PUBLICIDADE

Balanços de empresas devem conter relatório ambiental

3 abr 2012 - 09h49
Compartilhar
Sabrina Bevilacqua
Direto de São Paulo

Na opinião do professor da USP Nelson Carvalho, para que as empresas realmente comecem a atuar em um contexto de sustentabilidade é necessário uma cultura corporativa de relatórios integrados. Segundo ele, só assim é possível apresentar o que realmente está sendo feito nessa área de forma clara, transparente e alinhada com as outros aspectos da organização.

Nelson diz que atualmente, a maioria das companhias faz um relatório financeiro, organizado por uma equipe da área contábil, e um de sustentabilidade, em geral produzido pelo setor de comunicação. "O problema é que na maioria das vezes eles transmitem mensagens diferentes." Por exemplo, enquanto o documento sobre as questões socioambientais afirma que a empresa se preocupa em cuidar do meio ambiente, o financeiro mostra que a organização tem R$ 1 bilhão em multas na Cetesb.

Para produzir um relatório integrado, não basta encadernar os dois documentos juntos, mas fazer algo que alinhe o conteúdo das diferentes áreas. Atingir esse resultado exige um processo complicado, tirando as empresas de suas zonas de conforto. Para Carvalho esse mérito vale a pena. "As empresas têm de trabalhar para cuidar do meio ambiente. Ou elas levam em conta os recursos naturais e apresentam resultados ou estão fadadas a extinção."

Para facilitar esse processo, a Global Reporting Initiative (GRI) e a Accounting for Sustainability (A4S), lideradas pelo Príncipe Charles, criaram o projeto International Integrated Reporting Council (IIRC), que visa desenvolver um modelo de relatório integrado. A intenção é criar um manual aceito globalmente para que as empresas possam unir informações financeiras, ambientais, sociais e de governança em um documento claro e consistente. Um conselho, formado por 40 empresas e pessoas físicas do mundo todo está definindo os pilares que vão sustentar esse guia. Nessa lista estão dois brasileiros, o vice-presidente de Finanças e Jurídico, Roberto Pedote, e o próprio Nelson Carvalho.

Carvalho estima que o guia oficial demore mais ou menos dez anos para ficar pronto. Ele justifica o longo prazo dizendo que "para chegar a um consenso é necessário muito diálogo, pesquisa e testes." Mas afirma que a intenção é de que no futuro cada segmento do processo de funcionamento das empresas tenha uma norma diferente.

Fonte: DiárioNet DiárioNet
Compartilhar
Publicidade