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Papa pede em Encíclica que humanidade salve o planeta

Francisco designa a mão do homem como o principal culpado pelo aquecimento global no documento que será publicado na quinta-feira

16 jun 2015 - 11h21
(atualizado às 14h07)
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Papa Francisco discursa durante audiência na Praça São Pedro, no Vaticano, em 14 de junho
Papa Francisco discursa durante audiência na Praça São Pedro, no Vaticano, em 14 de junho
Foto: Giampiero Sposito / Reuters

O papa Francisco pedirá a toda a humanidade para agir rapidamente para salvar o planeta, vítima de seus excessos, em uma encíclica muito aguardada e que será publicada na quinta-feira, a seis meses da conferência do clima em Paris.

Francisco designa claramente a mão do homem como o principal culpado pelo aquecimento global, de acordo com várias fontes que tiveram acesso a esta encíclica, uma mensagem expressando a posição do Papa sobre um tema atual, e destinada a todos os católicos.

"Esta encíclica terá um grande impacto. Francisco está diretamente envolvido como nenhum papa antes dele. Ele está animado com o que esta encíclica comunicará", afirmou Christiana Figueres, presidente da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), em uma recente reunião em Bonn, na Alemanha.

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De acordo com uma versão preliminar divulgada pelo jornal italiano L'Espresso, que o Vaticano não reconhece como oficial, o Papa considera ser essencial reduzir drasticamente as emissões de dióxido de carbono e outros gases altamente poluentes.

Ele também faz um apelo, de acordo com esta versão do texto, em favor de acordos que estabeleçam as responsabilidades dos Estados que devem pagar o custo mais elevado da transição energética.

Estas declarações farão hesitar alguns conservadores americanos "céticos do clima", que garantem que o aquecimento global é resultado apenas de causas naturais. O Papa se junta a maioria dos especialistas que afirmam a complexa complementaridade das duas causas: natural e humana.

De acordo com os trechos vazados, o Papa também acredita que a propriedade privada continua sujeita à destinação universal dos bens, observando que o homem não é Deus, mas recebeu de herança a terra.

Esses vazamentos, reproduzidos por parte da imprensa mundial, irritaram muito o Vaticano, que excluiu indefinidamente o jornalista do L'Espresso que publicou o texto.

No texto final e oficial, o Papa lembrará "a responsabilidade de todos pelas gerações futuras", pedindo coragem antes da conferência a ser realizada em dezembro, em Paris, segundo a revista italiana Civiltà Cattolica, cujos textos são revisados pelo Vaticano.

Em 12 de maio, o papa Francisco adveritiu as "potências que seriam julgadas por Deus" se não respeitassem o meio ambiente.

Durante o Angelus de domingo, Francisco insistiu que sua encíclica "era dirigida a todos" - e não apenas aos 1,2 bilhão de católicos - para defender a "'casa' comum".

O Papa argentino, denunciando a cultura do lixo, convidou a todos a conduzir a sua própria reciclagem.

Papa oferece ajuda em processo de paz na Colômbia:

"A sobriedade não se opõe ao desenvolvimento, ela tornou-se sua condição", disse ele na semana passada.

De acordo com uma fonte que teve acesso ao documento confidencial, a encíclica não é um inventário de soluções, mas dá uma "visão global" da "ecologia", querendo convencer a todos, desde o consumidor médio aos chefes de Estado e multinacionais.

Ela afirma que as causas, primeiramente humanas, devem ser controladas: "Existem fortes evidências científicas de que os fatores humanos causam grandes danos, não só para a própria natureza, mas também à vida, especialmente as dos mais pobres. Isso exige novos modos de produção, distribuição e consumo", indicou a fonte.

"Ninguém, depois de ter lido a encíclica, poderá dizer: 'tenho a consciência tranquila, porque não foi endereçada a mim', ou: 'o Papa se dirige a tal grupo", acrescentou a fonte do Vaticano.

"Laudato si" ("Louvado Sejas", um título inspirado no Cântico das Criaturas de Francisco de Assis) é a primeira encíclica inteiramente escrita por Jorge Bergoglio.

O Papa consultou vários especialistas, incluindo sacerdotes que trabalham na Amazônia, para redigir este documento. Ele será apresentado à imprensa internacional por um dos seus auxiliares, o cardeal Peter Turkson de Gana, chefe do ministério da Justiça e da Paz.

"Laudato si" fala sobre a "ecologia humana", tema mais amplo que a defesa da natureza e que afeta a maneira como a sociedade defende a vida, administra a "criação de Deus" e distribui aos homens.

O Papa tem criticado repetidamente os excessos do capitalismo desenfreado com base apenas no lucro, e não no bem-estar social.

Para Francisco, a "ecologia não é apenas uma questão de economia, mas também da ética e da antropologia", explica Civiltà Cattolica.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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