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Posturas se confrontam na reta final da COP21

8 dez 2015 - 17h32
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Os países em desenvolvimento, líderados por Índia e China, exigiram nesta terça-feira que as nações ricas assumam o maior peso do acordo climático que se espera aprovar na sexta-feira na Conferência do Clima de Paris (COP21).

Enquanto as negociações entram em sua reta final, os países do grupo conhecido como Basic - Brasil, China, Índia e África do Sul - traçaram publicamente suas linhas vermelhas, para o que seria o primeiro acordo verdadeiramente global de redução de emissões de gases do efeito estufa.

Quase uma hora após essa aposta, a União Europeia (UE) e os 79 países que formam o grupo África, Caribe e Pacífico (ACP, sigla em inglês) anunciaram uma aliança a favor de um acordo "legalmente vinculativo, inclusivo, justo, ambicioso, sustentável e dinâmico", em palavras do comissário europeu Miguel Arias Cañete.

Cañete disse várias vezes que é necessário atualizar a divisão de responsabilidades para que economias potentes consideradas em desenvolvimento, como China e Índia, contribuam mais à luta contra a mudança climática.

"Estas negociações não são sobre 'nós' e 'eles'. Estas negociações são sobre todos nós, tanto os países desenvolvidos como aqueles em desenvolvimento, buscando um terreno comum e soluções juntos", enfatizou o comissário.

O certo é que a força real negociadora da frente UE-ACP é limitada em comparação à postura de obstrução da Índia, a rejeição chinesa a questões-chave e a negação dos Estados Unidos em aceitar um acordo vinculativo.

Um ponto em comum entre UE e ACP é a aposta aberta por um acordo ambicioso, por isso que seus membros afirmam com que não exercerão um bloqueio, dado que qualquer acordo sobre a mesa será melhor do que nada para seus negociadores, o que os coloca em uma posição de maior fraqueza, disseram à Agência Efe fontes diplomáticas.

As negociações desta semana estão nas mãos dos ministros, ou seja, em um plano político de alto nível no qual é preciso resolver as questões mais espinhosas e coincidir posturas para poder esclarecer os avanços em uma minuta do pacto amanhã.

Segundo fontes consultadas pela Efe, essa possibilidade pode se complicar, o que abre as portas para que a cúpula se prolongue além da meia-noite da sexta-feira, como já ocorreu em algumas ocasiões anteriores.

O dia transcorreu com uma sucessão de reuniões bilaterais, onde Estados Unidos e China continuam a ter a chave do acordo, segundo várias fontes consultadas, enquanto de vez em quando são realizadas reuniões com todas as partes para tentar um acordo.

Isto gerou também um enfrentamento com outras partes envolvidas de maneira menos intensa na "cozinha" da cúpula, em particular com os países que tradicionalmente se inclinam por um acordo-base, como os da Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba), Malásia e Rússia.

A transparência também é uma questão fundamental dentro do projeto do futuro acordo e um ponto em que vários países, como China e Índia, se mostram especialmente duros quanto a suas potenciais obrigações de informar sobre o que fazem.

Uma possível saída seria a possibilidade de Pequim aceitar um sistema de "transparência reforçada", embora a UE lute por um "mecanismo único de transparência", ou seja, um sistema que se aplique igualmente a todos os países, com uma certa margem de flexibilidade para as nações menos desenvolvidas.

No entanto, os países em desenvolvimento, liderados pelos Basic, pedem que sejam impostas diferentes obrigações e exigências às nações ricas, perpetuando assim o esquema do Protocolo de Kioto e questionando o alcance global do possível acordo de Paris, segundo as fontes.

A mesma é mantida em outra discussão essencial, a do financiamento. A China estaria disposta a incluir uma referência no acordo sobre a necessidade de ampliar a base de doadores ao financiamento contra a mudança climática, uma reivindicação fundamental para a UE.

Pequim daria este passo sempre e quando estiver sobre bases voluntárias, o que significa que a parte obrigatória só seria assumida pelos países desenvolvidos, que deveriam "assumir a liderança" nesta questão, disseram à Efe fontes diplomáticas.

EFE   
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