais tarde no trabalho para deixar as ruas livres dos habituais congestionamentos e evitar atrasos entre os estudantes.

Aqueles que, mesmo assim, chegavam tarde à prova em um dos 1.207 centros de exame contaram com a ajuda de policiais, que foram amplamente desdobrados para, entre outras tarefas, escoltar em seus veículos os atrasadinhos.

A Bolsa de Seul também abriu e fechou ontem uma hora mais tarde para evitar qualquer influência sobre o início do exame.

A incomum importância do vestibular na Coreia do Sul se explica, em grande medida, pelo sistema de classificação de universidades por níveis, que leva os estudantes a concorrerem ferozmente para se matricularem em uma das mais prestigiadas.

Pertencer ao chamado "clube SKY" (iniciais das três universidades de maior nível na Coreia) garante aos estudantes futuras oportunidades de trabalho em um dos grandes conglomerados do país, como Samsung, Hyundai ou LG, e um elevado status social, além de encher de orgulho seus pais e irmãos.

"Quatro (horas diárias de sono) são sucesso, cinco são fracasso", afirmou à Agência Efe Lee Hae-song, de 25 anos, que tempo atrás escutava nos corredores de sua escola esta popular consigna que a incitava a dormir menos para poder estudar mais.

Embora a jovem Lee tenha ficado de fora do "clube SKY", conseguiu se formar na nona universidade mais prestigiada do país de um total de 347 e isto permitiu que seu currículo fosse, pelo menos, levado em conta quando chegasse ao escritório de um responsável de recursos humanos.

Quando era adolescente, Lee dedicava ao estudo uma média de 16 horas diárias de segunda-feira a domingo e dormia entre quatro e cinco horas cada noite, naquela que foi "a etapa mais cansativa" de sua vida.

Embora o Governo tenha baixado o nível das provas em 2009 pelo aumento de suicídios entre jovens de 15 a 19 anos (8,5 por cada cem mil habitantes em 2008, mais que o dobro de 2000), hoje a situação é similar à descrita por Lee.

Inclusive a popular consigna estudantil evoluiu para "três (horas de sono) são sucesso, quatro são fracasso", como pode ser lido no Naver, o principal buscador de internet sul-coreano.

Enquanto os estudantes começavam o exame que decidirá seu futuro, milhares de fiéis transbordavam a capacidade de igrejas e templos para pedir a Deus ou a Buda que ajudassem a seus filhos e irmãos a entrarem no Olimpo universitário.

A sorte está lançada e os jovens da Coreia do Sul viverão agora uma tensa espera de quase três semanas até 30 de novembro, dia em que serão publicadas as notas que decidirão seu futuro.

EFE   
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