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ONU comemora sinais de recuperação da camada de ozônio

Camada de ozônio deve retornar a seu nível dos anos 1980 "antes de meados do século nas latitudes médias e no Ártico, e um pouco mais tarde na Antártida"

10 set 2014 - 17h42
(atualizado às 18h16)
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Ações em nível global para proteger a camada de ozônio devem permitir sua recuperação até 2050, comemorou a ONU em um estudo divulgado nesta quarta-feira em que ressalta, no entanto, a urgência de enfrentar o atual desafio do aquecimento global.

"A reconstituição, em algumas décadas, da camada de ozônio que protege a Terra está no caminho certo, graças a uma ação internacional conjunta contra o uso de substâncias destruidoras do ozônio", indica o relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP).

Conduzido por cerca de 300 cientistas de 36 países, este trabalho destaca o papel crucial desempenhado pelo Protocolo de Montreal, que tem permitido evitar "dois milhões de casos de câncer de pele a cada ano até 2030".

Sem esse acordo, "um dos tratados sobre o meio ambiente mais eficaz do mundo, (...) os níveis atmosféricos de substâncias que destroem o ozônio poderia aumentar dez vezes até 2050", revela o documento, que confirma as estimativas já anunciadas pela ONU em 2010.

Assinado em 1987, o Protocolo de Montreal levou à proibição progressiva dos clorofluorcarbonos (CFCs), substâncias que empobrecem a camada de ozônio, gás de proteção situado entre 20 e 50 quilômetros acima da Terra e que protege o planeta da radiação solar ultravioleta.

De acordo com o estudo, a camada de ozônio deve retornar a seu nível dos anos 1980 "antes de meados do século nas latitudes médias e no Ártico, e um pouco mais tarde na Antártida". Depois da década de 80, começaram a ser registradas reduções significativas na camada de ozônio.

Sobre a Antártida, o buraco na camada de ozônio continua a se formar a cada primavera, e este fenômeno deverá continuar durante grande parte deste século, já que as substâncias que empobrecem o ozônio persistem na atmosfera, mesmo não existindo mais emissões, segundo o estudo.

"A ação internacional em favor da camada de ozônio é um grande avanço no campo do meio ambiente", comemorou Michel Jarraud, secretário-geral da OMM, para quem estes resultados são um incentivo "para demonstrar o mesmo nível de urgência e união para enfrentar o desafio ainda maior que representa as mudanças climáticas".

Uma reunião de chefes de Estado, sob os auspícios das Nações Unidas, deve ser realizada em 23 de setembro em Nova York para tentar mobilizar ações para combater as alterações climáticas.

Embora o documento de 110 páginas (um resumo do estudo para os líderes políticos) se mostre otimista quanto à camada de oxônio, também soa como uma alerta.

O documento ressalta o fato de a produção de tetracloreto de carbono, um componente que afeta a camada de ozônio, continuar a crescer apesar de constar na lista de produtos proibidos pelo Protocolo de Montreal.

Também aponta o dióxido de nitrogênio (NO2) (precursor do óxido nítrico (NO), um gás que afeta a camada de ozônio), mas que não está inscrito no tratado.

Mas o estudo da ONU destaca, sobretudo, os riscos dos hidrofluorcarbonos (HFCs), substâncias utilizadas por quase trinta anos para substituir aquelas que destroem o ozônio, mas que são potentes gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.

Esses gases "representam atualmente cerca de 0,5 gigatoneladas de emissões equivalentes de CO2 por ano, que está crescendo a uma taxa anual de cerca de 7%", diz o estudo.

Os cientistas apontam esta evolução. Se este fenômeno não for controlado, essas emissões "deverão contribuir significativamente para as mudanças climáticas nas próximas décadas", advertem os especialistas.

A fim de limitar esses riscos, eles defendem a substituição da combinação atual de HFCs, "de elevado potencial de aquecimento global (GWP), por compostos alternativos de baixo GWP ou por novas tecnologias".

Usados na refrigeração, em ares-condicionados e na indústria em geral, os HFCs estão entre os seis principais gases de efeito estufa. Eles permanecem por menos tempo na atmosfera do que o CO2, mas o seu potencial de aquecimento global é muito maior.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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