Um em cada três franceses garante que não compra foie gras por motivos éticos, já que os gansos e patos são enjaulados e engordados para que o fígado sofra hipertrofia antes de serem sacrificados para a obtenção da iguaria.
Segundo uma pesquisa divulgada nesta terça-feira pela organização de defesa lateral dos animais L124 e elaborado pelo observatório OpinionWay, 29% dos franceses dizem não comprar foie gras por esses motivos e 77% comprariam o alimento a partir de animais não engordados, se pudesse escolher.
A pesquisa, elaborada sobre uma amostra representativa de 1.006 pessoas contactadas pela internet entre 27 e 28 de novembro, mostra também que 44% dos franceses se diz a favor de proibir essas práticas, frente aos 55% que defende a legislação atual. No entanto, 57% reconhecem que a criação de aves nessas condições significa fazer os animais sofrerem.
A tradicional técnica da gastronomia francesa é alvo recorrente das organizações de defesa dos animais, como a L124, que promove um mundo onde não se consuma carne e que no dia 21 de novembro se uniu ao primeiro Dia Mundial Contra o Foie Gras.
O controverso patê de fígado foi eleito o prato mais emblemático da cozinha francesa por 48% dos entrevistados em uma pesquisa que o Ministério francês de Economia elaborou em 2011.
Trata-se de um produto rentável e de fácil transporte vendido em conserva e cuja produção na França em 2010 passou de 19.450 toneladas, segundo os produtores.
Os principais grupos dedicados ao negócio, típico do sudoeste da França e cujo mercado representa cerca de 1,5 bilhão de euros por ano (R$ 4,7 bilhões), são Euralis Gastronomie, Delpeyrat e Labeyrie, empresas que obtêm boa parte de seu lucro durante as comemorações de Natal.
As exportações francesas de foie gras representaram em 2010 aproximadamente 47,6 milhões de euros (R$ 151 milhões).
Homem alimenta ganso à força para produzir foie gras, na França. Neste ano entra em vigor na Califórnia, nos EUA, a proibição da produção e consumo da iguaria. Mas como é feito o foie gras?
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Foram os antigos egípcios os primeiros a produzí-lo. Desde então, o método é o mesmo: engordar os fígados de patos ou gansos - atualmente, apenas nos últimos 12 a 21 dias de sua vida. Na França existe até uma lei que define que somente fígados de pato com pelo menos 300 g e de ganso com mais de 400 g são considerados
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Enquanto os opositores dizem que o processo é doloroso e causa doenças nas aves, os defensores da iguaria servida nos mais caros restaurantes dizem que os animais não se incomodam, já que as gargantas são naturalmente flexíveis para permitir se alimentar de grande quantidade de alimentos antes da migração. Saiba a seguir mais sobre outras práticas que maltratam os animais
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Qual é o motivo para se extrair bile de urso? Algumas ONGs lutam para salvar esses grandes predadores que são mantidos em fazendas para a extração de sua bile. Um tubo costuma ser inserido na vesícula biliar para a retirada da secreção
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A secreção é utilizada na medicina tradicional chinesa com a promessa de tratar problemas de fígado, infecções nos olhos, febre e outros sintomas. Contudo, a China tenta combater a prática e diversas províncias afirmam ter banido todas as fazendas de extração de bile
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Segundo ativistas, os animais ficam presos em jaulas e sentem muita dor por causa da prática. Além disso, a saúde dos ursos fica debilitada
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Por que se caçam focas? Todos os anos ativistas fazem protestos para que milhares de focas não sejam mortas, principalmente no Canadá e Groenlândia. O governo canadense defende a prática como sendo milenar e os caçadores aproveitam para vender a pele e a carne dos animais
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A principal reclamação dos ativistas é com a crueldade das mortes. O governo exige que os caçadores se assegurem que os animais estejam mortos antes de esfolá-los, mas ONGs dizem que vários agonizam por horas, inclusive filhotes
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Onde se pesca golfinho? Outra prática que é defendida como cultural, a pesca de golfinhos é alvo de críticas no Japão. Os moradores de Taiji aproveitam para complementar sua renda e ainda vendem jovens animais capturados para aquários de vários países. O assunto é abordado pelo premiado documentário The Cove