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Decisão do Equador de explorar petróleo na Amazônia causa revolta

Para manter a área intacta, o país queria US$ 3,6 bilhões de doações internacionais. Sem receber o dinheiro, floresta intacta será explorada

16 ago 2013 - 09h16
(atualizado às 10h43)
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Ambientalistas protestaram contra o anúncio do presidente de explorar petróleo na área do parque
Ambientalistas protestaram contra o anúncio do presidente de explorar petróleo na área do parque
Foto: AFP

O Equador decidiu seguir em frente com a iniciativa de explorar petróleo no Parque Nacional Yasuní, um dos mais ricos em biodiversidade do mundo. O anúncio foi feito na quinta-feira pelo presidente Rafael Correa e causou revolta entre ambientalistas e indígenas. Para manter a área intacta, o país queria US$ 3,6 bilhões de doações internacionais. Esse valor corresponde à metade do lucro estimado com a exploração do petróleo ao longo de 10 anos.

Da quantia estipulada por Correa, o país teria conseguido apenas US$ 13 milhões de dólares. A soma teria sido doada, em grande parte, por países europeus e organizações de proteção ao meio ambiente. A proposta da contrapartida monetária em troca da preservação da área de floresta havia sido feita em 2007.

"Nós não estávamos buscando caridade da comunidade internacional, mas corresponsabilidade diante das mudanças climáticas", afirmou o presidente, em um discurso televisionado. "Esta decisão representa uma decepção para todos nós, mas é necessária. Não tomá-la prejudicaria o nosso povo".

Floresta sobre o petróleo

Com 982 mil hectares, o Parque Nacional Yasuní foi designado pela Unesco como reserva mundial da bioesfera em 1989. Estima-se que o território contenha o equivalente a cerca de 846 milhões de barris de petróleo. O presidente equatoriano assegura que poços serão perfurados em apenas 1% da área de Yasuní. "O parque vai continuar existindo, mas a pobreza irá diminuir e, com sorte e decisões adequadas, a venceremos definitivamente", alegou Correa.

O presidente equatoriano afirmou ainda que estudos técnicos, econômicos e jurídicos foram encomendados para fundamentar a decisão da Assembléia Nacional, que vai discutir a autorização de petróleo no parque, e onde os apoiadores de Correa são a maioria. A constituição do país proíbe a exploração de fontes não-renováveis em áreas de proteção ambiental, mas permite que o presidente solicite o fim da proibição em nome dos interesses nacionais.

Grupos ambientalistas e comunidades indígenas criticaram a decisão, afirmando que o destino de Yasuní deveria ser votado em um referendo nacional. Evitar a exploração do parque significa impedir a liberação de mais de 400 milhões de metros cúbicos de CO2 na atmosfera. O Yasuní não é a única área de floresta a ser visada para exploração de petróleo. Correa também busca leiloar 13 blocos de 770m² cada um, ao sul de Yasuní.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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