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ONU: temperatura mundial pode aumentar até 4,8º C neste século

Concentração de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera é a maior dos últimos 800 mil anos, aponta relatório

27 set 2013 - 05h30
(atualizado às 10h31)
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Cientistas estão "95% certos" de que os seres humanos foram a "causa dominante" do aquecimento global desde a década de 50
Cientistas estão "95% certos" de que os seres humanos foram a "causa dominante" do aquecimento global desde a década de 50
Foto: AP

A concentração de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso na atmosfera atingiu níveis sem precedentes, sendo considerada a maior em, pelo menos, 800 mil anos; a temperatura do planeta subirá entre 0,3°C e 4,8°C no século 21; e o nível do mar deve subir entre 26 e 82 centímetros até de 2100. Esses são alguns dos apontamentos feitos no relatório divulgado nesta sexta-feira pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ligado à Organização das Nações Unidas (ONU). O organismo destaca ainda que está cada vez mais clara a responsabilidade do homem na mudança climática.

O IPCC considera agora "extremamente provável" que a influência humana seja a principal causa do aquecimento global observado desde medos do século 20. Os especialistas calculam esta certeza em 95%, contra 90% do relatório anterior de 2007.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, agradeceu ao IPCC por sua "avaliação regular e imparcial" da mudança climática. "Este novo relatório será essencial para os governos que trabalham para alcançar acordos ambiciosos e legalmente vinculantes sobre a mudança climática em 2015", completou, em discurso exibido por vídeo durante a entrevista coletiva de apresentação do texto.

O painel analisa quatro cenários possíveis sobre as mudanças climáticas até 2100, mas sem um pronunciamento sobre a probabilidade de cada um virar realidade. No caso mais otimista, a temperatura subirá 0,3°C e, na hipótese mais pessimista, 4,8°C na comparação com a temperatura média do período 1986-2005.

A variação da temperatura dependerá em grande medida da emissão de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera nas próximas décadas. A temperatura terrestre já aumentou quase 0,8°C desde a época pré-industrial. "Para limitar a mudança climática é necessário reduzir substancialmente e de forma duradoura a emissão de gases do efeito estufa", afirma em um comunicado Thomas Stocker, vice-presidente do painel.

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O IPCC também revisou em alta as previsões sobre o aumento do nível do mar, uma das principais consequências do aquecimento global: os cientistas acreditam agora que o nível pode subir entre 26 e 82 cm durante o século 21, contra a estimativa de subir entre 18 e 59 cm feita em 2007.

Os especialistas avaliam de maneira aperfeiçoada agora o fenômeno do degelo das geleiras da costa da Groenlândia e da Antártida, que eleva o nível do mar. Eles também preveem que a mudança climática provocará novos fenômenos extremos, mas de magnitude ainda desconhecida. "As ondas de calor acontecerão com mais frequência e durarão mais tempo. Com o aquecimento da Terra, acreditamos que acontecerão mais chuvas nas regiões úmidas e menos nas regiões secas, mas teremos exceções", disse Stocker.

O IPCC, criado há 25 anos pela ONU, temo por objetivo estabelecer um diagnóstico para orientar as decisões das autoridades políticas e econômicas, mas não propõe medidas de ação concretas. O novo diagnóstico servirá de base para as negociações internacionais sobre o clima que pretendem alcançar um acordo em 2015. Os 195 países participantes querem limitar a 2°C o aumento da temperatura na comparação com a era pré-industrial. Mas, segundo o IPCC, este ambicioso objetivo só será alcançado se for confirmado o cenário de um aumento de 0,3°C durante o século 21.

"Sabemos que os esforços para limitar a mudança climática não são suficientes para inverter a tendência do aumento das emissões de gases do efeito estufa", disse Christiana Figueres, secretária executiva da ONU sobre o clima. "Para tirar a humanidade da zona de perigo, os governos têm que adotar medidas imediatas e chegar a um acordo em 2015, na grande conferência da ONU prevista para Paris", completou.

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