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ONGs acreditam ter mais poder para influir na Rio+20

24 mai 2012 - 15h42
(atualizado às 16h04)
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As ONGs participantes da Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), prevista para junho no Rio de Janeiro, afirmam ter mais poder para influenciar nas negociações da ONU do que 20 anos atrás, quando a cidade sediou a chamada Eco 92.

"Em 1992, quando organizamos o Fórum Global paralelo à Cúpula do Rio daquele ano, não havia nenhum mecanismo de diálogo entre os negociadores oficiais e nossos encontros", disse nesta quinta-feira em entrevista coletiva Fátima Mello, diretora da ONG brasileira Fase e uma das integrantes do Comitê Facilitador da Cúpula dos Povos.

Neste ano, por outro lado, as ONGs poderão encaminhar diretamente suas propostas aos negociadores oficiais e à própria ONU mediante um canal direto oferecido pelo governo brasileiro ou na audiência na Rio+20, da qual participarão os responsáveis pela Cúpula dos Povos, acrescentou Fátima.

A Cúpula dos Povos, que será realizada entre 15 e 23 de junho no Rio, reunirá cerca de 20 mil militantes de organizações e movimentos sociais de todo o mundo, principalmente os que têm causas em favor do meio ambiente, índios, mulheres, jovens, trabalhadores e camponeses.

Este encontro é o principal evento paralelo à Rio+20, que reunirá entre os dias 20 e 22 de junho mais de 100 chefes de Estado e de governo. A agenda conferência está focada nas discussões sobre Economia Verde, princípio que prevê a exploração sustentável dos recursos naturais, e na definição de um sistema de gestão internacional do meio ambiente mais eficiente, que para a maioria dos países pode conseguir mediante o fortalecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Assim como 20 anos atrás, os governantes se reunirão no centro de convenções Riocentro, zona oeste do Rio de Janeiro, enquanto os militantes das ONGs se encontrarão no Aterro do Flamengo, zona sul. "Em 1992 havia pouca relação entre os dois encontros. Alguns dos que estavam no Fórum Global iam eventualmente ao Riocentro para nos informar do que ocorria", admitiu Fátima. "Hoje, por outro lado, muitos dos que estão no comitê organizador da Cúpula dos Povos integram a delegação oficial brasileira na Rio+20".

A militante disse que militantes de ONGs de outros países também integram delegações oficiais ou fazem parte de grupos com representação na ONU. "Essa interação aumenta nosso poder para pressionar os governos a assumir compromissos à altura da atual crise ambiental, econômica e social. Queremos pressionar inclusive porque os documentos até agora divulgados pela ONU estão muito longe do que esperamos", destacou Fátima.

Em declarações à agência EFE, ela disse que os coordenadores da Cúpula dos Povos que atuam em Nova York já negociaram com a ONU a realização de uma audiência na Rio+20 na qual os dirigentes das ONGs apresentarão suas conclusões ante os chefes de Estado. Ela comentou também sobre o mecanismo criado pelo governo brasileiro e pela ONU para permitir a participação de qualquer pessoa de qualquer lugar do mundo em conversas sobre os assuntos que serão abordados na Rio+20.

Trata-se da Riodialogues ("www.riodialogues.org"), uma plataforma digital que permite um diálogo simultâneo na internet de até 400 mil pessoas em diversos idiomas e de vários países. Esses diálogos serão realizados em torno de dez mesas-redondas com temas específicos e cada uma delas poderá incluir três sugestões concretas em um documento que será apresentado aos chefes de Estado.

"A Cúpula dos Povos não participará diretamente nos Diálogos promovidos pelo governo brasileiro por considerar que a metodologia não permite que a sociedade decida os temas que serão apresentados aos governantes, mas algumas organizações que fazem parte de nosso fórum participarão", declarou a ativista.

O evento da sociedade civil oferecerá cerca de 600 atividades, 219 atos de apresentação de experiências bem-sucedidas e 811 encontros com a imprensa, e prevê diversas manifestações no Rio. Os coordenadores disseram que, apesar do interesse manifestado por cerca de 23 mil pessoas em participar do encontro, tiveram de limitá-lo porque tem capacidade para oferecer alojamento para apenas 15 mil pessoas, em sua maioria em acampamentos.

EFE   
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