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Escolas impedem evolução da criatividade, diz especialista

27 jan 2012 - 10h19
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Sabrina Bevilacqua
Direto de São Paulo

O sistema educacional global impede que as pessoas desenvolvam a criatividade, massificando e setorizando o pensamento. A afirmação é de Anamaria Wills, especialista britânica em Cidades Criativas. Ela diz que o sistema escolar que utilizamos hoje é do século XIX e está ultrapassado. "A escola não ensina o jovem a pensar, só a executar o que foi pedido. Isso desestimula a criança.", explica. No caso brasileiro, 1 em cada 10 alunos entre 15 e 17 anos para de estudar. A informação é da Síntese de Indicadores Sociais, divulgada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Anamaria esteve em São Paulo para uma palestra promovida pelo Serviço Social da Indústria (SESI-SP) e British Council. Durante o evento, ela defendeu o impacto positivo que a criatividade tem no bem-estar social e na economia. Segundo Anamaria, cidades criativas são aquelas que investem em educação e cultura e abrem espaço para meios de produção diferentes. Só assim as inovações aparecem.

Para Anamaria, "criatividade não é a solução para tudo, mas é uma forma de tentar mudar o modo como vivemos". Pessoas criativas não se contentam facilmente. Elas nunca estão satisfeitas, pois as coisas sempre podem ser feitas de uma maneira melhor. Ganham consciência para cobrar e assumir responsabilidades.

Para a britânica, criatividade pode ajudar a reduzir a exclusão social. Ela explica que experiências de trabalhos criativos em comunidades carentes mostram que atividades artísticas, por exemplo, levam essas pessoas a saírem do sentimento de derrota para uma sensação de sucesso. De acordo com Anamaria, quando os excluídos socialmente têm a sensação de criar algo pela primeira vez eles ganham confiança e se integram mais com outras pessoas e com o local onde vivem. Cresce a autoestima e muda a percepção sobre eles mesmos. Começam a pensar no futuro e podem se tornar cidadãos mais conscientes.

Economia criativa

Além dos benefícios sociais, Annamaria sustenta a teoria de que inteligência e criatividade são as ferramentas que podem ajudar a tirar o mundo da crise econômica. "Percebemos que as coisas não vão bem do jeito que estão. Por isso, é o momento de mudança, de tentar coisas novas. O mercado já está começando a enxergar isso. Empresas como a Apple têm reincorporado a criatividade em seus processos."

Hoje em dia, é comum ver empresas divulgando informações sobre sistemas de produção e abrindo portas para sugestões dos cidadãos, algo impensável antigamente. Muitas vezes o cidadão comum, que usa o produto no seu cotidiano, enxerga defeitos e cria funções que o produtor nunca havia imaginado.

O retorno aparece no aumento das vendas (o consumidor passa a se identificar mais com o produto) e na redução do investimento em pesquisa. Estudos revelam que o retorno financeiro de investimentos feitos em pesquisas é de 4,5%. Isso significa que quase 96% são desperdiçados. "O mundo mudou de uma economia de manufatura para uma economia da inteligência. Isso traz à tona a necessidade da criatividade."

Fonte: DiárioNet DiárioNet
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