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Preços de hotéis durante Rio+20 espantam estrangeiros

10 mai 2012 - 06h02
(atualizado às 06h38)
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Os hoteleiros do Rio de Janeiro aproveitaram a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, que acontecerá em junho, para produzir uma escalada de preços que assustou várias delegações estrangeiras, motivando uma investigação oficial.

O diretor jurídico da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor do Rio de Janeiro (Procon), Carlos Edson Monteiro, afirmou à Agência Efe que foram detectados casos isolados de altas não justificadas de preços, mas considerou que "não é um problema generalizado", apesar das queixas de vários participantes da Rio+20.

O exorbitante preço dos hotéis levou o Parlamento Europeu a anunciar na última terça-feira, por meio do eurodeputado holandês Gerben Jan Gerbrandy, o cancelamento de sua participação na conferência.

O eurodeputado se mostrou "decepcionado" pelos abusos do setor hoteleiro da cidade, que em alguns casos cobra até 600 euros por noite.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse à Efe que ainda não recebeu nenhuma notificação oficial sobre a ausência da delegação do Parlamento Europeu.

Apesar disso, algumas delegações já anunciaram a redução do número de reservas, o que é "compreensível e natural" neste tipo de eventos, segundo o porta-voz.

O Procon e vários organismos públicos mantiveram em abril uma reunião com a associação de hoteleiros para "sensibilizar" a classe e evitar a necessidade de aplicar multas que poderiam chegar a R$ 6 milhões.

A Rio+20 concentrará entre 20 e 22 de junho cerca de 100 chefes de Estado e de Governo e em torno de 50 mil pessoas credenciadas para discutir o conceito de economia verde e a reforma dos organismos multilaterais de desenvolvimento sustentável.

Conseguir uma reserva de hotel na cidade nessas datas é praticamente impossível e, quando acontece, o preço costuma superar em duas ou três vezes o habitual.

O Parlamento Europeu se queixou também da obrigação de reservar pacotes por semanas inteiras, apesar de as reuniões de alto nível só durarem três dias.

Segundo a imprensa brasileira, vários países europeus e asiáticos, assim como ONGs, também decidiram reduzir suas delegações na Rio+20 devido ao excessivo custo com hospedagem.

A organização ofereceu às delegações vários pacotes fechados, com um mínimo de três noites e um máximo de dez, embora a distribuição das vagas dependa de uma agência de viagens contratada pelo Governo que conta com autonomia, segundo o porta-voz.

O Governo reservou desde o ano passado cerca de 12 mil quartos para o pessoal das Nações Unidas e as delegações oficiais e, segundo dados da associação de hoteleiros, cerca de 95% dos 33 mil quartos da cidade estarão ocupados entre 13 e 22 de junho, período no qual haverá dezenas de atos paralelos à Rio+20.

Os poucos hotéis que ainda têm quartos disponíveis estão oferecendo pacotes fechados de dez noites e, além disso, exigem pagamento antecipado.

Os pacotes de dez noites em hotéis de três estrelas ficam em torno de R$ 4.100, enquanto os estabelecimentos de luxo cobram diária de até R$ 1.770 por pessoa nos quartos mais simples e sem direito a café da manhã.

O Procon considera que a oferta de pacotes fechados é "abusiva", embora até agora não tenha recebido denúncias, segundo Monteiro.

Para cobrir o déficit de quartos, a Prefeitura pediu aos cariocas que aluguem quartos de suas casas aos participantes da Rio+20 e dos eventos alternativos.

De forma paralela, foram criados sites com anúncios de particulares para o aluguel de apartamentos, quartos e camas durante a conferência.

Quem não puder pagar esses preços terá a opção de alojar-se em tendas, que serão dispostas em um acampamento provisório que a Prefeitura montará na Quinta da Boa Vista, na Zona Norte do Rio.

Outra alternativa das autoridades é alojar parte dos visitantes em cidades vizinhas, como Petrópolis, a 68 quilômetros do centro do Rio e a quase 100 de onde a reunião acontecerá.

EFE   
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