PUBLICIDADE

Ásia

Indonésia supera Brasil em desmatamento de floresta tropical

As perdas de florestas virgens da Indonésia entre 2000 e 2012 equivalem à área da Irlanda

29 jun 2014 - 16h16
(atualizado às 16h22)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Vista aérea de área desmatada da floresta tropical de Sumatra, em Merang, Indonésia, em 10 de dezembro de 2010</p>
Vista aérea de área desmatada da floresta tropical de Sumatra, em Merang, Indonésia, em 10 de dezembro de 2010
Foto: Ulet Ifansasti / Getty Images

A Indonésia ultrapassou o Brasil pela primeira vez em desmatamento de florestas tropicais e as perdas estão acelerando, apesar de uma moratória de 2011 destinada a proteger a vida selvagem e combater mudanças climáticas, disseram cientistas no domingo.

As perdas de florestas virgens da Indonésia totalizaram 60 mil quilômetros quadrados - uma área quase do tamanho da Irlanda-, de 2000 a 2012, em parte para dar lugar a plantações de palmeiras para produzir óleo de palma e outras atividades agropecuárias, de acordo com a pesquisa. E o ritmo das perdas aumentou.

“Até 2012 estima-se que a perda anual de floresta primária na Indonésia foi maior do que no Brasil,” onde o desmatamento da bacia amazônica tem geralmente registrado as maiores perdas, escreveram os cientistas na revista Nature Climate Change. O desmatamento na Indonésia, só em 2012, foi de 8,4 mil quilômetros quadrados, contra 4,6 mil quilômetros quadrados do Brasil, que conseguiu reduzir as perdas nos últimos anos, diz o artigo.

“Precisamos aumentar a aplicação da lei, o controle na própria região", disse Belinda Margono, principal autora da pesquisa da Universidade de Maryland e que também trabalha como funcionária no Ministério de Administração Florestal da Indonésia. “As florestas tropicais são os pulmões do planeta. Você tem pulmões para respirar e se você se livrar dos pulmões, o planeta vai sofrer,” disse Matthew Hansen, um coautor do relatório da Universidade de Maryland.

Orangotangos

A Indonésia impôs uma moratória sobre o desmatamento em 2011, em parte para reduzir as perdas que estão arruinando o habitat de orangotangos, tigres de Sumatra e outros animais selvagens. A Noruega também prometeu US$ 1 bilhão para Jacarta, se o país reduzir as perdas florestais. “Parece que a moratória não teve o efeito esperado,” escreveram os cientistas.

As árvores absorvem o dióxido de carbono, o principal gás de efeito estufa, acusado de causar o aquecimento global, enquanto crescem, e o liberam quando são queimadas ou apodrecem. Pelas estimativas da ONU, o desmatamento pode ser responsável por 17% de todos os gases de efeito estufa produzidos pelo homem. Outras pesquisas também encontraram grandes perdas florestais na Indonésia, mas as descobertas de domingo estão focadas apenas nas florestas virgens mais importantes, excluindo plantações que podem crescer de novo rapidamente.

A Noruega, cuja promessa de US$ 1 bilhão faz parte de um plano para reduzir as mudanças climáticas em todo o mundo, disse que as descobertas reforçam a necessidade do programa. “A parceria constitui um forte incentivo financeiro,” disse uma porta-voz do Ministério do Meio-ambiente da Noruega Gunhild Oland Santos-Nedrelid. Oslo quer que a conservação seja mais atraente economicamente aos proprietários de terras do que o desmatamento.

Ela disse que as perdas florestais na Indonésia podem aumentar nos próximos meses, com os riscos de incêndios causados pela seca. Até agora a Noruega deu quase 50 milhões de dólares para a Indonésia, para ajudar a criar novas instituições para reduzir o desmatamento, disse a porta-voz. A Indonésia só vai começar a receber grandes quantias de dinheiro se o monitoramento revelar uma desaceleração do desmatamento. A Noruega, rica em petróleo do Mar do Norte e o mais generoso doador para a preservação de florestas tropicais, tem um projeto semelhante, com o Brasil e outros programas menores com países que incluem a Guiana e Tanzânia.

Reuters Reuters - Esta publicação inclusive informação e dados são de propriedade intelectual de Reuters. Fica expresamente proibido seu uso ou de seu nome sem a prévia autorização de Reuters. Todos os direitos reservados.
Compartilhar
Publicidade
Publicidade