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Ricupero diz que presidente Dilma fala fantasias

2 mai 2012 - 16h13
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A presidente Dilma Rousseff fala fantasias, disse o embaixador Rubens Ricupero durante o programa Sustentabilidade, apresentado por Ricardo Young, no Terra TV, nesta quarta-feira, que contou com a presença do coordenador de processos internacionais do Vitae Civilis Aron Belinky e do presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão. Durante o programa foi discutida a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada no próximo mês.


O presidente do Instituto Ethos diz que, apesar dos esforços de gente do próprio governo, o conceito de sustentabilidade ainda não entrou no DNA do governo. Abrahão entende que um dos pontos de maior importância na Rio+20 será a discussão de novas métricas que possam ir além do PIB e medir também a qualidade de vida das pessoas.


Para Belinky, do Vitae Civilis, a opção pela sustentabilidade requer a independência das políticas governamentais das diversas áreas que integram o PIB. De acordo com Ricupero, o governo parece não ter imaginação no que se refere à adoção de medidas de estímulo à produção mais sustentável. Ele cita o pacote de 2009 e diz que o governo só tinha, talvez, uma medida, nesse sentido: a vantagem para quem comprasse geladeira com maior economia no consumo de eletricidade.


Ricupero, que representa um grupo integrado por ex-ministros e cientistas que acredita que a prioridade da Rio+20 deveria ser a questão ambiental, pois ela põe em risco a permanência do homem no planeta, ressalta que a primeira grande contribuição para a redução das emissões de gases estufa no mundo vem da economia. "Se o Brasil olhasse o desperdício, teríamos um ganho assombroso."

Para ele, as pessoas que economizam eletricidade e água, por exemplo, poderiam ter um benefício, além da economia em si. "Mas o governo, nesse, ponto, parece não ter imaginação."


"No pacote de 2011, falou-se muito que o governo, antes de apoiar a indústria, iria exigir contrapartidas das montadoras, na forma de carros mais eficazes, que não poluíssem tanto, fossem mais eficientes no consumo de combustíveis. Mas as montadoras não gostaram. Não se falou mais no assunto.", critica o embaixador.

Ricupero entende que as medidas econômicas adotadas pelo governo são paliativas, não resolvem muito, pois, no caso das montadoras, elas vendem mais carros e geram mais poluição. Para ele, faltam medidas de conteúdo verde.

Segundo o embaixador, quando a presidente fala das fantasias de ambientalistas, "ela não se dá conta, pois acho que ela usa de boa-fé, que fantasia é o que ela está dizendo", afirma. "A ciência mostra que os limites do planeta são muito grandes, então pensar que esse tipo de abordagem que se está fazendo vai poder continuar indefinidamente, isso sim é fantasia que contraria a ciência ambiental."


Para o presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, como a presidente vem de uma área técnica, trata do modelo técnico e, na hora de debater, de ter uma visão mais generosa do desenvolvimento sustentável, peca por essa origem. "O desenvolvimento sustentável, na verdade, ainda não entrou no DNA do governo, apesar dos grandes esforços de gente do próprio governo para mudar isso."

Para Abrahão, um importante caminho para o desenvolvimento sustentável é criar um novo padrão de medição da economia. "É preciso deixar de medir somente o Produto Interno Bruto (PIB) e passar a incorporar outras dimensões, como a qualidade de vida das pessoas. É preciso incorporar as condicionantes do desenvolvimento sustentável."

Já Aron Belinky acredita que o que se precisa é parar de se ter uma política refém da mesma fatia do PIB. "Não é só pensar em fazer crescer o PIB. É discutir qual a parte do PIB está dando as regras", explica."Se a gente insistir em projetos de grandes usinas, por exemplo, estaremos servindo a interesses de empreiteiras que fazem grandes usinas e financiam campanhas políticas. Não é por ignorância ou por vício de origem tecnocrática que não se muda o modelo. Claramente há uma disputa de interesses e de espaços políticos. Um modelo que preze a eficiência em vez de geração nova, que preze a geração descentralizada, com uso, por exemplo, de painéis solares, não faz o jogo da concentração de poderes no governo, nos ministérios etc.", afirma.

Clique aqui para assistir a íntegra do programa

Fonte: DiárioNet DiárioNet
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