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Vítima da mudança climática, Filipinas depositam esperanças em acordo global

1 dez 2015 - 06h11
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As Filipinas, um dos países que mais sofrem os efeitos do aquecimento global, esperam com impaciência a definição de um acordo na Conferência do Clima de Paris (COP21), que começou na segunda-feira e terminará no dia 11 de dezembro.

"Este é um momento decisivo em nossa história. Um acordo essencialmente definiria o futuro da humanidade e de nosso planeta", disse Emmanuel de Guzman, chefe da Comissão para a Mudança Climática das Filipinas que participa da reunião.

De acordo com um estudo divulgado recentemente pelo Escritório para a Redução de Risco de Desastres da ONU (UNISDR, sigla em inglês), as Filipinas são o quarto país do mundo com mais desastres naturais nos últimos 20 anos.

De 1995 a 2015, o arquipélago filipino vivenciou 274 desastres naturais que afetaram cerca de 130 milhões de pessoas, 90% deles relacionados com o clima, segundo o relatório.

O UNISDR também ressalta que "os desastres naturais climatológicos são cada vez mais frequentes", e na última década aumentaram em 14% em relação ao período de 1995 a 2004, um fenômeno que os especialistas relacionam diretamente com o aumento global da temperatura.

"Com a ascensão das temperaturas, os oceanos também se aqueceram, motivo pelo qual há mais tufões e de maior intensidade, e as Filipinas estão bem ao lado do oceano Pacífico, por isso estamos sofrendo as consequências de forma muito direta", comentou Anna Abade, representante da organização ambiental Greenpeace nas Filipinas.

Um desses tufões foi o "Haiyan", uma das tempestades mais violentas a tocar a terra e que deixou 6,3 mil mortos nas Filipinas, mais de mil desaparecidos e 11 milhões de afetados, muitos dos quais anda estão reconstruindo suas vidas dois anos depois.

"Neste ano também tivemos uma seca, ou seja, o que não for afetado por um tufão nas Filipinas será afetado pela falta de chuvas", lamentou Abade, que também faz parte da delegação filipina composta por mais de 50 pessoas na COP 21.

Diante dos efeitos sofridos pela mudança climática, o país exige que todas as nações cheguem a um acordo neste ano para reduzir a emissão de gases poluentes e inclusive se compromete a minimizar os seus.

"O problema da mudança climática é complicado porque os gases nocivos não têm passaportes ou vistos, e no final afetam os países mais vulneráveis. É por isso que é preciso haver um compromisso internacional", explicou a porta-voz do Greenpeace.

Apesar de as Filipinas só representarem 0,25% das emissões de carbono do mundo, o país quer ser um exemplo para as nações que mais produzem gases nocivos. Por isso, a comissão filipina apresentará durante a COP 21 uma proposta para reduzir em 70% seus gases poluentes até 2030.

No entanto, as Filipinas advertem que em troca desse compromisso necessitará de ajuda econômica e tecnológica para se tornar uma nação de energias limpas e renováveis.

Outra das iniciativas do país para lutar em prol da redução dos gases do efeito estufa no mundo é o caso apresentado em 22 de setembro perante a Comissão de Direitos Humanos da ONU, para que seja estudada a responsabilidade das 50 empresas mais poluentes na mudança climática.

"Países como as Filipinas levam a pior com a mudança climática e, em última instância, isso acaba afetando os direitos humanos dos filipinos. É claro que os desastres naturais causados pela mudança climática têm impacto no direito à moradia porque a cada tufão o povo perde suas casas, não têm acesso a água e comida, perdem seus parentes", explicou Abade.

O caso, que afeta principalmente petroleiras como Chevron, Exxonmobil, BP e Shell, foi apresentado à Comissão de Direitos Humanos da ONU por 12 organizações e mais de 1,2 mil filipinos afetados por desastres naturais.

EFE   
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