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Aquicultura sustentável, uma opção para a segurança alimentar

2 jul 2014 - 20h11
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A pesca está com os dias contados? Diante do alarmante esgotamento das reservas pesqueiras do planeta, a aquicultura e outras tecnologias oferecem uma alternativa mais sustentável para explorar os oceanos, com o objetivo de garantir a segurança alimentar, garantem especialistas.

Está previsto que em 2050 começará um declínio do nível da pesca silvestre.

Mais de 65% das reservas pesqueiras do mundo estão plenamente esgotadas ou superexploradas, segundo dados da FAO, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

A estimativa de crescimento da população humana indica "que, sem um aumento considerável da captura de peixes ou aquicultura - que deveria dobrar - vai ocorrer uma escassez crítica para a disponibilidade de proteínas de origem animal e de pesca", explicou à AFP Patricio Bernal, coordenador da Iniciativa de Alto-mar da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUNC, na sigla em inglês).

As "fazendas de peixes", onde os animais nascem de forma controlada, se alimentam e são capturados, aparecem como uma solução para o problema, segundo especialistas internacionais reunidos esta quarta-feira em Santiago do Chile na quinta edição da Iniciativa Azul de Mônaco, impulsionada pelo príncipe Albert II.

"A aquicultura é o futuro. No que diz respeito às terras de cultivo ou à criação de gado, não há muito mais que possamos fazer, mas precisamos começar a olhar para os oceanos, que têm tanto para oferecer", disse à AFP Roy Palmer, da Associação Internacional de profissionais do marisco, que reúne pescadores, cientistas e comerciantes deste recurso.

Para Palmer, o exemplo mais claro deste potencial está no Delta do Rio Mekong, no Vietnã, onde se produz o peixe-panga, um pescado de carne branca, exportado para vários países, como os europeus, que fizeram dele um produto básico.

"Esta pequena área produz mais peixe nas águas doces do que todo o pescado capturado na água (marinha) e cultivado em toda a Austrália e Nova Zelândia juntas", disse Palmer à AFP.

No entanto, nem todas as espécies são igualmente sustentáveis em sua criação, nem poderão saciar a demanda de proteínas de uma população mundial que cada dia cresce e consome mais.

O salmão, peixe mais cultivado no Chile sob métodos de aquicultura e uma de suas estrelas de exportação, precisa ser alimentado com farinha e óleo de peixe, o que aumenta seu custo final e o torna mais inacessível.

Algo que não acontece com os peixes herbívoros, como a tilápia ou os peixes-gato, que se alimentam de forma autônoma e são mais baratos.

Outra alternativa é melhorar as condições do sistema oceanográfico e biológico marinho para produzir mais biomassa e alimento para os peixes, assegurando assim a conservação dos recursos marinhos.

Com este objetivo, uma das propostas chilenas é a criação de recifes artificiais.

"As larvas (nr: alevinos) de algumas especies precisam de um lugar para se assentar, um substrato duro, e são limitados. No mar, há muito espaço, mas não há rochas suficientes. São como as pessoas, precisam de um lar", explicou Victor Gallardo, da chilena Universidade de Concepción.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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